As Barragens de Rejeitos de Mineração
Por: Júlia Orsi • 9/3/2020 • Trabalho acadêmico • 1.622 Palavras (7 Páginas) • 183 Visualizações
INTRODUÇÃO
No Brasil, existem 780 barragens de rejeitos de mineração, e que fazem parte das 24.092 analisadas no relatório da Agência Nacional de Águas (ANA), órgão do governo federal. A maioria das barragens, 9.827, ou 41% do total, são de irrigação, sem relação com a mineração.
Um documento da ANA revela que 723 barragens são classificadas como "de alto risco". Outras 45 estão com as estruturas comprometidas. O relatório não especifica se elas são barragens de irrigação ou se contêm rejeitos da exploração de minérios
Brumadinho é um município brasileiro no estado de Minas Gerais, Região Sudeste do país. No início da tarde do dia 25 de janeiro de 2019, o município sofreu um grande desastre imensurável, devido ao rompimento de uma barragem de rejeitos na mina de ferro Córrego do Feijão, operada pela mineradora VALE S.A.
O rompimento da Barragem, liberou mais de 13 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério de ferro, atingindo áreas administrativa da Vale, bairros e comunidades próximas, pousadas, áreas de cultivo, pastagens, estradas, vias rurais, como também chegando no rio Paraopeba. O desabamento de lama, deixou grande rastro de destruição, dezenas de vítimas e consequências futuras para a região.
A tragédia ocorrida na mineradora Vale, repercutiu no mundo inteiro. A situação é de desespero porque o impacto gerado pelo desabamento é enorme, o cenário é catastrófico, indo muito além de um desastre ambiental. Segundo estudo realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), foram investigados os possíveis impactos na saúde após rompimento de barragem de Brumadinho, como a existência do risco de agravamento de doenças crônicas entre os atingidos, a piora de saúde mental e problemas como acidentes domésticos e doenças respiratórias decorrentes da toxicidade da lama.
RISCOS QUÍMICOS E BIOLÓGICOS DA TRAGÉDIA
O perigo em Brumadinho não se limita ao possível rompimento de novas barragens na região. A lama que arrastou parte da mina da Vale, construções e estradas traz consigo riscos imediatos e futuros à saúde para quem teve contato com o barro e quem vive próximo ao rio Paraopeba.
Doenças infectocontagiosas ou parasitárias, por conta do barro, o aumento da dengue, leptospirose e de febre amarela.
Substâncias químicas e tóxicas no local, o que aumenta o risco de contaminações e intoxicações.
Foram identificados 13 elementos químicos, entre eles níquel, magnésio e cádmio, usados na mineração na região do quadrilátero ferrífero em Minas.
São chamados elementos traço e mesmo em quantidade pequena podem ser prejudiciais. O problema é que não é possível medir qual a concentração a qual as pessoas foram expostas.
O rejeito de mineração contém, basicamente, óxido de ferro, amônia, muita sílica, silte e argila. Barragens muito antigas podem ter elementos altamente tóxicos, podendo até conter mercúrio e arsênio.
Somam-se a isso outras substâncias armazenadas nos galpões da Vale e até mesmo as que estavam no caminho por onde a lama passou.
Os rejeitos que chegam aos rios da região podem contaminar a fauna e a flora, eventualmente afetando a cadeia alimentar. Para os humanos os riscos são, principalmente, o consumo de peixes que tenham tido contato com os resíduos e rejeitos acumulados no fundo dos rios. Os resultados poderão ser percebidos somente daqui a anos poderão surgir casos de câncer e de doenças autoimunes e podemos não as associar ao rompimento da barragem.
AUMENTO DE VETORES
Após o ocorrido da tragédia que tornou Brumadinho em uma área devastada e por meio da perda de boa parte da fauna da região cuja dieta era baseada em insetos, exemplo: sapos, lagartos e aranhas; houve um crescimento significativo de mosquitos. Graças ao crescimento da população de mosquitos houve um aumento de quase 3.000% nos casos de dengue na população. Sendo também um local que há transmissão de febre amarela desde 2010 com possíveis mortes confirmadas, consequentemente, com o aumento de mosquito o risco se agrava para a população em Brumadinho. Sabendo do ocorrido em 2019 o especialista do FUNED (Fundação Ezequiel Dias) foi até o local para capturar mosquitos para monitorar possível surto. As entidades competentes para o caso estão fazendo o trabalho necessário para amenizar as consequências nos casos de dengue e febre amarela, onde já havia casos antes da tragédia, por tanto uma intensificação de especialistas no local é muito importante para que não ocorra um possível surto.
Houve também muitos casos de intoxicação por metais pesados devido à contaminação de afluentes próximos ao locais da tragédia, esses rejeitos de minérios foram levados pela onda de devastação até os rios e afluentes próximos e se encontram depositados nos fundos dos rios da região, tornando impróprio o consumo daquela água pela população e inviabilizando o uso dela para irrigação de plantações de fazendas situadas nas proximidades de Brumadinho. O índice de qualidade da água obtido em 10 pontos foi ruim e, em 12 pontos, foi péssimo. O que significa que a água está imprópria para uso.
O alerta já havia sido feito pelas secretarias de Saúde, de Meio Ambiente e de Agricultura de Minas Gerais. “A orientação de não se utilizar a água bruta do rio, sem tratamento, é válida para qualquer finalidade: humana, animal e atividades agrícolas”, diz nota conjunta dos órgãos.
Desde o rompimento da barragem, a Agência Nacional de Águas (ANA), junto com o Serviço Geológico do Brasil, monitora as condições do rio. Ao mesmo tempo, a Vale negocia com a Secretaria de Meio Ambiente de Minas Gerais um plano de recuperação do rio.
TIPOS DE CONTAMINAÇÃO
Cobre: O metal cobre é tóxico quando não está ligado a uma proteína e é assim que ele se encontra nas amostras de água analisadas. O consumo de quantidades relativamente pequenas de cobre livre pode provocar náuseas e vômitos. Se os sais de cobre, não ligados a proteínas, forem ingeridos em grandes quantidades, podem lesar os rins, inibir a produção de urina e causar anemia devido à destruição de glóbulos vermelhos (hemólise).
Manganês: A contaminação por manganês ocorre por ingestão. Existe o risco de seres humanos apresentarem sintomas como rigidez muscular, tremores das mãos e fraqueza.
Pesquisas
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