PROJETO TERAPÊUTICO SINGULAR JUNTO A ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA
Por: Vitor Santos • 9/8/2018 • Pesquisas Acadêmicas • 1.276 Palavras (6 Páginas) • 1.450 Visualizações
PROJETO TERAPEUTICO SINGULAR JUNTO A ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMILIA
JOSÉ VITOR DOS SANTOS
Introdução
A Estratégia Saúde da Família (ESF) tem como objetivo a reorganização da Atenção Básica à Saúde (ABS) no Brasil de acordo com os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS). Essa estratégia foi concebida pelo Ministério da Saúde (MS) para melhorar a saúde da população em seu território. A ESF contribui para a consolidação da ABS por beneficiar a reorganização do processo de trabalho nesse componente da Rede de Atenção à Saúde (RAS) e expande a resolutividade da situação de saúde das pessoas e coletivos (BRASIL 2012).
Um ponto importante é o estabelecimento de uma equipe multiprofissional (equipe de Saúde da Família – ESF) composta por, no mínimo: (I) médico generalista, ou especialista em Saúde da Família, ou médico de Família e Comunidade; (II) enfermeiro generalista ou especialista em Saúde da Família; (III) auxiliar ou técnico de enfermagem; e (IV) agentes comunitários de saúde. Podem ser acrescentados a essa composição os profissionais de Saúde Bucal: cirurgião-dentista generalista ou especialista em Saúde da Família, auxiliar e/ou técnico em Saúde Bucal.
A ESF fundamenta o trabalho em equipe interdisciplinar oportunizando o estabelecimento de vínculo entre profissionais e população de maneira longitudinal, com vistas à promoção da saúde e a autonomia destes por meio da corresponsabilização. Os profissionais da ESF atuam nos processos de saúde-doença dos usuários que cuidam, elaboram planos de cuidado e ações terapêuticas como, por exemplo, o Projeto Terapêutico Singular (PTS) (RAMOS; DAM, 2010).
Segundo a Política Nacional de Humanização, o Projeto Terapêutico Singular (PTS) é um movimento de coprodução e de cogestão do processo terapêutico de indivíduos ou coletivo, em situação de vulnerabilidade. Entende-se por vulnerabilidade a situação em que os indivíduos apresentam dificuldades ou impossibilidade para se prevenir ou sair de uma situação. No caso da família da nossa situação problema, o contexto da exploração do trabalho, alta jornada de trabalho e as condições inadequadas de vida eram fatores que os deixavam vulneráveis ao adoecimento e que impediam a superação dessa situação. O PTS pode ser definido como uma estratégia de cuidado que articula um conjunto de ações resultantes da discussão e da construção coletiva de uma equipe multidisciplinar e leva em conta as necessidades, as expectativas, as crenças e o contexto social da pessoa ou do coletivo para o qual está dirigido (BRASIL, 2007).
Destaca-se que a importância de se investigar o PTS no âmbito da ESF, tema que reflete a relação entre a Política Nacional de Atenção Básica a Saúde (PNAB) e a PNH, permite ampliar o conhecimento acerca deste instrumento, capaz de sistematizar casos complexos, recentemente criado no Brasil e utilizado entre os profissionais da ESF. Entendemos que, na medida em que os profissionais organizam seu processo de trabalho com o PTS, possibilitam o trabalho interdisciplinar, garantem a qualidade na integração entre os pontos da Rede de Atenção à Saúde e proporcionam melhora do vínculo entre profissionais, usuários e gestor (LINASSI et al 2011).
OBJETIVO
Elaborar uma revisão integrativa de literatura sobre o projeto terapêutico singular, junto a estratégia de saúde da família.
METODOLOCIA
Este estudo constitui uma revisão bibliográfica sobre PTS junto a ESF. A coleta de dados foi realizada no período de 15 de março a 27 de abril de 2017, e utilizou-se para a pesquisa as bases de dados Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Scientific Eletrônic Library Online (SCIELO), site do Ministério da Saúde (MS) e protocolos existente sobre o assunto em questão.
RESULTADO E DISCUSSÃO
Para estimular uma equipe da ESF a desenvolver um cuidado que considere novas práticas assistenciais como a utilização do PTS, é indispensável que os trabalhadores envolvidos incorporem novos conhecimentos, mudem a cultura do modelo assistencial tradicional e ampliem o compromisso com a gestão do cuidado. A fim de garantir esta prática, a PNH traz o PTS como um dispositivo para facilitar a mudança para novos paradigmas da saúde (ARAUJO, ROCHA 2007).
Segundo Campos (2003), a utilização do PTS como dispositivo de intervenção desafia a organização tradicional do processo de trabalho em saúde, pois pressupõe a necessidade de maior articulação entre os profissionais e a utilização das reuniões de equipe como um espaço coletivo sistemático de encontro, reflexão, discussão, compartilhamento e corresponsabilização das ações, com a horizontalização dos poderes e conhecimentos.
O contato e o vínculo são fatores condicionantes para a construção do PTS, sendo estes um desafio enfrentado pelas equipes da ESF. O usuário busca na equipe de referência suporte para a sua situação de saúde-doença e o profissional capacitado atende e cuida deste, o que fortalece o vínculo entre eles e estabelece uma relação de confiança e compromisso (MONTEIRO; FIGUEIREDO; MACHADO; 2009).
A construção do vínculo ocorre através da relação dos profissionais e sujeitos, sendo assim, os profissionais de saúde são agentes do cuidado, e devem ser capazes de efetuar acolhimento, responsabilizações e vínculo, considerando sempre as necessidades dos sujeitos (MERHY; 2002).
O Núcleo de Apoio à Saúde da Família deve ser composto por profissionais de diferentes áreas de conhecimento, para atuarem no apoio e em parceria com os profissionais das equipes da ESF. Ao utilizar dispositivo como o PTS, este apoio pode ser organizado na forma de matriciamento das equipes, que são agendados de acordo com as necessidades encontradas e a disponibilidade das mesmas. O apoio matricial garante intervenção interdisciplinar, com troca de conhecimentos, capacitação e corresponsabilização, propiciando experiência para ambos os profissionais envolvidos na construção do PTS. Com destaque em estudo e discussão de casos e situações, realização de PTS, orientações em espaços de reuniões, bem como consultas e intervenções conjuntas (MINISTÉRIO DA SAUDE; 2010).
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