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Carlos Chagas

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Por:   •  23/3/2014  •  2.396 Palavras (10 Páginas)  •  1.094 Visualizações

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Carlos Chagas e sua contribuição cientifica e social no inicio do século xx

O começo de sua trajetória de contribuiçoes cientificas e sociais foi marcado pela primeira campanha de erradicação de uma doença, feita por Carlos chagas, a pedido de Oswaldo cruz. Tratava-se da malária, doença transmitido por um mosquito, que era uma das grandes vilãs da população que vivia no litoral paulista. Àquela altura, já se conhecia bem o mecanismo de transmissão, e o plano de Carlos Chagas consistia basicamente em combater o mosquito transmissor da doença, o que foi feito com grande êxito: em três meses a epidemia estava praticamente controlada.

Já de volta a Manguinhos, em 1909 houve a grande descoberta que o faria ficar conhecido mundialmente. Chagas foi convidado para um trabalho que, em aparência semelhante aos que já havia executado, seria, na verdade, uma nova e grande oportunidade em sua vida dedicada à ciência.

A Estrada de Ferro Central do Brasil participava de um grande projeto: unir, por ferrovia, o norte e o sudeste do Brasil, de Belém do Pará ao Rio de Janeiro. As obras, contudo, estavam paralisadas – por causa da habitual malária – na altura do vilarejo chamado Lassance, no sertão mineiro. Chagas, foi novamente indicado por Oswaldo Cruz, seu mentor e chefe, para partir para o local, acompanhado de Belizário Penna, levando inclusive material laboratorial.

Em Lassance, Chagas encontrou numerosos casos de uma doença que nada tinha a ver com a malária. Muitas pessoas queixavam-se daquilo que chamavam de "baticum":palpitações, sensação de que o coração não batia normalmente. E não era imaginação. Havia mesmo muitos casos de insuficiência cardíaca, isto é, situações em que o coração falhava. E havia também casos de morte súbita, provavelmente pela mesma causa.

Naquela época o diagnóstico que se fazia para casos assim era o de sífilis. Esta doença é causada por um germe chamado treponema, que se transmite pelo contato sexual. Em Lassance havia uma fonte evidente de contágio: as prostitutas que acorriam ao lugar para "atender" aos trabalhadores da estrada de ferro. Já a gente do lugarejo, desnutrida, enfraquecida pela malária, não parecia muito chegada ao sexo. E, entre essas pessoas, o número de doentes era muito grande. esse fato chamou a atenção de chagas, que como cientista nata, nao deixou as aparencias o limitarem e foi atrás do real motivo da doença.

ainda às voltas com tantas duvidas, Carlos chagas ouviu falar sobre a grande quantidade de "barbeiros" na cidade. Barbeiro é o nome popularmente dado a insetos cuja aparencia é semelhante a percevejos; são bichos noturnos: de dia escondem-se nas frinchas e frestas das casas de taipa ou pau-a pique, à noite saem para picar os moradores, de cujo sangue se alimentam. Como as pessoas em geral estão cobertas, eles escolhem a face,daí o nome. Uma das atividades que chagas realizou naquela epoca foi exatamente a divulgação da qualidade de vida daquela população do interior, que moravam em casas de pau- a- pique, sujeitas a pobreza extrema e praticamente sem acesso a saude.

Examinando ao microscópio o conteúdo do tubo digestivo desses insetos, Chagas fez uma grande descoberta: havia ali tripanossomos, um parasita composto de uma célula só. Na África, um certo tipo desse parasita causa a doença do sono, assim chamada pela sonolência decorrente do comprometimento do sistema nervoso central. A partir das descobertas a cerca do parasito presente no tubo digestivo do barbero, carlos chagas cogitou a possibilidade de este inseto, e consequentemente parasito estarem envolvidos na doença que se instalava na cidade de Lassance e resolveu verificar experimentalmente em macacos, a possivel capacidade desse parasita infectar mamiferos mas os sagüis da região, freqüentemente infectados, não serviam para isso. Enviou, então, a Oswaldo Cruz alguns barbeiros, pedindo que tentasse infectar os macacos do laboratório – o que Oswaldo fez. Vários dias se passaram, dias de espera ansiosa. E então chegou a mensagem de Manguinhos: um dos macacos adoecera. Chagas partiu imediatamente de volta a manguinhos a fim de caracterizar a presença do tripanossomo. Ao chegar, O cientista colheu o sangue do macaco e examinou ao micrscópio: encontrou o mesmo tripanossomo que verificara nos barbeiros e nos macacos de Lassance, posteriormente denominado Tripanossoma cruzi, em homenagem a Oswaldo Cruz. a partir daí estava provada a infecção de T. cruzi em mamiferos, mas chagas pretendia estudar especificamente o quadro de infecção em humanos. foi entao que em 14 de fevereiro de 1909, foi trazida ao caramanchão onde Chagas às vezes atendia pacientes uma menina de nove meses que apresentava febre alta e inchaço no rosto e no corpo. O caso não era parecido aos de outros doentes de Lassance; mesmo assim Chagas resolveu colher o sangue da menina para analise clinica, o que constatou a presença do Tripanossoma cruzi.

Era o primeiro caso em que comprovava a associação do parasito com a doença – e com isso Chagas completava um trabalho extraordinário, jamais realizado na medicina: ele descobrira uma nova doença, identificara o agente causador e o mecanismo de transmissão.

A repercurssão ocorreu logo apos a divulgação da descoberta em revistas nacionais e estrangeiras. A Academia Nacional de Medicina constituiu uma comissão de renomados médicos para ir a Lassance avaliar de perto o trabalho. Concluída a auditoria, reuniram-se, e foi ali que Miguel Couto propôs: a doença deveria receber o nome de Chagas, seu descobridor. Uma proposta que foi aceita por todos os membros da comissão. Sem demora a doença começou a ser identificada em outros países das Américas. Sucederam-se as homenagens, que culminaram, em 1912, com o Prêmio Schaudinn, uma espécie de Nobel da microbiologia, de cujo júri participaram os nomes mais famosos da área.

Naquele mesmo ano seguiu para a Amazônia acompanhado de uma equipe, a fim de realizar um levantamento dos problemas de saúde da região – trabalho iniciado pelo próprio Oswaldo Cruz. esta missão teve duração de um ano e foi realizada nas condições mais precárias já submetido; muitas vezes dormia ao relento, em redes ou em camas improvisadas.

Ao voltar para o Rio de Janeiro, foi convidado a ir à Argentina, onde sua descoberta era colocada em dúvida por Rudolph Kraus, diretor do Instituto de Bacteriologia de Buenos Aires. Kraus alegava ter encontrado em regiões da Argentina barbeiros com tripanossomos, sem a paralela ocorrência de casos de tripanossomiase em humanos. Chagas ponderou que o parasito talvez ainda não tivesse se adaptado aos seres humanos, ou, em hipótese mais provável, que os médicos não estivessem familiarizados com o diagnóstico

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