Cesariana perimortem
Por: Jaquelinesd • 31/5/2016 • Artigo • 759 Palavras (4 Páginas) • 597 Visualizações
O termo cesariana perimortem(CPM) refere-se à realização de parto via cesariana em situação de gestante in extremisou sob ressuscitação cardiopulmonar (RCP). A história desse procedimento é bastante antiga. Quase todas as mitologias referem-se a heróis e deuses cujos nascimentos ocorreram de forma “milagrosa” com suas mães morrendo após o nascimento. De acordo com a mitologia Grega, o médico Asclepios veio ao mundo pelo seu pai, Apollo, que o retirou do útero de Koronis, que estava morta; mas o primeiro relato confiável de sucesso da CPM é de Pliny, o Ancião, que descreve o nascimento, em 237 a.C., de Scipio Africanus, general romano que derrotou Hannibal. O termo cesariana surgiu não do nascimento de Julius Caesar, mas da decisão proferida por Numa Pompilus, o segundo rei de Roma, que no ano de 715 a.C decretou a via abdominal como meio de retirada do feto de uma gestante que viesse a óbito. Esta decisão passou a fazer parte da Lex Regia, que sob o imperador Caesar tornou-se Lex Cesare, a Lei de César A prática da CPM foi mantida na Idade Média, principalmente, por questões religiosas. Atualmente, a CPM mantém-se como alternativa às situações de parada cardíaca materna, evento raro que acontece em 1/30.000 gravidezes Seu manejo exige uma resposta coordenada, imediata e multidisciplinar. As equipes devem estar treinadas para iniciar a RCP de boa qualidade e preparados para realizarem CPM. Erros nesses processos resultam em diminuição das taxas de sobrevivência materna. A CPM realizada em tempo adequado é benéfica para o feto e para a mãe, permitindo uma RCP materna efetiva e menor tempo de hipóxia para ambos indivíduos; consequentemente, menor taxa de sequelas neurológicas. O objetivo desta revisão sistemática é encontrar na literatura evidências que permitam uma prática mais consistente e otimizada da CPM.
DIAGNOSTICO
É importante definir quais as causas de parada cardiorrespiratória (PCR) na gestante. Desse modo, também são sinalizadas as indicações de CPM. Os principais fatores etiológicos da parada cardíaca entre as gestantes estão listados na. Alguns são associadas à própria gestação e outros resultam de condições prévias. Entre as causas obstétricas, o quadro de pré-eclâmpsia é um fator significativo para a morte materna e fetal. As complicações da pré-eclâmpsia, que podem precipitar parada cardíaca, incluem eclâmpsia, edema, acidente vascular e edema cerebral, edema pulmonar, disfunção cardíaca, síndrome HELLP, cujo quadro consiste em hemólise, elevação de transaminases e plaquetopenia Esses fatores diferem um pouco das causas de parada cardíaca em pacientes não grávidas.
O tempo para se iniciar a intervenção é de fundamental importância tanto para o prognóstico materno quanto fetal. Atividades que consomem tempo, como monitorização fetal e transporte para o centro cirúrgico, reduzem a chance de sobrevivência de ambos e devem ser evitados. Em caso de morte fetal, a cesariana perimortemdeverá ser realizada para melhorar a ressuscitação materna. Portanto, o processo será peri-morte e não pós-morte.
Segundo a AHA e o Royal College of Obstetricians and Gynaecologists, a cesariana perimortem estará indicada quando:
- Ausência de retorno da circulação espontânea por quatro minutos;
- Idade gestacional estimada superior a 20 semanas;
- Útero ao nível ou acima da cicatriz umbilical, caso não se saiba a idade gestacional.
Na cesariana perimortem, o aspecto mais importante é que seja realizada em tempo hábil. É recomendado gastar um minuto entre o início da cirurgia e o nascimento do bebê Com relação à técnica utilizada, apesar de ser proposto em muitos artigos que se deve optar pela incisão mediana, o médico deve optar pela técnica que se sente mais confortável e mais rápido. Os médicos devem lembrar que não é o tipo de incisão mas sim o tempo entre a parada e o nascimento que é o mais crítico para a sobrevivência fetal e esse tempo não deve ser gasto refletindo-se sobre qual o tipo de incisão adequada.
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