O HOMEM: O SER DO TRABALHO NA SOCIEDADE CIVIL BURGUESA MAN: WORKING BEING IN BOURGEOIS CIVIL SOCIETY
Dissertações: O HOMEM: O SER DO TRABALHO NA SOCIEDADE CIVIL BURGUESA MAN: WORKING BEING IN BOURGEOIS CIVIL SOCIETY. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: mayrpereira • 19/3/2014 • 5.775 Palavras (24 Páginas) • 761 Visualizações
fundamentais da filosofia do direito ou Direito natural e ciência do Estado em Compêndio" do
autor Georg Wilhelm Friedrich Hegel. O objetivo é demonstrar o aspecto espiritual do trabalho,
este que para Hegel assume um valor fundamental de libertação, pois possibilita ao homem se
erguer de uma pura determinação imediata e natural para uma esfera de criação da cultura. O
método de exposição da presente pesquisa se dá na forma da Dialética especulativa que ressalta
o movimento de libertação exposto no Sistema das Carências através do trabalho. Portanto, o
trabalho adquire um aspecto positivo que possibilita o eu (ich) alcançar a satisfação das
necessidades sociais, tendo como resultado a libertação da natureza.
Palavras-chave: Homem. Carências. Trabalho. Liberdade.
Abstract: This research brings an analysis about the effectuation of freedom within the civil
bourgeois society, more specifically in the System of Deficiencies, as well as its direct relation
with the free work. For that, it was necessary the use of the work: “Elements of the Philosophy
of Right” of Georg Wilhelm Friedrich Hegel. The aim is to demonstrate the spiritual aspect of
the work, which assumes a fundamental value of liberty for Hegel, because it allows men lift
from a pure, immediate and natural determination to the sphere of culture creation. The method
of exposure of the present research is in the form of speculative dialectics which highlights the
liberation movement exposed in the System of Deficiencies through the work. Therefore, the
work acquires a positive aspect which enables the “me” (ich) to achieve the satisfaction of
social needs, having as a result the liberation of nature.
Keywords: Man. Deficiencies. Work. Liberty.
* * *
1. Introdução
Primeiramente, diante de um sistema filosófico tão complexo e com tantas
particularidades como é o de Hegel, é de fundamental importância uma determinação e
delimitação do objeto da pesquisa, isto é, cumpre-nos apresentar qual o lugar da
sociedade civil burguesa no sistema filosófico hegeliano. Em linhas gerais, Hegel traz
na Enciclopédia das Ciências Filosóficas em Compêndio2 a apresentação dos momentos
1 Mestrando em Filosofia pela Universidade Estadual do Ceará (UECE) e bolsista DS/CAPES. Email:
michelzin_18@hotmail.com.
2 HEGEL, Georg Wilhelm Friedrich. Enciclopédia das Ciências Filosóficas em Compêndio: 1830.
Tradução Paulo Meneses e José Machado. (Volume: I, II, III) São Paulo: Loyola, 1995.
O homem: o ser do trabalho na sociedade civil burguesa
Kínesis, Vol. V, n° 09, 110
Julho 2013, p. 109-123
constitutivos do sistema. Neste sentido, deve-se dizer que em um primeiro momento
temos A Ciência da Lógica, posteriormente a Filosofia da Natureza e por fim, a
Filosofia do Espírito. Convém ressaltar que a Filosofia do Espírito sofre ainda uma
subdivisão em três outros momentos constitutivos, isto é: Espírito Subjetivo; Espírito
Objetivo, onde desenvolveremos a presente pesquisa, e Espírito Absoluto. Em virtude
dessas considerações, tenha-se presente que a nossa “grande área” abrange a esfera do
Espírito Objetivo, ou de maneira mais determinada, abordaremos o segundo momento
constitutivo da Eticidade, isto é, a sociedade civil burguesa. Como se há de verificar, a
presente pesquisa se delimitará ao primeiro momento constitutivo da sociedade civil
burguesa. Desse modo, nossa discussão gravitará em torno do Sistema das Carências. É
preciso insistir também no fato de que no interior da sociedade civil burguesa temos
ainda a manifestação de outros dois momentos constitutivos, que se apresentam na
forma da Administração do Direito e na forma da Polícia e a Corporação.
No que diz respeito à relação social estabelecida na sociedade civil burguesa,
Hegel aponta para a perda da eticidade3, devido a aparente universalidade que se faz
presente nessa esfera. Portanto, o indivíduo da sociedade civil burguesa tem por
exigência satisfazer suas próprias carências particularizadas. Estas carências são
infinitamente excitadas por todos os lados no âmbito social. Concomitantemente o
homem assume a postura de um ser de infinitos meios e modos de satisfação de suas
carências. Nesse sentido, deve-se dizer que o homem, na concepção hegeliana, se
diferencia da pura unilateralidade natural, consequentemente também se faz distinto de
um ser prontamente imediato. Segundo Hegel, o homem é um ser livre e espiritual, que
mostra já por sua condição o aspecto que o diferencia de um ser acabado por natureza
(como no caso o animal). Torna-se, portanto, clara a diferença exposta por Hegel entre a
condição animal e a condição humana. A primeira mostra um ser acabado, de antemão
pronto e movido pela
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