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Arte Contemporanea

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Por:   •  11/9/2012  •  347 Palavras (2 Páginas)  •  1.712 Visualizações

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Conforme se percebe, Freyre desconsidera a violência da escravidão, as relações muitas vezes forçadas entre senhores e escravas e a própria política colonial para a ocupação da colônia. Vainfas descreve que, na impossibilidade de remeter um grande contingente de portugueses da metrópole para povoar as terras descobertas, a solução foi miscigenar a população e assim habitar o território. Isso é bem descrito por Darcy, ao afirmar, por exemplo, que a maior parte das bandeiras paulistas do século XVII era composta por "brasilíndios" filhos de colonos com indígenas, bem como reforça-se a presença de mulatos, que desde a nascença, raramente aceitos por seus pais brancos, tornavam-se escravos.

Não se nega a visão de Freyre a respeito da miscigenação; o que se faz é apenas contrariá-la com a realidade dos fatos: nem tudo era belo no Brasil Colonial. Cabe aqui fazer um parênteses a respeito da obra de Freyre: não se pode esquecer que ele pertencia a uma rica família aristocrata de Pernambuco. Escreveu sua obra máxima, Casa Grande e Senzala, após a Revolução de 1930, que procurou tirar o poder das mãos dessa reduzida classe a qual ele pertencia. Seu livro, segundo Carlos Guilherme Mota, é uma tentativa das elites regionais de tentar compreender e se situar nessa nova realidade brasileira. Portanto, podemos afirmar que, com a visão de que as relações entre negros e senhores no Brasil Colonial tinham momentos de afetividade, reciprocidade e conseqüente miscigenação cultural, Freyre quer provar que essa elite, no mundo colonial, não era perversa ou dominadora como muitos lhe apregoavam. Pelo contrário: sabia viver em harmonia com seus escravos. Daí seu interesse em retratar minuciosamente a vida na Casa-Grande e afirmar que todo brasileiro traz no sangue uma herança negra, exatamente em virtude dessa amigável mistura de culturas diferentes que se processa no Brasil Colonial. E nesse mesmo caminho justifica-se ele não considerar a existência de contradições de classe e raça.

A visão freyreana do mundo colonial foi uma novidade em sua época e importante para os estudos, mas carrega um certo cunho aristocrático, defensor das velhas oligarquias e que esconde detalhes dessa realidade.

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