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O CONCEITO DE NITRIGÉMICO

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Por:   •  20/4/2014  •  Tese  •  4.750 Palavras (19 Páginas)  •  385 Visualizações

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2. CONCEITO DE NUTRIGENÔMICA

A nutrigenômica é uma área da ciência ainda muito recente, que estuda os efeitos dos nutrientes e compostos bioativos dos alimentos sobre a expressão gênica.

Essa ciência sugere que todas as soluções para se viver mais e melhor estão em um cardápio capaz de interferir na atuação dos genes de cada pessoa, assim, como o genoma de cada individuo é único, cada pessoa teria uma dieta exclusiva. Para que isso aconteça é preciso identificar e decifrar o código genético de cada individuo, pois neles contém todas as informações necessárias para a manutenção do corpo humano. Nele é possível encontrar uma tendência patológica que está adormecida, mais que pode se manifestar em algum estágio da vida, assim como a diabetes e o câncer.

A nutrigenômica pode ser entendida de duas maneiras, ou seja, tanto a alimentação poderia influenciar a atividade dos genes, como os genes poderiam influenciar a necessidade de nutrientes.

A capacidade das técnicas de nutrigenômica para reunir informações detalhadas abriu novas possibilidades para explorar as sutis diferenças entre pessoas que, a princípio, parecem muito semelhantes. Subgrupos dentro de uma população heterogênea podem responder de maneira diferente a uma intervenção dietética como por exemplo, o consumo de um produto alimentício. Será possível no futuro identificar quais os grupos que se beneficiam ou não com o consumo de um determinado alimento.

Essa ciência permite estudar ao longo do tempo a influência da dieta na estrutura e expressão dos genes, favorecendo condições de saúde ou de doença. Os estudiosos de nutrigenômica têm que relacionar dados genéticos de indivíduos saudáveis ou doentes com a sua dieta para alcançarem as conclusões sobre as interferências da dieta na estrutura e expressão genética.

O exemplo mais clássico de nutrigenômica é o acúmulo da enzima fenilalanina no sangue, responsável pelos danos no cérebro em pacientes com fenilcetonúria. Por isso, os bebês acometidos por essa doença genética são submetidos imediatamente a uma dieta especial, pobre em fenilalanina.

3. COMO SURGIU

A nutrigenômica surgiu no contexto do pós-genoma humano e é considerada área-chave para a nutrição nesta década.

Após o estudo complexo do Genoma Humano, que desvendou mais de 1800 genes causadores de doenças, os estudos voltaram-se para algumas áreas em especifico, e uma delas é a nutrigenômica.

A partir da conclusão do Projeto Genoma Humano, constatou-se que os genomas dos indivíduos apresentam cerca de apenas 0,1% de diferença em suas sequências. As principais variações consistem em substituições de uma única base do DNA, o ácido desoxirribonucleico. Esse tipo de polimorfismo, denominado de nucleotídeo único, pode resultar na produção de proteínas com funções alteradas, com diferentes repercussões em processos como digestão, absorção e metabolismo de nutrientes e influenciar a forma pela qual se responde à alimentação.

Pesquisadores que atuam na área de nutrigenômica estimam que nas próximas décadas possamos encontrar o seguinte cenário: uma mulher de 20 anos preocupada com sua saúde procura orientação com equipe multidisciplinar, que, por sua vez, solicita o sequenciamento de seu genoma. Os dados são analisados com auxílio de um software específico e apontam alta probabilidade da paciente desenvolver diabetes por volta de seus 45 anos. Orientações são fornecidas quanto a mudanças de hábitos de vida, inclusive os alimentares. Uma dieta personalizada com base no DNA é prescrita para se reduzir o risco de desenvolvimento da doença. Essa mulher adquire no setor de alimentos personalizados do supermercado produtos específicos para seu genótipo. A efetividade da adoção dessas medidas é avaliada periodicamente por meio da análise de seu perfil global de expressão gênica e de metabólitos. Apesar de parecer uma realidade distante, atualmente já existem empresas que realizam testes genéticos e os vendem diretamente ao consumidor via internet. Esses testes informam sobre o risco de desenvolver determinadas doenças, como por exemplo, doenças do coração, câncer, diabetes, alzheimer, osteoporose, entre outras. Hoje em dia já é possível mapear 42 genes por US$400 e com os avanços crescentes da tecnologia envolvida com esse diagnóstico estima-se que esse preço irá diminuir tornando-se cada vez mais acessível à população. Da mesma maneira, a nutrigenômica já está sendo comercializada por algumas companhias que vendem esses testes genéticos e ainda realizam aconselhamento nutricional e comercializam produtos como, por exemplo, suplementos vitamínicos.

Atualmente, diversas pesquisas em nutrigenômica estão sendo realizadas em diferentes países, envolvendo redes de pesquisadores. Um exemplo importante é a Organização de Nutrigenômica da União Europeia (Nugo), que engloba 22 organizações de 10 países europeus. Em 2007, foi criada a Rede Brasileira de Nutrigenômica que se propõe a estimular o desenvolvimento dessa disciplina científica em nosso país. O foco primário da rede consiste na promoção e coordenação de projetos integrados, realizados em nossa população, considerada como a mais miscigenada do mundo. Assim, os coordenadores da rede acreditam que além de incentivar a pesquisa com alimentos direcionados à variabilidade genética da população brasileira faz-se necessário a criação de um banco de dados sobre estudos em nutrigenômica, originados de pesquisas realizadas com brasileiros.

Nos Estados Unidos, em alguns países da Europa, na Austrália e no Canadá, as pesquisas em nutrigenômica já estão bem avançadas. Nessas nações alguns pacientes com predisposição genética já seguem dietas específicas pra agirem sobre os genes que predispõem ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares, diabetes do tipo dois e alguns tipos de câncer. Em outubro de 2006, a FOOD AND DRUG ADMINISTRATION, do departamento de saúde e serviços humanos do Estados Unidos, criou uma divisão especial para as pesquisas da área.

4. CARACTERÍSTICAS

Esta recente ciência tem como característica principal o estabelecimento de dietas personalizadas com base no genótipo, para a promoção da saúde e a redução do risco de doenças crônicas não transmissíveis.

Do ponto de vista tecnológico, o surgimento da nutrigenômica foi favorecido pelo

impressionante desenvolvimento das ferramentas ômicas ocorrido na última década, muito em parte devido ao Projeto Genoma Humano.

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