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Música Como Estilo De Vida E Banalização Da Arte

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Por:   •  21/8/2014  •  771 Palavras (4 Páginas)  •  575 Visualizações

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Poucas pessoas assistirão e muito menos eu assistiria, mas prestei atenção durante todos os 49 minutos. O Dave Grohl deu uma palestra (pode-se dizer assim) no ‘South By Southwest (SXSW) 2013’, que aconteceu neste mês de março em Austin no Texas, que é um evento sobre interatividade, musica e cinema. Ele falou sobre sua história, desde seu primeiro violão até o surgimento do Foo Fighters e me deixou acreditando ainda mais que o 'rock' não é simplesmente um estilo musical, mas sim, um estilo de vida. Só não falou o tanto quanto eu gostaria do fator humano da música, que está ficando de lado para todos os aparatos tecnológicos. Fator humano esse, que foi essencial para que ele gravasse o disco ‘Walk’ na garagem de casa. E essa informação ele deixou bem clara quando recebeu o Grammy pelo mesmo álbum, criticando exatamente o rock atual pela falta deste fator humano.

Eu imagino Pablo Picasso, pintando um quadro, onde ele faz todos os riscos, todos os traços, mas na hora de pintar, ele copiasse o quadro para o photoshop e colocasse as tintas por ali. E a tela de tecido? E o traço? E o sentimento que interferiu na força com a qual ele pincelou as cores de ‘Girl Before Mirror’ (A mulher no Espelho) em 1932? Isso seria uma banalização da cultura, do sentimento, do talento, da arte.

Em uma banda que eu tocava tive este sentimento de banalização do meu talento quando na gravação de uma canção fui substituído por uma máquina. Fiz de conta que não me importava, mas amaldiçoei o EZdrummer (programa usado para criar baterias eletrônicas) e os músicos da banda que preferiam que fosse assim. Se eu dissesse ao guitarrista que o solo dele seria feito por computador provavelmente ele não iria gostar. Ou se a voz da vocalista fosse feita eletronicamente. Dave Grohl disse uma coisa quando contava sobre sua participação no Nirvana, “Nossos instrumentos eram nossa voz. Quando ensaiávamos não precisávamos nem falar”. Tudo isso foi jogado no lixo.

Eu assisto programas como o “The Voice Brasil” e não consigo gostar dos cantores. São pessoas tão perfeitamente produzidas, que se tornam cópias baratas da Ivete Sangalo, do Tim Maia, e uma gigantesca gama de cópias do Rogério Flausino, Alexandre Pires, ou de algum cantor(a) sertanejo(a). E esses cantores perfeitinhos que terminam as músicas sempre com um agudo no limite do tom suportável, deixam o fator - interpretação - no dedão do pé.

Roberto Carlos não é considerado o Rei, por cantar ‘Meu Calhambeque’ ou por cantar bem. A voz dele não é bonita, e nem precisa, pois ele emociona com a interpretação. Ser músico não é simplesmente cantar ou tocar. Me atrevo a dizer até que se o Kurt Cobain não quebrasse a guitarra no amplificador no final dos shows, talvez hoje nem soubéssemos quem foi Nirvana. Nirvana esse que no final de 1990 vendia 300 cópias por mês do álbum ‘Nevermind’, fazia um som sujo, gritado, deixava as pessoas com as gargantas secas de tanto forçar para buscar o tom de ‘Smells Like Teem Spirit’ no momento do ‘a denial’.

Usar computadores para buscar a perfeição, na voz, no tom ou nos instrumentos é um erro gravíssimo. Cria pessoas que ‘acham’ que sabem fazer alguma coisa. É quase como eu pintar um quadro e mandar para o Picasso retocar o que eu tiver feito errado. Onde foi parar a originalidade, se

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