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Resumo História Da Arte

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Por:   •  9/5/2013  •  4.955 Palavras (20 Páginas)  •  1.399 Visualizações

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Caracterização da arquitectura chã

A arquitectura chã é nua e avessa a experiências vanguardistas, em clara reacção contra as modas estrangeiras: um estilo que se pretende inserido numa tradição nacional em vez de em ruptura com ela – nisso reflectindo uma preocupação constante da política de D. João III – embora não hesitasse em se apropriar quanto queria das soluções clássicas. Estamos nos antípodas do classicismo maníaco de Chanterêne da antiga e moderna arquitectura sugerida a D. Sebastião em 1571 pelos projectos utópicos de Francisco de Holanda. Esse discurso de sintético nacionalismo foi baptizado por Kubler com a feliz expressão de estilo chão (em vez de um suposto maneirismo), que arrancaria das Sés do novo século e antecipa de uma geração o espanhol estilo desornamentado do Mosteiro do Escorial. A proposta que teve grande êxito, e a que aderimos – não no sentido de um estilo, mas precisamente desse não estilo, espécie de grau-zero arquitectónico – deve, ser usada com cautelas, dada a pluralidade das tradições que convivem paralelamente e se sobrepõem consoante cada contexto concreto. As construções portuguesas (década de 50-60) revelam no seu plano, nos alçados, nos processos construtivos e nas proporções adoptadas, sempre de grande clareza e simplicidade formal e estrutural curiosas relações de continuidade com o modo ao moderno. É o que acontece especialmente com o ciclo das novas Sés, edificadas para servir os novos bispados criados no período joanino. São, como viu Kebler, todas elas igrejas-salao, no prosseguimento da experiência dos estaleiros de Belém e das igrejas matrizes de Arronches ou Freixo Espada à Cinta. A Sé de Leiria (1551-1574) seria traçado por Afonso Alvares, com 3 naves de igual altura e um sitema de proporções 3:2 (de razão sesquilatera) que vem da tradição tardo-gotica. A Sé de Portalegre iniciada em 1556, provavelmente de Miguel de Arruda, é de idêntica estrutura, mas aplica a razão sesquitercia (3:4). Todas elas respiram atmosfera ao moderno: verticalidade, fenestraçoes, esguias, sólida contrafortagem, abobada de cruzaria; mas encontram-se como que maquilhadas pela adopção simplificada ou reduzida dos sistemas das ordens clássicas – quase sempre colunas toscanas, a mais elementar das ordens, dotada, embora do seu próprio simbolismo militar. O facto não esconde, portanto, a concordância deste ciclo com os caminhos e tendências da igreja militante contra-reformista, onde uma nova pastoral era praticada, recriando uma nova estética os arrojos pagãos do renascimento e do humanismo lato, para preferir o enquadramento eclesiástico anti classicista. Outro episodio deste processo do estilo chão é a criação em território português – e apesar da fiscalização culturalista romana – de uma nova tipologia de igrejas: as da Companhia de Jesus. Tratar-se-ia de uma igreja-caixa, de nave única, com púlpitos situados nos tramos centrais, face a face, separando assim sua prática jesuíta. No andar superior da igreja corria uma galeria; nas paredes, diversas áreas de circulação davam acesso aos múltiplos pisos e dispositivos de visão. Eram como que fachadas viradas para o interior do edifício. A série de templos edificados a partir deste modelo inicial incluirá um número imenso de exemplos, sendo grande a sua fortuna durante o sec. XVII. Inteligível e linear útil e funcional, programado com o rigor exigido, este modelo replicado ate a exaustão, fazia de cada igreja um auditório e , nalguns casos, seria mesmo possível observar, em celebrações litúrgicas especiais, o funcionamento desta estrutura em que as tribunas funcionam como palcos, funcionamento digno de uma festividade de sensibilidade maneirista de carácter neomedieval.

Os palácios e casas solarengas que se constroem no reino durante o segundo terço do século seiscentista reflectem, na regularidade das traças, desornamento geral dos programas decorativos e apelo à conjugação dos elementos naturais envolventes, um curto sabor de menoridade sui generis, pautado pela linearidade e pelo conformismos desprovido de grandiloquência da grande arquitectura civil espanhola e italiana cortesã, quase à medida de pequenas cortes da aldeia. As inovações são pontualizadas: adição de escadorios com balaustradas de sinuoso ritmo e multiplicação de aberturas, tanto de fenestras como de varandas e de óculos, e coabitam com algumas reminiscências de tradição medieval. A planta em U de influencia francesa do sec. XVII oferece diversos graus de recriação nacional, desde a ruralidade nortenha da Casa de Pascoaes ou das Flores ao requinte suburbano dos palácios do Calhariz ou dos Tavoras-Galveias, de uma aristocracia cortesã. Linearidade e singeleza de processos, totalmente à margem da linguagem internacionalizada do barroco – que tão só na decoração pétrea das aberturas, e de azulejo, estuque ou pintura dos interiores.

As empreitadas filipinas

À conjuntura sebastica viria a suceder a conjuntura filipina – que se viu já não ser período de deformação cultural. Surgem novas realizações de carácter mais monumental – de linguagem internacional e romana, devedora de tratadistica italiana, a Serlio e certamente a Vignola. Neste período adquire particular valor simbólico, em função da celebração do poder , a edificação do torreão do Paço da Ribeira (1581) devido a Filipe Terzi, que ai respeitaria a memoria militar do torreão manuelino, mas dando-lhe uma expressão francamente apalaçada nos alçados superiores e no coroamento, em cúpula de chumbo. A construção da Igreja de S. Vicente de Fora (iniciada em 1590) deve a Filipe II, e é a sua mais importante acção mecenática. Logo à partida se percebe outra modificação de partidos e gostos, uma vez que este templo se irá substituir à Igreja de S. Sebastião que Afonso Alvares então iniciara no Terreiro do Paço. Alvares representante da geração empírica e chã dos arquitectos-engenheiros, vê o seu trabalho preterido a favor de um investimento na monumentalidade maneiristas à italiana ou a maneira de Roma papal. Provavelmente com programa de Juan de Herrera e acompanhamento de Filipe Terzi, a obra deverá ter sido conduzida por Baltazar Alvares. Em São Vicente adoptará alguns dos predicados do estilo desornamentado português; mas em planta produz um templo inspirado no modelo de Vignola para o Gesu de Roma, com transepto inscrito, capela laterais e capela-mor profunda. Associa-lhes uma original fachada. Este edifício, no qual viriam a desempenhar a função de chefe-de-obra todos os principais arquitectos do reino, constitui-se como modelo, reproduzido depois a diversas instancias noutras cidades do país, ficando-se a dever a Baltazar Alvares quase por certo, as variantes

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