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PROPAGAÇÃO DE INFECÇÕES ODONTOGÊNICAS, VIA SECUNDÁRIA

Por:   •  2/6/2017  •  Trabalho acadêmico  •  2.170 Palavras (9 Páginas)  •  2.189 Visualizações

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GENERALIDADES:

As infeccções odontogênicas podem se propagar de quatro formas: 

Por continuidade - se estabelece a medida que os tecidos adjacentes ao foco infeccioso são atingidos. Por exemplo, a infecção se origina no dente, invade o tecido ósseo adjacente perfura uma cortical e se propaga pelo tecido conjuntivo frouxo.

Via linfática - ocorre por meio dos capilares linfáticos envolvidos no trajeto da drenagem linfática. Seu tamanho aumenta e se tornam palpáveis e doloridos.

Via sanguínea - acontece através da corrente sanguínea, principalmente pelo sangue venoso.

Ao longo de bainhas nervosas - pouco frequente, quando ocorre alcança regiões distantes ao longo do seu trajeto.

ORIGEM DAS INFECÇÕES ODONTOGENICAS

Os processos infecciosos possuem duas origens principais: a partir dos tecidos periapicais, resultante de uma necrose pulpar com consequente invasão bacteriana nessa área; e a partir dos tecidos periodontais, como resultado de uma bolsa periodontal, na qual as bactérias invadem os tecidos adjacentes.Quando o processo atinge a região periapical ele tende a se espalhar para todos os lados procurando as regiões de menos resistência. O processo irá se espalhar pelo osso esponjoso da mandíbula e da maxila até encontrar uma cortical óssea. A partir daí a infecção tentará invadir essa cortical, espalhando-se pelos tecidos mais adjacentes. Dois fatores anatômicos determinantes que devem ser levados em consideração em relação à localização inicial das infecções odontogênicas, são: a espessura óssea em torno dos ápices radiculares e a relação do local de perfuração óssea com as inserções musculares na maxila e na mandíbula. Deve-se ter em mente a localização do ápice radicular no sentido vestíbulo-lingual, observando de qual tábua óssea esse se aproxima.

LOCALIZAÇÃO DOS ABCESSOS INICIAIS

Maxila: Infecções geradas em dentes SUPERIORES apresentam abcessos VESTIBULARES. EXCESSÕES = Os INCISIVOS LATERAIS apresentam raiz inclinada para o PALATO, a raiz LINGUAL dos 1° PRÉ -MOLAR.

Inserções musculares  

1)INCISIVOS se relacionam VESTIBULARMENTE com o M. ORBICULAR DA BOCA, com ápices abaixo deste.

2) CANINOS se relacionam VESTIBULARMENTE com o M.LEVANTADOR DO ÂNGULO DA BOCA, com ápices acima ou abaixo deste músculo, CASO A RAIZ SEJA LONGA ele se localiza acima do M. o que pode provocar infecções no ESPAÇO CANINO.

3) PRÉ MOLARES E MOLARES se relacionam com o M.BUCINADOR, com ápices, geralmente, abaixo deste músculo. MAS os MOLARES podem romper a parede vestibular acima do M. causando infecção do ESPAÇO BUCAL.

Mandíbula

Abcessos originados dos INCISIVOS, CANINOS E PRÉ- MOLARES em geral drenam para a PAREDE VESTIBULAR.  Na região dos MOLARES as infecções perfuram a PAREDE LIGUAL.

O PRIMEIRO E O SEGUNDO MOLAR podem drenar na VESTIBULAR e na LINGUAL, mas geralmente drenam para a lingual, e o TERCEIRO MOLAR quase sempre drena para a LINGUAL. O M. MILO-HIÓIDEO determinará a localização dos abcessos linguais. Em drenagens acima do M., os abcessos seguirão ao ESPAÇO SUBLINGUAL mas se for abaixo os abcessos seguirão para o ESPAÇO SUBMANDIBULAR.  Devido a linha MILO-HIÓIDEA, à medida que se caminha para a DISTAL aumentam as chances do ESPAÇO SUBMANDIBULAR ser afetado.

Infecções dos Espaços Fasciais

Grande parte das infecções odontogênicas são de pequeno porte sendo localizadas principalmente no vestíbulo bucal ou em áreas previsíveis e quando não são tratadas de modo adequado, elas tendem a progredir e se espalhar para os tecidos adjacentes ocasionando doenças mais graves.  E uma via de propagação é através da invasão dos espaços fasciais e estes espaços possuem características comuns:

São áreas bem delimitadas por fáscias e músculos;

Os espaços fasciais no indivíduo são virtuais, ou seja, são preenchidos por tecido conjuntivo frouxo, tecido adiposo, ou por estruturas neurovasculares, e devido principalmente a ser preenchido por tecido conjuntivo frouxo, acarreta em uma baixa capacidade de defesa, além de os espaços serem mal-irrigados. Quando há infecções, as fáscias que delimitam estes espaços podem ser perfuradas e irão espalhar-se pelo espaço fascial, preenchendo-o.

Espaços Fasciais Secundários

Localizam-se posteriormente em relação à maxila e à mandíbula e mantém íntimo contato com os espaços fasciais primários onde, se ocorrer uma infecção não tratada, pode acarretar em uma infecção nos espaços secundários, que são mais severas e perigosas.
Pergunta: Explique o motivo das infecções nos espaços secundários serem mais perigosas.

Espaço Massetérico

Limitado medialmente pelo ramo da mandíbula e lateralmente pelo músculo masséter.
É atingido por infecções originadas do espaço bucal e tem como sinais clínicos um leve inchaço em torno do ângulo da mandíbula e trismo.

Espaço Pterigomandibular

O espaço PTERIGOMANDIBULAR é limitado MEDIALMENTE pelo M. PTERIGOIDEO MEDIAL, LATERALMENTE pelo RAMO DA MANDÍBULA e SUPERIORMENTE pelo M. PTERIGOIDEO LATERAL. As CAUSAS da infecção deste espaço são advindas, principalmente, dos espaços SUBLINGUAL E SUBMANDIBULAR, mas podem ocorrer através da contaminação de agulhas que vão fazer a ANESTESIA dos N. ALVEOLAR INFERIOR e LINGUAL. As infecções nesse espaço geralmente não apresentam inchaço significativo e gera TRISMO pelo envolvimento dos M. PTERIGOIDEO MEDIAL E LATERAL.

TRISMO = hipomobilidade mandibular, o paciente apresenta dificuldade na abertura bucal e na mobilidade muscular.

ESPAÇOS TEMPORAIS PROFUNDO E SUPERFICIAL

O espaço temporal é limitado medialmente pelo soalho da fossa temporal e espaço infratemporal mais abaixo. É limitado lateralmente pela fáscia temporal e pelo espaço massetérico mais abaixo. O músculo temporal divide o espaço temporal em: espaço temporal superficial (entre o músculo temporal e a fáscia temporal0 e espaço temporal profundo (entre o músculo temporal e o soalho da fossa temporal).

Estes espaços são atingidos apenas em infecções muito graves, pois as infecções provenientes do espaço massetérico e pterigomandibular tendem a dirigir-se inferiormente. Ocorre inchaço na região temporal e trismo muscular (contração dolorosa, involuntária, dos músculos da mandíbula).

Espaço Mastigador

Utiliza-se o termo Espaço Mastigador quando nos referimos aos espaços massetérico, pterigomandibular e temporais, em conjunto. E este espaço é dado como único, porque estes espaços estão interligados pelos músculos e fáscias mastigadoras além de se comunicarem livremente. E também são ocupados por tecido conjuntivo frouxo e pelo corpo adiposo mastigador. Entre o músculo bucinador e o masseter, lateralmente ao bucinador, delimita-se o espaço bucal. E a parte do corpo adiposo mastigador que preenche este espaço é chamado de corpo adiposo da bochecha, que é bem desenvolvido na criança e é importante no mecanismo de sucção. O músculo temporal ajuda a delimitar dois espaços: o espaço temporal superficial que é localizado entre o músculo e a fáscia temporal, e o espaço temporal profundo que é localizado entre o músculo e o crânio. Inferiormente observa-se o espaço pterigomandibular, localizado entre a mandíbula e o m. pterigoideo medial. Neste espaço encontram-se parte do corpo adiposo mastigador, nervo lingual e alveolar inferior (V/3) que são anestesiados neste espaço. E o espaço massetérico, localizado entre o masseter e a mandíbula. O corpo adiposo mastigador alcança este espaço através da incisura da mandíbula e anteriormente ele se comunica com o corpo adiposo da bochecha. Deve-se ressaltar que o corpo adiposo mastigador é importantíssimo pois ele vai estar presente nos espaços bucal, temporal profundo e superior, infratemporal, pterigomandibular e massetérico. Lembrando que que eles comunicam-se entre si livremente e por isso quando há infecções odontogênicas podem atingir um ou todos esses espaços.  Por isso deve-se saber relacionar estes espaços para quando fizerem as incisões para drenagem de abscessos.

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