A Caprinocultura e Ovinocultura
Por: Mariana Martins • 4/12/2018 • Pesquisas Acadêmicas • 5.462 Palavras (22 Páginas) • 501 Visualizações
Introdução
A Caprinocultura e Ovinocultura são atividades desenvolvidas em diversas regiões do país, sustentando pequenos e grandes produtores. A maior concentração de rebanho de caprinos se localiza no Nordeste, portanto é importante dar atenção às enfermidades que acometem nesses animais, pois pode ocasionar prejuízos para os criadores.
A Linfadenite Caseosa é uma doença infectocontagiosa causada pela bactéria Corynebacterium psedoutubercolosis, que acomete caprinos e ovinos formando abscessos nos linfonodos superficiais ou internos e nos órgãos, contendo pus de cor amarelo-esverdeado e consistência tipo queijo coalho (ALVES; PINHEIRO, 1997).
Este trabalho apresenta o que é a Linfadenite, como ocorre a transmissão da doença, os sinais clínicos, o potencial zoonótico, como é o diagnóstico, o tratamento, o controle, prevenção, a ocorrência e os prejuízos econômicos. Sendo fundamental o total conhecimento de tudo que é abordado, para combater essa enfermidade.
Linfadenite em Caprinos e Ovinos
A Corynebacterium pseudotuberculosis, agente etiológico da Linfadenite Caseosa, foi descrita pela primeira vez por Nocard em 1888, a partir de um caso de linfangite bovina. Alguns anos depois, o bacteriologista búlgaro Hugo vonPreïsz também identificou uma bactéria similar em um abcesso renal de uma ovelha (MARTINS; ALVES; PINHEIRO, 2014).
A partir daí o microrganismo passou a se chamar o bacilo “Preïsz – Nocard”. No final do século 19, dois bacteriologistas alemães, Lehmann e Neumann, descreveram a bactéria e o bacilo foi renomeado para Bacillus pseudotuberculosis, que em grego significa falsa tuberculose, relacionando a suposta similaridade clínica das lesões a nódulos de tuberculose micobacteriana (MARTINS; ALVES; PINHEIRO, 2014).
A Linfadenite Caseosa (LC) é uma doença infecto - contagiosa causada pela bactéria Corynebacterium psedotubercolosis. Acomete caprinos e ovinos e caracteriza-se pela formação de abcessos nos linfonodos superficiais ou internos e nos órgãos, contendo pus de cor amarelo -esverdeado e consistência tipo queijo coalho (ALVES; PINHEIRO, 1997).
A doença apresenta-se em duas formas, a superficial e a visceral. Os abscessos localizam-se, inicialmente, nos gânglios superficiais, podendo ser na região da mandíbula, abaixo da orelha, na escápula, no crural e na região mamária. Apresenta- se, também, nos gânglios internos (mediastínicos, torácicos) e em órgãos como os pulmões, o fígado e, em menor escala, o baço, a medula, o cérebro e o sistema reprodutivo (ALVES; PINHEIRO, 2000).
A respeito do agente transmissor dessa doença a C. pseudotuberculosis caracteriza-se como um bacilo Gram-positivo curto e irregular, medindo 0,5 a 0,6 µm por 1 a 3 µm, podendo apresentar aspecto cocoide, mostrando-se isolado ou formando grupamentos irregulares ou em paliçada. São imóveis, anaeróbios facultativos, fermentativos e não formam esporos (ALVES et al., 2007).
A partir do local de penetração, a bactéria é levada por macrófagos aos linfonodos locais. A parede do micro-organismo é recoberta por ácido micólico, uma molécula que apresenta efeitos citotóxicos sobre os fagócitos, impedindo a sua destruição e permitindo sua sobrevivência como parasita intracelular facultativo. Além disso, a natureza tóxica dessa molécula contribui para a formação do abscesso. Um fator de virulência do C. pseudotuberculosis a ser considerado é a fosfolipase D, que apresenta capacidade de hidrolisar membranas de células eucariotas, favorecendo a invasão microbiana nos tecidos do hospedeiro, e a disseminação para outros locais e órgãos. (MARTINS; ALVES; PINHEIRO, 2014).
Em qualquer órgão que a bactéria se instale surge secreção purulenta de coloração branca -amarelada, a qual é produzida continuamente, fazendo com que o abscesso possua grande diâmetro. Esses abscessos internos frequentemente aparecem em pulmões e fígado, provocando problemas respiratórios e hepáticos (TURINO, 2006)
O Nordeste é a Região brasileira onde observa-se a maior frequência desta enfermidade, devido à grande concentração destes pequenos ruminantes, da vegetação contendo espinhos e da falta de orientação adequada aos criadores de caprinos e ovinos, quanto a sanidade de seu rebanho. Estes fatores são de grande relevância na transmissão e disseminação desta doença (ALVES; PINHEIRO,1997).
Transmissão da Doença
A disseminação do agente etiológico desta doença no meio ambiente deve-se à ruptura dos abscessos, cujo material segregado contém um elevado número de microrganismos viáveis. A habilidade desta bactéria em sobreviver no solo por um período longo confirma a presença constante deste agente nos criatórios (ALVES; PINHEIRO, 1997).
Por meio de estudos foi comprovado que a transmissão da Linfadenite em ovinos e caprinos ocorre, principalmente, através de ferimentos na pele. A grande população de caprinos está concentrada na região Nordeste do Brasil, cerca de 93% da caprinocultura nacional (SANTOS; AHID; SUASSUNA, 2006).
Devido a isso, a incidência de linfadenite nesta região é maior, fato comentado anteriormente, e isso pode ser explicado devido ao tipo de vegetação presente nessa região, onde é comum pequenas árvores que contêm muitos espinhos, isso pode causar ferimentos nos animais e como consequência facilitar a transmissão do patógeno para animais sadios ou depositar esse patógeno em diversas áreas da propriedade.
Pelo fato do caprino ser um animal mais rústico e de baixo custo, muitas vezes o produtor se esquece que ele precisa de certos cuidados no manejo, sendo ele sanitário ou nutricional. Um estudo realizado por PINHEIRO et al. (2000) no Ceará, constatou que o manejo sanitário dos caprinos é precário. Independentemente do tipo de exploração ou regime de criação, a mortalidade de animais, principalmente de jovens, é considerada alta e mesmo nos criatórios com exploração leiteira não existe uma preocupação rigorosa com higiene e qualidade do leite. Se o manejo for realizado de modo eficiente, o produtor poderá evitar ou diminuir muito a incidência de diversas doenças no seu rebanho.
O produtor deve se atentar ao período de sobrevivência desse patógeno em diversos objetos de modo a evitar que o animal sadio entre em contato com esse material e ou outros animais que foram expostos ao conteúdo dos abscessos.
De acordo com ALVES; PINHEIRO (1997), A sobrevivência e a persistência do microrganismo, em relação ao tempo em diferentes objetos, são as seguintes:
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Outros fatores, como concentração de animais, ferimentos na pele e umidade, concorrem altamente para a transmissão da doença. Quando um animal infectado é introduzido num rebanho livre da doença, dentro de dois a três anos ocorre uma alta incidência do aparecimento de abscessos em todo o rebanho (ALVES; PINHEIRO, 1997).
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