AVALIAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO DE PENTOXIFILINA SOBRE MODIFICAÇÕES OXIDATIVAS DE PROTEÍNAS PELO PROCESSO INFLAMATÓRIO EM MÚSCULO DE ANIMAIS COM CAQUEXIA INDUZIDA POR TUMOR DE WALKER-256

AVALIAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO DE PENTOXIFILINA SOBRE MODIFICAÇÕES OXIDATIVAS DE PROTEÍNAS PELO PROCESSO INFLAMATÓRIO EM MÚSCULO DE ANIMAIS COM CAQUEXIA INDUZIDA POR TUMOR DE WALKER-256

EVALUATION OF TREATMENT WITH PENTOXIFYLLINE ON OXIDATIVE PROTEIN CHANGES BY INFLAMMATORY PROCESS IN MUSCLE ON ANIMALS WITH CACHEXIA INDUCED BY TUMOR WALKER-256

Thiago Brito Gomes¹ (IC/Fundação Araucária), Flávia Alessandra Guarnier³, Fernanda Paschoal Blegniski², Rubens Cecchini³ (orientador)

¹ - Discente do curso de Ciências Biológicas, Universidade Estadual de Londrina.

² - Programa de pós - graduação em Patologia Experimental, Universidade Estadual de Londrina.

³ - Docente do Departamento de Ciências Patológicas, Universidade Estadual de Londrina.

RESUMO

Este trabalho tem como objetivo Investigar o comportamento de proteínas oxidativamente modificadas pelo processo inflamatório no músculo de ratos, em um modelo de perda de massa muscular induzida pelo câncer. Foram utilizados ratos Wistar machos (200-250g), divididos em quatro grupos de animais: grupo controle sem administração da droga (C), grupo controle com a administração da droga (100mg/kg de pentoxifilina i.p. por 5 dias - CPTX), grupo tumor sem administração da droga (administração subcutânea de 8,0 x 107 células tumorais em 500uL de PBS - TU), e grupo tumor com administração da droga. (TUPTX, 100mg/kg de pentoxifilina i.p. por 5 dias). Os animais foram pesados ao início e final dos 5 dias para determinação do índice de caquexia, quando foram eutanasiados, o tumor e o músculo gastrocnêmio retirados e pesados. No momento do uso, o músculo gastrocnêmio foi descongelado, homogeneizado, e a quantificação de produtos avançados de oxidação de proteínas (AOPP) realizada. Como resultados, o grupo TU apresentou índice de caquexia de 10,16 ± 1,6%, enquanto que os animais TUPTX demonstraram reversão parcial do quadro de caquexia (5,95 ± 1,7%) quando comparados aos seus respectivos controle (C e CPTX, respectivamente). A massa do tumor não revelou diferença significativa entre os grupos. A massa do músculo gastrocnêmio não mostrou diferença entre os grupos controle. No entanto, o grupo TU apresentou redução significativa da massa do músculo (931,67 ± 6,3mg) em relação ao C (1135,66 ± 5,9mg). O tratamento com PTX reverteu parcialmente a perda de massa no grupo TUPTX (995,5 ± 7,3mg). Os produtos avançados de oxidação de proteínas demonstraram estar significativamente diminuídos no grupo TU em relação ao CTR. O tratamento com pentoxifilina não mostrou efeito neste parâmetro. Desta forma, o tratamento com pentoxifilina é capaz de reverter parcialmente a caquexia e a perda de massa muscular, mas não tem influência sobre a modificação de proteínas pelo processo inflamatório.

Palavras-chave: câncer, músculo esquelético, pentoxifilina.

ABSTRACT

This study aims to investigate the behavior of proteins oxidatively modified by inflammation in the muscle of rats in a model of muscle wasting induced by cancer. Were used male Wistar rats (200-250g) divided into four groups of animals: control group without drug administration (C), control group with drug administration (CPTX 100mg / kg pentoxifylline ip for 5 days), tumor group without drug administration (subcutaneous injection of 8.0 x 107 tumor cells in 500ul PBS - TU), and tumor group with administration of the drug. (TUPTX, 100 mg / kg for 5 days ip pentoxifylline). The animals were weighed at the beginning and end of the 5 days to determine the rate of cachexia, when they were euthanized and the tumor and the gastrocnemius muscle removed and weighed. Upon use, the gastrocnemius muscle was thawed, homogenized, and the quantification of advanced oxidation protein products (AOPP) performed. As a result, the TU group showed cachexia index of 10.16 ± 1.6%, while TUPTX animals showed a partial reversal of cachexia (5.95 ± 1.7%) when compared to their respective control (C and CPTX, respectively). The tumor mass showed no significant difference between groups. The mass of the gastrocnemius muscle showed no difference between the control group. However, the TU group showed significant reduction in muscle mass (931.67 ± 6,3mg) compared to C (1135.66 ± 5,9mg). Treatment with PTX partially reversed the loss in mass TUPTX (995.5 ± 7,3mg) group. Advanced oxidation products of proteins shown to be significantly decreased in the TU group compared to CTR. Treatment with pentoxifylline showed no effect on this parameter. Thus, treatment with pentoxifylline is able to partially reverse the cachexia and muscle loss, but has no influence on protein modification by the inflammatory process.

Keywords: câncer, skeletal muscle, pentoxifylline.

INTRODUÇÃO

A caquexia, do grego, “kakos” - “mau” e “hexis” - “estado”, é uma síndrome associada à perda de massa muscular, à reduzida ingestão de alimento, à diminuição de atividade física e à acelerada degradação de proteínas (LANGSTEN; NORTON, 1991; WALSMITH; ROUBENOFF, 2002). Está presente em muitas doenças crônicas tais como: câncer, AIDS, insuficiência cardíaca crônica, falência pulmonar crônica, cirrose hepática, insuficiência renal, artrite reumatóide, sepse etc.

A síndrome da caquexia, presente em cerca de 80% dos pacientes portadores de câncer é a maior causa de mortalidade entre estes indivíduos (ALBRECHT; CANADA, 1996) e a segunda maior (23%) em relação ao total de mortes por ano, perdendo somente para as doenças cardiovasculares. A cada ano, mais de um milhão de indivíduos descobrem que possuem algum tipo de câncer nos EUA (LANDIS et al., 1998).

Intensas modificações metabólicas como redução da eficiência metabólica do hospedeiro, gliconeogênese aumentada, desacoplamento da fosforilação oxidativa e depleção de proteína muscular e de lipídeos, ocorrem durante o progressivo crescimento tumoral, levando à debilidade do paciente com câncer (FEARON; MOSÉS, 2002). Além disso, ocorre também angústia psicológica e depressão, diminuindo a qualidade e expectativa de vida.

Embora freqüentemente pacientes com câncer com quadro de caquexia apresentem anorexia, este estado é insuficiente para justificar a perda excessiva de massa corporal. As mudanças na composição corporal diferem entre as duas síndromes e a perda de tecido adiposo geralmente antecede a diminuição de ingestão alimentar.

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