Judô: Sua História e Origem no Rio Grande do Sul/Brasil

A história do Judô no Rio Grande do Sul

Embora Mitsuo Maeda, discípulo de Kodokan, chegou a Porto Alegre em novembro de 1914, vindo do Uruguai, se apresentado na capital gaúcha com seu grupo, este fato não deu início a uma prática sistemática do judô no Rio Grande do Sul.

No Rio Grande do Sul, o judô começou a ser praticado ao final da década de 1940. Os primeiros professores de Judô foram pessoas sem formação acadêmica, que trabalhavam dando ênfase ao aspecto de defesa pessoal, participando de apresentações de circo e “desafios” públicos. E as práticas de luta em Porto Alegre ainda se confundiam em estilos e nomenclaturas sem que se possa afirmar que o judô de Kano estivesse realmente representado.

A partir da década de 50 ocorreu a “purificação” do judô no estado, sendo adotada a nomenclatura correta, em japonês, e a definitiva separação do judô de outras formas de luta, principalmente do jiu-jitsu.

O Judô no Rio Grande do Sul aconteceu, em grande parte, por obra e inspiração do Professor Aluízio Nogueira Bandeira de Mello, que passou para a história do judô gaúcho como professor Laonzi. Suas aulas eram inicialmente ministradas na sede do Clube Cruzeiro que era localizada na Rua dos Andradas, posteriormente se transferiu para a esquina das Ruas Riachuelo com Caldas Junior, onde se localizava o Sport Clube Ruy Barbosa. O departamento de Judô do Ruy Barbosa, com o nome de Dojô Professor Loanzi, foi o formador dos primeiros atletas do Rio Grande do Sul, e por lá passaram professores que formariam a base do judô gaúcho, tais como Osvaldo Monteiro dos Santos, Luiz Escandiel e Francisco Xavier de Vargas Neto.

O judô no Sport Clube Ruy Barbosa começou com o professor japonês Takeo Yano, que por questões de dividas, repassou o dojô para Januário Dias Resende, e após este fato Januario convidou Loanzi para lecionar no Ruy Barbosa.

Embora sendo já conhecida como academia de judô, os termos utilizados na Ruy Barbosa eram totalmente diferentes dos empregados hoje em dia. A nomenclatura da época era em português e se confundia com termos utilizados na luta-livre e no jiu-jitsu, pois os atletas e técnicos transitavam entre diferentes formas de lutas.

As primeiras competições aconteceram no acanhado espaço do Sport Clube Ruy Barbosa, na mesma área que era utilizada para treinamentos. Um fato que foi determinante para definitiva separação do judô das outras formas de luta foi à realização no Rio de Janeiro de um Campeonato reunindo atletas de vários Estados.

No ano de 1959 os atletas gaúchos realizam estágio em São Paulo – SP, na academia de Ryuzo Ogawa, para um período de treinamento e aperfeiçoamento, participaram desse estágio Newton Cardoso, Osvaldo Monteiro dos Santos e Delamar Teixeira da Silva. Este estágio significou o contato do Rio Grande do Sul com os termos japoneses, que eram usados no mundo inteiro, garantindo a unidade e facilitando o intercâmbio entre os mais diferentes países com seus idiomas próprios.

Na Década de 1960 Este período ainda é caracterizado pela dificuldade de diferenciar o judô de Kano de outras formas de luta. A criação de um departamento de judô na Federação Gaúcha de Pugilismo e a sua posterior desvinculação para a criação da Federação gaúcha de Judô em 1969, foi possivelmente o principal fato desta década. A inclusão do Judô dentro dos conteúdos da disciplina de Ataque e Defesa na Universidade Federal do Rio Grande do Sul- UFRGS inicia o processo de formação acadêmica no judô no Estado.

A década de 70 se caracteriza pela consolidação do Judô no Estado e do reconhecimento da sua Federação como o órgão que regula o sistema de competições e graduações no RS. A Federação Gaúcha de Judô, que já teria sido fundada no ano anterior é aceita, em 04 de setembro de 1970 como entidade filiada a Confederação Brasileira de Judô. A década de 1970 no estado teve a supremacia dos atletas de Pelotas na classe Sênior.

Na década de 80 aparecem os primeiros resultados gaúchos em competições internacionais, com destaque para as mulheres. Estes resultados foram fruto do trabalho liderado por Cesar Hernandez que iniciou com o Judô feminino no estado na década de 1970, primeiramente no Esporte Clube Ruy Barbosa e depois na Academia Stylo.

O período dos anos 90 caracteriza-se por resultados significativos dos atletas gaúchos em competições nacionais e diversas participações internacionais representando o Brasil. Vinda ao Estado de professores japoneses e de outros países que trouxeram a sua contribuição para o desenvolvimento do Judô do Rio Grande do Sul além do um maior intercâmbio dos professores gaúchos.

Cronograma com os Primeiros Títulos Nacionais de atletas gaúchos, Participação em Olimpíadas, participação e títulos em Campeonatos Mundiais.

Ano de 1954 – Nesse ano realizou-se no Rio de Janeiro, nas dependências do Tijuca Tênis Clube, sob a direção da Confederação Brasileira de Pugilismo o 1° Campeonato Brasileiro de Judô,  com a presença de uma delegação do Rio Grande do Sul que se sagrou terceira colocada por equipes.

Ano de 1972 – O atleta Francisco Xavier de Vargas Neto é o primeiro atleta do RS a conquistar uma medalha em campeonatos brasileiros na categoria sênior (Vice-Campeão peso Pena).

Ano de 1976 – Celso Palma, atleta da Sociedade Gondoleiros vence o Campeonato Brasileiro Juvenil sendo um dos primeiros títulos nacionais de atletas gaúchos.

Ano de 1978 – Francisco Xavier de Vargas Neto é o primeiro atleta do RS a ser convocado para a seleção brasileira universitária na qualidade de reserva para participar do Campeonato Mundial Universitário no Rio de Janeiro.

Ano de 1980 – Iara Mary Cunha atleta da Academia Stylo, participa do primeiro Campeonato Mundial de Judô em New York, tornando-se a primeira gaúcha a representar o Brasil em um Campeonato Mundial.

Ano de 1986 – Rosimere Salvador da Associação dos Amigos do Centro Estadual de Treinamento Esportivo - AACETE de Porto Alegre, sagrou-se Vice-Campeã Pan-americana na categoria Pesado no IV Campeonato Pan-americano Feminino, realizado na cidade de Salinas, Porto Rico, sendo a primeira gaúcha a conquistar uma classificação internacional representando a Seleção Brasileira de Judô.