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A INICIAÇÃO ESPORTIVA: FUTSAL

Por:   •  2/6/2021  •  Artigo  •  3.351 Palavras (14 Páginas)  •  144 Visualizações

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INICIAÇÃO ESPORTIVA: FUTSAL

Adriano Nicolau da Veiga

André Luis Rodrigues do Prado

Felipe Paniagua Cavalcanti

Rodrigo Alexandre Mendes da Costa

Professor Cláudio Adão da Rosa

Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Educação Física para Licenciados

Outubro de 2018

RESUMO

Este estudo, fundamentado em pesquisa bibliográfica, tem como objetivo abordar a iniciação esportiva na infância e na adolescência e as implicações dessa dinâmica na vida do sujeito, considerando as dimensões física, social e psicológica. Dá-se ênfase ao futsal, esporte que vem ganhando adeptos no Brasil e que parece animar crianças e adolescentes, já que permite dribles e passes que lembram o antigo futebol de rua, jogado nos terrenos baldios, num tempo em que a molecada parecia ter nascido com o dom de jogar. A interlocução com diversos autores que se dedicam ao tema e suas contribuições teóricas reunidas em livros, trabalhos acadêmicos, artigos científicos e material publicado na internet (textos e vídeos) permitiu fazer uma revisão da literatura e inferir que o futsal pode ser ensinado nas escolas públicas e nas escolinhas de futebol a partir de ações pedagógicas que aliem prazer, brincadeira e educação voltada para um ser social completo, cidadão, respeitador da cultura do seu país. Conclui-se que, mais do que preparar atletas de alto rendimento, é preciso formar cidadãos menos egoístas, mais cooperativos e mais humanos.

Palavras-chave: Iniciação esportiva. Futsal. Cidadania. Escola.

1 INTRODUÇÃO

No Brasil, sempre foi comum jogar futebol, não se limitando a meros passes de bola que horizontalizam o jogo no campo até chegar ao gol. Meninos de todas as idades se vangloriam das “canetas”, “chapéus” e “dribles da vaca” dados nos adversários em partidas de rua. Cada garoto que aprende a jogar sonha em dar um “lençol”. Faz parte da brincadeira e essa ludicidade ajuda crianças e adolescentes a se apaixonarem pelo esporte mais popular do país.

A urbanização enfraqueceu os jogos nas ruas, extinguiu espaços onde antes se colocavam os chinelos para marcar a trave e os times eram escolhidos pelos meninos que eram considerados os melhores. O vídeo Nike Magia (2006) mostra esse encantamento e destaca craques que trouxeram do futebol de rua, e posteriormente do futsal ― modalidade que mais se parece com o antigo futebol de rua ―, o gingado brasileiro que tanta inveja faz aos europeus.

Sem os tantos celeiros da bola que frutificavam nas esquinas, nas praças e quintais, o espaço começou a ser ocupado pelas escolinhas de futebol. Nelas, assim como nas escolas públicas do país, o futsal começou a ser ensinado com instruções técnicas. Compreender esse processo é primordial para que os professores de Educação Física estejam preparados para iniciar crianças e adolescentes no esporte, visando não formar atletas de alto rendimento, mas sim contribuir com sua orientação para a prática esportiva e para o exercício consciente da cidadania, sem perder de vista o encantamento do jogo.

2 O FUTEBOL E O GINGADO BRASILEIRO

O futebol chegou oficialmente ao Brasil no final do século XIX e, nesse período, “o esporte nascido nos campos da Inglaterra era considerado um jogo elitista, no qual apenas jogadores de origem europeia e de clubes privados podiam participar”, mas, em pouco tempo, “o esporte foi ganhando adeptos em áreas mais suburbanas do país” e “foi aí que surgiu a famosa ‘pelada’” (BRANCO, 2016).

As peladas reúnem moleques em jogos de várzea, nas ruas, nos quintais e terrenos baldios. É um futebol com poucas regras e muita garra, onde os dribles são valorizados ― uma característica transmitida para o futsal. Sobre isso, o compositor Chico Buarque (2006), na crônica “O moleque e a bola”, acentua que a pelada é a matriz do futebol sul-americano.

É praticada, como se sabe, por moleques de pés descalços no meio da rua, em pirambeira, na linha de trem, dentro do ônibus, no mangue, na areia fofa, em qualquer terreno pouco confiável. Em suma, pelada é uma espécie de futebol que se joga apesar do chão. Nesse esporte descampado todas as linhas são imaginárias ― ou flutuantes, como a linha da água no futebol de praia ― e o próprio gol é coisa abstrata. O que conta mesmo é a bola e o moleque, o moleque e a bola. (BUARQUE, 2006, p. 57).

Das várzeas para os estádios, foi uma pernada. Já com time disputando Copas do Mundo desde 1930, o futebol brasileiro, “o ‘jogo bonito’, como era chamado pelos britânicos, com gingado, toque de bola, dribles e improvisos, tornou-se um bem nacional” (BRANCO, 2016). É essa ginga comum ao jogador do Brasil que “torna o país o detentor legítimo do futebol-arte” (CANALE, 2009). 

No vídeo Nike Magia (2006) é possível observar a ligação entre o futebol-arte e o futebol gingado de rua. Dois meninos apontam o dedo para os selecionados para formar cada equipe. Um dos chamados é Ronaldinho Gaúcho, que já foi peladeiro de rua e se tornou craque mundial após passar uma temporada no futsal.  Em entrevista ao programa Esporte Espetacular, da TV Globo (2013), o jogador afirma: “O controle de bola, o saber lidar com espaço curto foram fundamentais para mim, aprendi muito com o futsal”.

Os europeus já fazem seus treinamentos procurando imitar o gingado brasileiro, algo difícil para eles, que nunca frequentaram os terrenos baldios, chutando bolas de meia e comendo bolachas recheadas. Falta aos europeus a miscigenação, o toque afro dos capoeiristas, dos sambistas, dos rebolados. Muito se discute hoje se os brasileiros devem retomar o futebol-arte ― o “futebol que sambava com a bola no pé” (HELAL; SOARES, 2003, p. 7) ―, criando condições para o aparecimento de craques como Pelé, que insiste em dizer que aprendeu futebol no quintal, que era como toda criança aprendia antigamente.

2.2 MERCANTILIZAÇÃO

O escritor português José Saramago, que quando menino torcia para o Benfica por influência do pai, desanimou-se com o que chamou de mercantilização do jogo. Prêmio Nobel de Literatura em 1998, ele deu uma entrevista à extinta “A Bola Magazine”, no mesmo ano. (STEIN, 2015).

Também não quero estar aqui com a conversa saudosista do “antigamente é que era bom”. Mas a verdade é que, nessa época, o jogador tinha o seu clube, e clube e jogador estavam pegados um ao outro. A camisa era uma coisa respeitável. Quase como uma outra bandeira. E o Benfica viveu o orgulho de só ter jogadores portugueses… Num tempo não muito distante. E agora o que é que acontece? Caiu-se num exagero. Onde estão hoje o Benfica, o Sporting, o Porto? O futebol não passa de um negócio. Desapareceu uma certa solidariedade de grupo. Isso fez-me desinteressar pelo futebol, mas também é certo que nunca fui um grande aficcionado.(SARAMAGO, 1999 apud STEIN, 2015, np).  

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