Os Insetos Sociais
Por: Camila Marques • 17/11/2018 • Artigo • 1.276 Palavras (6 Páginas) • 204 Visualizações
Introdução
As formigas são insetos sociais pertencentes à ordem Hymenoptera, sendo que todas as espécies de formigas pertencem à família Formicidae (BOLTON 1994). São dominantes na maioria dos ecossistemas terrestres, com exceção dos polos (WILSON, 1987). Algumas delas são encontradas associadas aos homens, tais como em residências, hospitais, estabelecimentos comerciais, fábricas de alimento, biotérios, zoológicos, e muitos outros lugares (Campos-Farinha, 2002).
São conhecidas aproximadamente 12.461 espécies de formigas no mundo para uma fauna estimada em 20.000 e no Brasil são conhecidas aproximadamente 2.000 espécies de formigas (BUENO & CAMPOS-FARINHA, 1999).
Esses animais são de extrema importância, pois promovem a aeração do solo, atuam em processos de decomposição de plantas e animais acelerando o a reciclagem de nutrientes, algumas espécies são usadas para controlar pragas na agricultura, no entanto há outras que causam grandes danos as plantações. Podem ser pragas urbanas, pois infestam casas, apartamentos e até hospitais, quando ocorrem nestes locais podem transportar microorganismos patogênicos tornando-se assim vetores de doenças (Campos-Farinha, 1997).
A grande disponibilidade de abrigo e alimentos propicia ambiente adequado para proliferação de diversas espécies de animais sinantrópicos (Oliveira, 2005). Entre os insetos sociais as formigas foram os que mais se adaptaram às cidades, sendo que no Brasil estima-se que das 2000 espécies de formigas identificadas, cerca de 50 espécies são pragas urbanas causando prejuízos no campo, nas cidades e danos à saúde pública (BUENO & CAMPOS-FARINHA, 1999; CAMPOS-FARINHA et al., 2002).
Como todas as espécies de formigas são sociais, a abundância destes organismos impressiona ainda mais que a diversidade taxonômica. Enquanto as quase 10 mil espécies de formigas representam apenas 1,5% da fauna de insetos, elas somam mais de 15% da biomassa total de animais de florestas tropicais, savanas e campos. Podem existir mais de oito milhões de formigas em apenas um hectare de floresta de terra-firme na Amazônia (FITTKAU & KLINGE, 1973), e algumas colônias apresentam mais de 300 milhões de operárias (HIGASHI & YAMAUCHI, 1979). Mas, a conspicuidade das formigas não é restrita às florestas tropicais. As formigas distribuem-se abundantemente por todos os ambientes terrestres do planeta, desde o círculo ártico às partes mais remotas do Hemisfério Sul, como a Terra do Fogo, África do Sul e Tasmânia (HÖLLDOBLER & WILSON, 1990).
Esta inequívoca dominância levou ao reconhecimento da importância ecológica das formigas. Elas modificam a ciclagem de nutrientes através do enriquecimento do solo com as lixeiras das colônias e da transferência de nutrientes para camadas mais superficiais durante a construção e relocação dos ninhos (FARJI-BRENER & SILVA, 1995; MOUTINHO et. al. 2003). Apesar da importância das formigas cortadeiras, formigas, de modo geral, constituem um grupo predominantemente predador, e o seu papel estruturador de comunidades de artrópodes tem sido destacado em vários estudos (JEANNE, 1979; WILSON, 1987; HÖLLDOBLER & WILSON, 1990). Quando forrageando na vegetação, as formigas atacam insetos herbívoros (WIRTH & LEAL, 2001), diminuindo as taxas de herbivoria e aumentando o sucesso reprodutivo das plantas (e.g., OLIVEIRA et. al. 1999; FALCÃO et. al. 2003). Por fim, as formigas também atuam como dispersores secundários de sementes (LEAL & OLIVEIRA, 1998; 2000; LEAL, 2003a), modificando a distribuição inicial de sementes efetuada pelos dispersores primários e influenciando a distribuição espacial das populações de plantas (ROBERTS & HEITHAUS, 1986).
A necessidade de controle de formigas em áreas urbanas resultou em um grande número de pesquisas voltadas para produtos específicos e derivados de plantas que apresentassem baixa toxicidade ao ambiente e aos seres humanos. Alguns trabalhos demonstraram que certas substâncias naturais, como o gengibre, eucalipto, cravo-da-índia, ervilha e óleo de citronela, foram eficientes. O controle de formigas em áreas urbanas é evidente, uma vez que o material na literatura é abundante sobre inseticidas, mas escasso sobre processos naturais competentes, este trabalho visa contribuir de forma prática, através de testes com substâncias naturais, a eficácia das mesmas, validando uma alternativa menos agressiva e com menor impacto ambiental, ou seja, com baixa toxicidade ao ambiente e ao homem. Serão testados produtos cujas propriedades medicinais fazem parte do saber popular como cravo da índia, salsinha, louro e óleo de citronela.
Materiais e Métodos
As formigas possuem algumas características que as tornam um táxon indicador ideal: (1) apresentam uma alta diversidade e abundância local, (2) possuem ninhos perenes e estacionários, assim como área de forrageamento restrita, podendo então ser amostradas e monitoradas com segurança de que representam as unidades estudadas, (3) são facilmente amostradas e separadas em morfoespécies, e (4) respondem rapidamente a mudanças ambientais por possuírem faixas estreitas de tolerância (HÖLLDOBLER & WILSON, 1990).
O trabalho será realizado no período de Janeiro a Março de 2013 no Campus da Universidade Federal de Juiz de Fora no Instituto de Ciências Biológicas. Os procedimentos para o estudo serão realizados em três etapas:
- Coleta dos animais
As formigas a serem coletadas pertencem ao gênero Camponotus, pois se encontram em local de fácil acesso no instituto, sendo previamente conhecido o lugar de seu ninho. Serão atraídas com auxílio de iscas, coletadas cuidadosamente com pinças e levadas para o laboratório dentro de um recipiente.
- Experimento
Os indivíduos serão colocados, um por vez, em um tubo de vidro (tamanho) bifurcado. Em uma extremidade do tubo será colocada uma substância natural usada como repelente, deixando a outra extremidade como controle. O comportamento de cada formiga será anotado para posterior análise estatística.
- Análise dos Dados
A análise de dados será por meio do teste Q2.
Referências
Bolton, B. 1994.Identification guide to ant genera of the world.Harvard University Press, Cambridge.
Bueno, O.C. & Campos-Farinha, A.E.C. Formigas urbanas: estratégias de controle. Vetores & Pragas, v.2, n.5, p.5-7, 1999.
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