O MILIMÉTRICO INSETO

Políticas arcaicas como a do Pão e Circo, no Império Romano, são análogas ao descuido governamental acerca da conscientização da sociedade brasileira hodierna no que diz respeito ao seu papel quanto ao combate de doenças como a Febre Amarela, a Dengue e a Febre Chikungunya, uma vez que até mesmo o investimento em festas carnavalescas possui maior atenção dos governantes. Desde o século XX, o mosquito Aedes Aegypti vem causando epidemias das doenças supracitadas no país e, atualmente, trouxe à população brasileira, por conta do descaso do governo, o terror do Zika Vírus.

Conforme a teoria Kantiana, dir-se-ia que a persistência e o aumento dos casos de doenças causadas pelo Aedes Aegypti pode, também, ser atribuída às ações populares realizadas pelas inclinações, isso é, a tenacidade da ignorância, que acarreta a formação de criadouros do mosquito, por meio do descarte de lixo em locais inapropriados.

Embora existam campanhas midiáticas de combate e prevenção ao problema, a sua ineficiência é um fato, já que há forte resistência da população, quanto à mudança de hábitos proposta pelas mesmas. Essa adversidade pode ser atribuída à alienação populacional, que está intrinsecamente ligada à falta de preocupação das autoridades no que diz respeito ao que deveria ser prioridade: saúde e educação.

Além das campanhas midiáticas, já há algum tempo são realizadas visitas às residências pela Vigilância Epidemológica, sob consentimento dos proprietários. Considerando a ineficácia dessa medida, em razão da resistência dos moradores em permitir a entrada dos agentes, o governo anunciou a intenção de aplicar providência militar, resolução símil à Lei da Vacina Obrigatória, de 1904, que, embora tenha causado revolta popular, despertou nos governantes o interesse por uma campanha de convencimento, iniciada em 1930, que perdura até os dias atuais, e, consoante Rodrigo César Magalhães, doutor em história pela Fundação Oswaldo Cruz, torna o país um dos mais receptivos do mundo à vacinação.

Nos últimos meses, o milimétrico inseto vem causando pânico na alta e na baixa sociedade, fato que demonstra a indistinção da "praga" quanto à escolha de suas vítimas. Assim, é possível perceber que a solução da adversidade também deve ser indistinta de maneira que é inevitável a contribuição de todos os setores da população, do governo e da mídia em atos de responsabilidade quanto ao meio em que se vive e ao próximo, seja ele quem for.