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Poesias Contemporâneas

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Por:   •  29/9/2014  •  9.403 Palavras (38 Páginas)  •  225 Visualizações

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Decada de 60

TEXTO 1

Mil novecentos e cinqüenta mais de dois milhões de nordestinos viviam fora dos seus estados natais.

Dez por cento da população do Ceará imigrou

Treze por cento do Piauí

Quinze por cento da Bahia

Dezessete por cento de Alagoas.

• Extraído da música Carcará de João do Vale e José Cândido

Disco Maria Bethânia - 1965

TEXTO 2

Eu vivo na cidade no tempo da desordem

Eu vivi no meio da gente minha no tempo da revolta

Comi minha comida no meio da batalha

Amei sem ter cuidado

Olhei tudo que via sem tempo de bem ver

Assim passei o tempo que me deram pra viver

A voz da minha gente se levantou

E a minha voz junto com a dela

Tenho certeza que os dono da terra

Ficariam mais contente se não ouvissem a minha voz

Minha voz não pode muito mas gritar eu bem gritei!

EU VIVO NUM TEMPO DE GUERRA

G. Guarniere

• Extraído da peça Arena conta Zumbi. - 1965

TEXTO 3

Comigo me desavim,

Sou posto em todo perigo,

Não posso viver comigo,

Nem posso fugir de mim.

COMIGO ME DESAVIM

Texto de Sá de Miranda

• Estraído do show Comigo Me Desavim - 1967/1968

Década de 70

TEXTO 4

Nessa vida em que sou meu sono

Eu não sou meu dono

Quem sou é que me ignoro

E vive através desta névoa que sou eu

Todas as vidas que outrora tive numa só vida

Mar sou; baixo marulho ao alto rujo

Mas minha cor vem do meu alto céu

E só me encontro quando de mim fujo

Poema sem título de Fernando Pessoa

Extraído do Disco Rosa dos Ventos - 1971 e Diamante Verdadeiro - 1999

TEXTO 5

Eu sou apaixonada por samba de roda e por carnaval.

Na Bahia tem um compositor chamado Batatinha que é um cara maravilhoso. Ele só compõe para o carnaval, só faz samba para o carnaval. São sambas lindíssimos e para mim ele faz tudo ao contrário, na minha opinião. Que carnaval é uma coisa alegre, pra cima, a gente se diverte, brinca e tal e os sambas do batata são tristíssimos, tem uma melodia maravilhosa, parecida com melodia de blue e as letras do batata são sensacionais.

Texto de Maria Bethânia

Extraído do Disco Rosa dos Ventos - 1971

TEXTO 6

Num meio-dia de fim de primavera

Tive um sonho como uma fotografia.

Vi Jesus Cristo descer à terra.

Veio pela encosta de um monte

mas era outra vez menino,

A correr e a rolar-se pela erva

E a arrancar flores para as deitar fora

E a rir de modo a ouvir-se de longe.

Tinha fugido do céu.

Era nosso demais para fingir

De segunda pessoa da Trindade.

Um dia que Deus estava a dormir

E o Espírito Santo andava a voar,

Ele foi à caixa dos milagres e roubou três.

Com o primeiro fez que ninguém soubesse que ele tinha fugido.

Com o segundo criou-se eternamente humano e menino.

Com o terceiro criou um Cristo eternamente na cruz

E deixou-o pregado na cruz que há no céu

E serve de modelo às outras.

Depois fugiu para o sol

E desceu pelo primeiro raio que apanhou.

Hoje vive na minha aldeia comigo.

É uma criança bonita de riso e natural.

Limpa o nariz ao braço direito,

Chapinha nas poças de água,

Colhe as flores e gosta delas e esquece-as.

Atira pedras aos burros,

Rouba a fruta dos pomares

E foge a chorar e a gritar dos cães.

E, porque sabe que elas não gostam

E que toda a gente acha graça,

Corre atrás das raparigas

com as bilhas às cabeças

E levanta-lhes as saias.

A mim ensinou-me tudo.

Ensinou-me a olhar para as coisas.

Aponta-me todas as cores que há nas flores.

Mostra-me como as pedras são engraçadas

Quando a gente as tem na mão

E olha devagar para elas.

Damo-nos tão bem um com o outro

Na companhia de tudo

Que nunca pensamos um no outro,

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