INTOXICAÇÃO POR PESTICIDAS: ENVENENAMENTO MISTERIOSO DE UMA CRIANÇA
Por: Isabella Silvestre • 20/6/2018 • Trabalho acadêmico • 1.140 Palavras (5 Páginas) • 353 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIAS
FACULDADE DE FARMÁCIA
DISCIPLINA DE TOXICOLOGIA APLICADA
INTOXICAÇÃO POR PESTICIDAS
ENVENENAMENTO MISTERIOSO DE UMA CRIANÇA
- Trata-se de um pesticida organofosforado, sendo o provável diagnóstico pois não só o uso de Atropina foi insuficiente para reverter o quadro do paciente, mas também porque ele só melhorou após a administração de Pralidoxima, usualmente utilizada como antídoto para intoxicação por organofosforados.
- A via de intoxicação nesse caso foi a cutânea, podendo ter retardado a absorção da substância e, por isso, os sinais e sintomas demoraram a iniciar.
- Foi utilizada como um teste para a suspeita de intoxicação por opióides a Naloxona, um antagonista de opióides indicado para o tratamento de emergência de superdose ou intoxicação aguda por opióides.
- As fasciculações podem ter originado da interação entre o pesticida e os receptores nicotínicos nas junções neuromusculares do músculo esquelético, que além dessas, também pode gerar fadiga, fraqueza generalizada, contrações involuntárias, fraqueza intensa e paralisia.
- Manifestações muscarínicas: falta de apetite, náuseas, vômitos, cólicas abdominais, diarreia, incontinência fecal, dor ao defecar; broncoespasmos, dificuldades respiratória, aumento da secreção brônquica, rinorréia, cianose, edema pulmonar não cardiogênico, tosse e dor torácica; lacrimejamento, salivação e sudorese; incontinência urinária; bradicardia, hipotensão, raramente fibrilação atrial;
Manifestações nicotínicas: fasciculações musculares, tremores, câimbras, fraqueza, ausência de reflexos, paralisia muscular (incluindo musculatura respiratória acessória) e arreflexia; hipertensão, taquicardia, palidez, pupilas dilatadas (midríase) e hiperglicemia.
- Utiliza-se a atividade de colinesterase plasmática, ou pseudocolinesterase, atividade eritrocitária, creatino-fosfo-quinase (CPK) e eletromiograma para diagnosticar intoxicação por inibidores da colinesterase. A dosagem dos níveis de colinesterase plasmática é a mais utilizada, mesmo a dosagem dos níveis da colinesterase eritrocitária sendo mais específica para intoxicações, por ser mais prática e sensível.
- A ação da Pralidoxima consiste em reativar a colinesterase inativada pela ação dos compostos organofosforados, ela ativa a hidrólise da acetilcolina acumulada. Por isso a associação com a atropina é importante, devido aos fármacos atuarem de maneira sinérgica por diferentes mecanismos de ação, sendo a atropina responsável por bloquear os efeitos da acetilcolina nos receptores muscarínicos e a pralidoxima por reverter a colinesterase.
INTOXICAÇÃO POR LINDANO
- Pelo fato de os compostos organoclorados serem bem absorvidos pela via oral e aumentaddos na presença de lipídeos, os efeitos tóxicos no caso de ingestão da loção pela criança provavelmente teriam sido bem maiores.
- A convulsão é um dos primeiros sinais de intoxicação pela ingestão de lindano e pode ocorrer após 20 minutos da ingestão. O fato de ter demorado 12 horas para iniciar pode ter sido por causa da via de contaminação, no caso a absorção pela pele, e por a dose administrada ser baixa.
- O banho quente provoca abertura dos poros e vasodilatação, aumentando mais ainda a absorção pela pele, que pele fria e seca já possui sucesso no tratamento.
- A hemodiálise, a hemoperfusão com carvão ativado e a diálise peritoneal não influenciam na remoção do Lindano por ser um fármaco aplicado na pele por um período limitado de tempo, assim sua absorção é insignificante.
- Não existe antídoto para organoclorados.
- Atualmente, a NR-7 (Norma Regulamentadora – 7 que trata do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional) não aborda valores de referência e índice biológico máximo permitido (IBMP) para os organoclorados.
- Ivermectina, dose única, VO, obedecendo a escala de peso corporal (15 a 24 kg - 1/2 comprimido; 25 a 35 kg - 1 comprimido; 36 a 50 kg - 1 1/2 comprimidos; 51 a 65 kg – 2 comprimidos; 65 a 79 kg - 2 1/2 comprimidos; 80 kg ou mais, 3 comprimidos ou 200 mg/kg), a dose pode ser repetida após uma semana. Permetrima a 5% em creme, uma aplicação à noite, por 6 noites, ou deltametrina, em loções e shampoos, uso diário por 7 a 10 dias. Enxofre a 10% diluído em petrolatum deve ser usado em mulheres grávidas e crianças abaixo de 2 anos de idade. Pode-se usar anti-histamínicos sedantes (dexclorfeniramina, prometazina), para alívio do prurido. Havendo infecção secundária, utiliza-se antibioticoterapia sistêmica. Evitar a iatrogenia utilizando o escabicida repetidas vezes. Considerar fracasso terapêutico a presença de sinais e sintomas após 2 semanas. Se os sintomas reaparecerem após 4 semanas, considerar reinfestação.
INTOXICAÇÃO POR PARAQUAT
- Tabela 1. Exames laboratoriais.
Exames laboratoriais | Resultados | Valores normais |
Hematócrito | 45% | 40 a 50% |
Contagem de leucócitos | 21.000/mm3 | 4.000 a 11.000/mm3 |
Uréia | 100 mg/dL | 15 a 45 mg/dL |
Creatinina sérica | 9 mg/dL | 0,7 a 1,3 mg/dL |
pH | 7,42 | 7,34 a 7,44 |
pO2 | 58 mm Hg | 80 a 100 mmHg |
pCO2 | 33 mm Hg | 35 a 45 mmHg |
CPK | 6996 U/mL | 32 a 294 U/mL |
LDH | 493 U/mL | Até 190 U/mL |
TGO sérico | 128 U/mL | Até 37 U/mL |
Fosfatase alcalina | 122 U/mL | 25 a 100 U/mL |
CPK: creatinina fosfoquinase; LDH: desidrogenase láctica; TGO: transaminase glutâmica oxalacética.
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