MANSÃO WILDBERGER
Casos: MANSÃO WILDBERGER. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: rcosta260 • 5/10/2014 • 733 Palavras (3 Páginas) • 247 Visualizações
MANSÃO WILDBERGER: CRÔNICA DE UMA DEMOLIÇÃO
Alejandra Hernández Muñoz e Luiz Alberto Ribeiro Freire
Casarão histórico no Largo da Vitória, em Salvador, foi demolido quase às escondidas numa
tarde de domingo para dar lugar a um edifício de 35 andares.
A demolição criminosa que a construtora Liwil empreendeu no dia 28 de janeiro
comprova o processo de demolição do patrimônio cultural baiano inaugurado com a
demolição - derrubada da antiga Sé ocorrida em 1933. Na época, três ingredientes
contribuíram para a derrocada da Sé: a justificativa do "progresso", a ganância das
autoridades eclesiásticas e a ausência de legislação sobre o patrimônio.
Esta última foi suprida algum tempo depois com a criação do Serviço do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (SPHAN, atual Instituto IPHAN). Deste marco em diante,
outros ingredientes, tão ou mais nocivos, associaram-se na destruição das referências de nosso
passado mais antigo e recente, como o descumprimento das leis específicas, o descaso, a
prepotência econômica, a ausência de autoridades, a burocracia intencional, a corrupção e a
defesa da "modernidade".
Em 2005, o IPHAN tombou provisoriamente a Igreja de Nossa Senhora da Vitória e o
seu entorno, compreendendo uma poligonal que abrange ambos os lados do Largo da Vitória,
partindo do antigo Hotel Colonial (atual Aliança Francesa), passando pela clínica médica
(CATO), na esquina, e por todas as edificações vizinhas até a Mansão Wildberger, inclusive,
e, no lado oposto do Largo, por todos os edifícios desde a residência universitária da UFBA
até a esquina com a avenida Sete de Setembro.
Esse tombamento, segundo a Portaria nº10, de 10/09/1986, implica que qualquer
alteração, seja por demolição ou acréscimo de qualquer elemento (desde um cartaz
publicitário até um edifício), não pode ser feita sem a análise e a aprovação do IPHAN. Via de
regra, os tombamentos provisórios têm evoluído para definitivos.
Portanto, o caso da Mansão Wildberger repete, em terras baianas, a estratégia
criminosa adotada no caso da Mansão Matarazzo em São Paulo. A consciência da ilegalidade
é evidenciada pelo dia, horário e condições escolhidas para a demolição: em uma tarde de
domingo, destroçaram a casa com parte do seu recheio, aquele que não foi retirado na
madrugada anterior. O ruído das máquinas chamou a atenção da vizinhança, levando-a a
denunciar o barulho excessivo à Superintendência de Uso e Controle da Ocupação do Solo do
Município (SUCOM); alguns vizinhos apareceram para pilharem, enquanto outros
lamentavam.
Por parte da sociedade, há dois comportamentos que comprometem a luta pela
preservação do patrimônio: por um lado, a prática do roubo de antiguidades, da privatização
dos bens públicos, e, por outro lado, a postura passiva das pessoas, na maioria das vezes
indiferentes, ou a lamentação sem conseqüências.
A história do Largo da Vitória e da Mansão Wildberger
A primeira Igreja de Nossa Senhora da Vitória foi construída ainda no século XVI,
com sua fachada principal para o poente. [...] Em 1915,
...