Curso de Licenciatura em Educação Física Critico Superadora
Por: 102106 • 28/5/2020 • Trabalho acadêmico • 922 Palavras (4 Páginas) • 204 Visualizações
Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNES
Curso de Licenciatura em Educação Física
O trato do conhecimento: reflexões e aproximações[1]
Como é a sua escola, seus alunos e suas alunas? Como é a Educação Física, suas práticas e seus espaços?
As perguntas acima não são absurdas, não estão deslocadas. Sabemos por experiência como professores/as e/ou alunos/as que “cada escola é uma escola”.
Mudam os muros escolares: mais altos, mais baixos, quebrados, inexistentes...
Mudam as salas: maiores, menores, quentes, “chuvosas” ...
Mudam os alunos e alunas...
Na educação física podemos Ter ginásios ou apenas um pedaço de chão batido.
Muitas bolas, cordas, elásticos ou quase nada.
As crianças podem brincar de pegar ou de vídeo-game. Navegar na internet ou vender picolé nas horas vagas. Jogar bola ou se imobilizar com o televisor.
É nessa diversidade de espaços físicos, sonhos (alimentados ou castrados), “jeitos de ser”, que devemos nos movimentar pedagogicamente.
Construir um conjunto de conteúdos que atenda a situação absolutamente específica, única de cada escola (ou de cada turma) é o primeiro grande desafio. Organizar e sistematizar esses conteúdos o segundo passo.
Na educação física temos uma hegemonia do conteúdo esporte não sendo o objetivo desse texto aprofundar esse debate específico. Ainda mais perigosa é a restrição do tema esporte a apenas algumas modalidades tradicionalmente trabalhadas.
Discutir a seleção de conteúdos não significa “jogar tudo fora”, significa porém que o “tudo” pode ser muito mais amplo do que imaginamos. Mas se é necessário pensar e repensar os conteúdos (de forma mais reduzida: repensar as modalidades esportivas), quais os critérios poderemos usar para esse fim.
O livro “Metodologia do Ensino de Educação Física” oferece contribuição incalculável. Aponta como princípios para seleção dos conteúdos: A Relevância Social, A contemporaneidade e A Adequação as possibilidades sócio-cognoscitivas.
Correndo o risco do simplismo faremos um esforço de exemplificar, objetivando uma aproximação com os conceitos. Em uma comunidade próxima ao mar, descobrimos uma relação muito passional/emocional das crianças com a brincadeira de pipa. Soltar pipa para aquelas crianças significa aprimorar a criatividade e engenhosidade da confecção e testar a habilidade nos desafios com outras pipas. Se projetarmos a pesca feita com uso de pipas a conexão com o mundo adulto se evidencia. Isso é relevante!!
O que há de avanço, o que desperta o interesse da mídia, pode por vezes ser indicador na seleção de conteúdos. A mídia aponta temas contemporâneos que podem/devem ser utilizados. Não é o caso de ser pautado pela mídia, mas utilizar o poder de disseminação cultural que ela possui para carregar de sentido/significado os conteúdos tratados. Fazer do “limão uma limonada”. Isso é contemporâneo!!
A adequação evita constrangimentos e decepções. O diagnóstico criterioso da realidade permitirá perceber se o conteúdo é desafiador ou impossível, interessante ou bizarro, estimulante ou frustrante.
Zero para a fórmula um inatingível para os alunos/as do bairro. Dez para a “corrida de carretilhas”, perfeitamente adequada aos alunos e alunas!!
Depois de selecionados, os conteúdos precisam ser sistematizados e organizados. Novamente alguns princípios podem ser orientadores: Confronto e contraposição de saberes, simultaneidade, espiralidade da incorporação das referências e provisoriedade.
Determinada escola, certa vez, recebeu várias mesas e material para a prática do tênis de mesa. A referência dos alunos/as da escola era até aquele momento o “pingue-pongue” (no sentido dado pelo senso comum). Após a apresentação de vídeos com jogos de Tênis de mesa, estudo das regras e vários debates, os alunos/as não só produziram uma outra referência do jogo, como puderam optar por suas próprias fórmulas. No confronto entre os saberes todos avançaram para um novo entendimento, sem vitoriosos ou derrotados.
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