Hábitos De Sucção Não Nutritivos

INTRODUÇÃO

O ser humano, desde a vida intrauterina realiza, instintivamente, a sucção dos

Dedos, lábios e língua, de tal maneira que, no momento do nascimento, a função de sucção encontra-se plenamente desenvolvida.

Durante a amamentação, a boca é o órgão mais importante do corpo e torna-se o primeiro contato através do qual a criança obtém o ar que respira e o alimento.

Inicialmente, uma criança não experimenta nenhuma barreira entre o seu próprio “eu” e a mãe, pelo contrário ela sente-se fusionada com a mãe, e denomina-se este fator de simbiose.

Somente após 6-7 meses de idade uma criança começa a descobrir um limite entre si próprio e o ambiente, e a primeira pessoa a desenvolver um formato é a mãe. Um desenvolvimento positivo durante os primeiros seis meses de vida leva a criança a aprender a receber e reter tudo aquilo que lhe é dado, enquanto sua mãe sente-se como doadora. Sentimentos de autoconfiança e confiança através do ambiente e da existência é o início da habilidade de fazer contato. O desenvolvimento negativo pode indicar que uma criança mostra resignação, torna-se apática e indiferente. As conseqüências podem ser insegurança fundamental e insatisfação, incluindo dificuldades no desenvolvimento da habilidade de fazer contatos. Nestes casos, uma chupeta pode freqüentemente funcionar como uma válvula de escape, impedindo o contato social. Pode ser um comportamento aprendido, mas a maioria acredita que deriva de uma necessidade primária, ou ainda, insatisfação na sucção, ou insegurança.

O reflexo da sucção está presente em 100% das crianças normais até 4 anos. É um reflexo inato observado inclusive em fetos através de ultra-sonografia, com a sucção de polegar ou outros dedos. Acontece no estágio oral do desenvolvimento e desaparece normalmente entre 1 a 3 anos de idade. A sucção satisfaz, além da nutrição, importantes necessidades psicológicas e parece estar relacionada com a linguagem e outras expressões de desenvolvimento mental.

Certos hábitos servem como estímulo ao crescimento normal dos maxilares, por exemplo, a ação normal dos lábios e a mastigação formam um sistema equilibrado e dinâmico entre a face e a cavidade oral.

Este sistema apresenta estímulos primários e secundários, sendo os secundários completamente dependentes do desenvolvimento e crescimento normal dos primários. São eles:

• Estímulos primários: funções vitais que mantém a condição orgânica de todo o corpo como a sucção, a respiração, a mastigação e a deglutição. Alterações na oclusão podem acometer a fala na produção dos fonemas s e z;

• Estímulos secundários: funções de fala e expressão facial. Alterações na oclusão prejudicam a expressão facial.

Existem 2 formas de sucção:

(1) sucção nutritiva: seio materno e mamadeira;

(2) sucção não nutritiva: polegar ou dedos, chupetas e outros objetos.

Além de nutrir, a amamentação produz também um estímulo prazeroso dos lábios, da língua e da mucosa bucal, associados ao carinho, e aconchego materno, trazendo

Tranqüilidade, conforto e confiança. Muitas vezes na tentativa de prolongar este prazer, a criança busca o hábito de sucção. Ao observarem o choro da criança, as mães colocam o dedo ou chupeta, com a finalidade de que as mesmas permaneçam em constante sucção e deixem de chorar. Este fato ocorre por falta de afeto e de carinho natural, ou por falta de tempo das mães por trabalharem fora de casa. Os autores acreditam que estas crianças tendem a desenvolver o hábito de sucção não nutritivo, por se sentirem inseguras e carentes. Van Norrnan acredita que este hábito se prolongado após os 6 anos torna a criança diferente quando comparada àquelas sem o hábito, tanto na inteligência, quanto na alegria, ficando também com aspecto pálido, apático, além de alterar sua função digestiva pelo excesso de saliva deglutida pelo uso de chupeta. É prejudicada inclusive na escola, com os colegas, se tomando uma criança rejeitada.

PROPOSIÇÃO

A proposta do presente estudo foi avaliar, mediante revisão da literatura, os hábitos de sucção não nutritivos, suas diferentes etiologias, conseqüências, tratamentos e as estratégias a serem adotadas pelo profissional que pretende atender pacientes que possuam esses hábitos(fonoaudiólogos, ortodontistas,psicólogos,etc.).

 

HABITO DE SUCÇÃO X ETIOLOGIA

Muitos autores citam a teoria psicanalítica de Freud para explicar a etiologia do hábito prolongado de sucção, o qual acredita que fatores ambientais interfiram no desenvolvimento emocional da criança, e como conseqüência conduza ao vício como uma fuga. Para Modesto e Azevedo o reflexo da sucção é inato e pode se desenvolver pelo feto ainda dentro do útero satisfaz importantes necessidades psicológicas e parece estar relacionado com linguagem e outras expressões de desenvolvimento mental. Van Norman relata que fetos que estão succionando seu polegar ou dedos, observados através de ultrassom, muitas vezes continuam este hábito após o nascimento. A etiologia do hábito de sucção não nutritivo é considerada, por muitos autores, como um fator emocional podendo estar associada diretamente à sucção realizada de maneira inadequada, seja através da utilização de mamadeiras com bicos longos e orifícios aumentados, onde o líquido é retirado por pressão posterior, impedindo uma sucção anterior e tornando os lábios hipofuncionais durante o ato; ou devido à frustração no instinto da sucção pela retirada imediata do bebê do seio ou da mamadeira após o aleitamento.

Segundo Serra-Negra, crianças com menor tempo de aleitamento materno desenvolvem, com maior freqüência, hábitos bucais deletérios, apresentando um risco relativo sete vezes superior com relação àquelas aleitadas no seio

Por um período de, no mínimo seis meses. E ainda afirmam que crianças aleitadas com mamadeira por mais de um ano apresentam quase dez vezes mais risco de apresentarem hábitos bucais viciosos do que aquelas que nunca utilizaram essa forma de aleitamento, no que Turgeon O' Brien concorda em que o tempo de amamentação está diretamente relacionado com o hábito de sucção. Larsson observou fatores causais como a mãe trabalhar fora, números de irmãos e ordem de aniversários das crianças na família, que podem acarretar problemas