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CASTELO DE CARTAS De Alan Coletto

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Por:   •  24/3/2015  •  594 Palavras (3 Páginas)  •  652 Visualizações

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Acordei sem pensar em ti,

De pronto vi que ainda era sonho.

Vi, porque desperto me trancafio em vontades

E quando não, já sei, são quimeras.

Não posso crer que só em devaneios

É que consigo me olvidar de ti,

Logo onde deveras poderíamos ficar juntos

E realizar o meu querer de te amar.

Porém hoje cedo,

De pronto, vi que era sonho.

Porque era bom,

Porque era limpo, era quase real...

Não fosse leve.

Era diferente do claustro cinza

Em que teu amor me exila,

Dia após dia,

Quando me sinto em pele,

Aqui, nesse mundo de verdade.

Só foi bom porque eu ‘tava’ livre,

Mas, quimera.

Se me refugio bem pra lá de um coxim,

Conforto-me em imagens outras

Como se tu não tivesse, em algum momento,

Rasgado a farda da minha vida

E assediado todas as minhas razões.

O homem em que eu habitava fugiu de medo

E eu fiquei sozinho nisto,

A te ver com essa cara pálida

Que descoloriu minhas vontades

Só pra te ter mais perto.

Pra onde foi aquele muro de pedras que eu era?

Percebes que vivo teus paradoxos

Mesmo não te tendo?

Eu não escolhi assim.

Eu não escolhi assim.

A vida palhaça,

Jogando-me nos teus caminhos à revelia

Como se tudo que até hoje me obstou

Não bastasse,

Ainda me põe à prova dessa forma?

Raspa minhas ventas no teu pescoço quente

E me arremessa de volta pra o fundo de mim?

Onde posso entender

Que isto não foi feito praquilo e vice-versa,

Mas por quê?

Fui empurrado até o esfolar de meus joelhos.

Até o branco dos dentes

Sentir minhas lágrimas no parquê.

Tivessem descido a guilhotina.

Acovardo-me de não crer

Que Alguém me zela lá de cima,

Mas a vontade é de não orar,

Porque alguém merece castigo por isso

E se eu me castigar mais...

Ah Deus, se eu me castigar mais...

Quem vê não sente, não se espanta.

Jogo que não ouvem as gargalhadas desse ardil,

Mas o fim só tem graça

Pra quem não o vive.

Já cansei de me ver pano de chão,

Mesmo ao teu lado, tato a tato.

Recordas-te que vez ou outra me esperançou?

Que destocou um dragão que sofri a domar?

Lembras-te das tuas palavras? Todas aquelas?

Fiz castelos com elas,

Mas de cartas e o vento levou.

Sem embargos da boa memória,

Agora já nem recordo de quem eu falava,

Se de mim ou de você,

Porque não sei quem é quem agora.

Se eu te desfizer eu sumo.

Transportei-me integralmente à ti.

Restou

...

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