O Ranário Criação de Rãs
Por: Marcos Martins • 1/10/2018 • Trabalho acadêmico • 4.224 Palavras (17 Páginas) • 361 Visualizações
1. Mercado
A ranicultura é praticada no país desde 1930, houve um crescimento acelerado na última década devido, principalmente, ao aperfeiçoamento de manejos e das instalações de criação, além do desenvolvimento tecnológico. O Brasil é pioneiro no cultivo intensivo em cativeiro, mas a atividade ganhou impulso somente nos anos 90. Atualmente, o Brasil possui um papel de destaque na produção ranícola mundial, sendo considerado o maior produtor de rãs em sistema intensivo do mundo (GUIMARÃES, 2016).
Os Estados Unidos, China e França representam os maiores consumidores comerciais de carne de rã, sendo que apenas a China produz e exporta esse produto. No Brasil, a carne de rã ainda é considerada uma carne exótica, porém, tem ganhado espaço por ser um alimento de baixo valor calórico e com baixo teor de lipídios, além de sua proteína conter um alto valor biológico, possui todos os aminoácidos essenciais ao ser humano e tem o menor potencial alergênico entre as carnes. (MUNIZ, 2012).
No mercado internacional, a carcaça não é bem aceita, apenas as pernas possuem um maior valor de mercado, sendo mais comum encontrar a versão congelada no varejo. Alguns consumidores podem estranhar a carcaça por não ser parte do seu hábito alimentar, então para incentivar o consumo a Embrapa tem desenvolvido produtos com valor agregado como carne de rã desfiada, salsicha de rã e patê de carne de rã. (MUNIZ, 2012).
1.2. Objetivo
Elaboração e implantação de um criadouro comercial de Rã Touro (Lithobates catesbeianus)
1.3. Justificativa
A ranicultura passa por um momento positivo. Existem projetos que buscam estabelecer uma rede entre os membros da cadeia produtiva para a troca de informações, capacitação e treinamentos para fortalecer mais esse ramo de produção no Brasil.
O mercado de produtos da ranicultura vem crescendo gradativamente, principalmente por exigir um baixo investimento inicial (R$ 25.000,00) e por possuir um bom valor de mercado e com rápido retorno com receita mensal de R$ 3.000,0.
As rãs se proliferam rapidamente, cada fêmea produz, em média, cinco mil ovos e se adaptam bem ao clima quente e úmido. Em ranários com uma boa estrutura e manejo correto, é possível produzir 1 kg de rã viva por mês para cada metro quadrado de área construída. O manejo mostra-se como um dos mais ambientalmente corretos, caracterizando-se como um ramo comercial sustentável e para a sua produção é necessária uma área pequena em comparação a outros tipos de aquiculturas.
A carne de rã possui ótima palatividade, sendo considerada uma verdadeira iguaria e o consumidor está disposto a pagar um valor considerável por esta carne, tida como uma das mais finas, nutritivas e saudáveis.
1.4. Comercialização
O projeto prevê a venda do animal vivo na fase adulta para frigorífico. Sendo o peso mínimo, indicado para abate, de 220 gramas.
2. Espécie/Raça
Rã Touro Americana - Lithobates catesbeianus
Atualmente a rã touro é a única espécie utilizada pelos ranários comerciais brasileiros. De origem americana, chegou ao Brasil em meados dos anos 30. Essa espécie demonstra uma ótima capacidade de se adaptar a diferentes tipos climáticos brasileiros. Possui uma alta produtividade, desenvolvimento precoce e altos níveis de prolificidade comparada com as demais espécies. Por ser uma espécie rústica, demanda um manejo facilitado o que pode dar um maior lucro ao produtor (FERREIRA et al., 2002).
A produção e desenvolvimento desta espécie no Brasil apresenta-se superior à do seu país de origem. Comparando o desempenho da mesma para as condições brasileiras, nota-se que em média as fases de girino e engorda não ultrapassam sete meses, sendo que na América do Norte este mesmo desempenho chega a durar cerca de quatro anos. (FERREIRA et al., 2002).
As rãs são animais ectotérmicos, ou seja, necessitam do ambiente como fonte de calor, e pecilotérmicos, que não possuem um mecanismo interno que regule a temperatura interna. Assim, a temperatura e o metabolismo de seu corpo variam de acordo com a temperatura do meio onde vivem (NASCIMENTO et al., 2013). As variações de temperatura ambiente afetam o consumo de alimentos e consequentemente seu crescimento. Em baixas temperaturas, as rãs diminuem muito o consumo de alimentos e sua taxa de crescimento. Podem parar de alimentar-se quando há frio contínuo (FIGUEIREDO et al., 2001; LIMA, 2001). A diferença no tempo de engorda dos animais nas diversas regiões climáticas é atribuída principalmente à temperatura média de cada região (LIMA; AGOSTINHO, 1992). A faixa ideal para um desenvolvimento ótimo da rã-touro é entre 25° C. e 28° C. (MAZZONI, 2001). Entre 18° C. e 25° C. o animal cresce mais lentamente e paralisa suas atividades, e entra em hibernação em temperaturas abaixo de 10° C.
3. Sistema de Produção
Sistema de produção Intensivo:
Apesar de ser um sistema que exige um investimento maior e mão de obra mais qualificada, o sistema intensivo possui diversas vantagens. Ele permite uma maior vigilância e controle sobre todos os animais, possibilita controlar os acasalamentos de acordo com o desejo do criador; aumenta a porcentagem de eclosão; diminui a mortalidade de embriões, girinos, rãs jovens e adultos, permite uma boa seleção dos reprodutores; facilita a captura; o manejo e o descarte; evita ou diminui muito os predadores, bem como os competidores; possibilita melhores condições para a alimentação e permite maior aproveitamentos das áreas por um maior povoamento. (Fonte: Rãs Exploração intensiva, Márcio Infante Vieira)
4. Legislação
A produção de rãs requer uma legislação particular e cuidados que deverão ser feitos pelo produtor. Em primeiro lugar, é necessário organizar toda a documentação do terreno e consultar a permissão do ranário nesta área e em seguida, consultar o órgão responsável DAEE - Departamento de Águas e energia Elétrica e solicitar a utilização da água para criação de Rãs no Estado de São Paulo.
Com estes documentos em mãos, o proprietário deve encaminhá-los para a Secretaria de Agricultura do Estado solicitando assim a autorização de funcionamento.
No setor fiscal o primeiro passo será contatar a prefeitura local, comunicando o interesse no desenvolvimento desta atividade, que por sua vez encaminhará o empresário ao setor fiscal a fim de registrá-lo como produtor rural e emitindo as respectivas notas
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