TRABALHO DE NEURO
Por: Aline Córdova • 7/9/2016 • Trabalho acadêmico • 2.235 Palavras (9 Páginas) • 550 Visualizações
INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR DA GRANDE FLORIANÓPOLIS – IESGF
FACULDADE DE FISIOTERAPIA
Aline Córdova
Anna Luiza Galvão
Marcela de Freitas
Nicole Lima
Yasmin Prockmann
SÍNDROME DE HUNTER
São José
2016
SÍNDROME DE HUNTER (MUCOPOLISSACARIDOSE II)
INTRODUÇÃO
As mucopolissacaridoses (MPS) são um grupo heterogêneo de doenças de depósito causadas pela deficiência de enzimas lisossômicas necessárias para a degradação dos mucopolissacarídeos ou glicosaminoglicanos (GAGs). Os pacientes com MPS acumulam GAGs que, ao serem excretados em excesso na urina podem ser identificados por testes bioquímicos. A classificação das MPS é baseada na deficiência enzimática específica, bem como fenótipos semelhantes para deficiências enzimáticas diferentes. As MPS são doenças raras isoladamente, mas no seu conjunto tem como incidência estimada de 1:10.000 e 1:25.000 nascimentos. Estas doenças são transmitidas de modo autossômico recessivo, com exceção da MPS II (síndrome de Hunter), que é ligada ao X.
De acordo com a enzima deficiente, as MPS são classificadas em MPS I (deficiência de α-L-iduronidase), MPS II (deficiência de Iduronato-sulfatase), MPS III-A (deficiência de Heparan N-sulfatase), MPS III-B (deficiência de α-N-acetil-glicosaminidase), MPS III-C (deficiência de acetil-CoA-α-glicosamina acetiltransferase), MPS III-D (deficiência de N-acetil-glicosamina-6-sulfatase), MPS IV-A (deficiência de galactose 6-sulfatase), MPS IV-B (deficiência de β-galactosidase), MPS VI (deficiência de N-acetil-galactosamina 4-sulfatase), MPS VII (deficiência de β-glicuronidase) e MPS IX (deficiência de hialuronidase).
Cada tipo de MPS associa-se a uma grande heterogeneidade clínica: em relação à MPS I, por exemplo, a forma mais grave (caracterizada por retardo mental, envolvimento somático grave e óbito em idade inferior a 10 anos) costuma ser denominada síndrome de Hurler, enquanto a forma atenuada (caracterizada por cognição preservada e menor envolvimento somático) é denominada síndrome de Scheie. Em todos os tipos é frequente a ocorrência de macrocefalia, hepatoesplenomegalia, hérnia umbilical e inguinal, displasia óssea, atraso no desenvolvimento motor, hipoacusia, dificuldade respiratória, alterações faciais e dentárias, língua volumosa, cardiopatia e limitação da mobilidade articular. Opacificação de córnea não é frequente nas MPS II, III e IV, e as MPS IV e VI não costumam estar associadas a retardo mental.
De todas elas, é a do tipo I que mais precocemente se manifesta e que também mais precocemente leva à morte.
A SÍNDROME
A mucopolissacaridose tipo II (MPS II ou Síndrome de Hunter) foi descrita pela primeira vez em 1917 por Charles Hunter. A MPS II é uma doença rara, com frequência variável entre os grupos populacionais. Na Grécia, por exemplo, um estudo comprovou que a síndrome de Hunter seria a terceira doença lisossômica mais frequente, correspondendo a 7,6% dos casos diagnosticados.
No Brasil não temos dados exatos sobre a incidência das mucopolissacaridoses, embora se saiba que elas têm uma alta frequência relativa entre os erros inatos do metabolismo. A MPS II é uma das mais frequentes diagnosticadas, no Brasil, entre as MPS.
Sobre a etiologia, o defeito primário da síndrome é a deficiência da enzima iduronato-2-sulfatase (IDS), o qual pode ser medido nos leucócitos periféricos. Por esta razão, ocorre o aumento na concentração urinária dos GAGs dermatan sulfato e heparan sulfato.
O gene que codifica a IDS está localizado em Xq27.3-q28. Até agora não foi determinada uma correlação precisa entre genótipo-fenótipo. Por ser uma doença de herança recessiva ligada ao X, é quase exclusivamente vista em indivíduos do sexo masculino, sendo que apenas um pequeno número de mulheres tem sido diagnosticado com MPS II, a maioria delas causada por translocação anormal do cromossomo X ou inativação não aleatória do cromossomo X. É importante lembrar que pode haver dificuldade na interpretação de resultados em mulheres heterozigotas.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
As manifestações clínicas mais freqüentemente encontradas são face grosseira, alterações esqueléticas, baixa estatura, contraturas articulares, atraso do desenvolvimento neuropsicomotor, infecções recorrentes de vias aéreas superiores e inferiores, surdez e cardiopatia. Opacificação de córnea e giba tóraco-lombar não são freqüentes. Lesões papulares no dorso, braços e nádegas são típicas da MPS II, ocorrendo muito raramente em outras MPS. As manifestações esqueléticas são conjuntamente chamadas de disostose múltipla e incluem macrocefalia, sela túrsica em J, redução do diâmetro ântero-posterior das vértebras, coxa valga, irregularidade da diáfise dos ossos longos e displasia da epífise dos ossos tubulares curtos.
Podemos distinguir duas variantes de acordo com a clínica:
- A forma grave – MPS IIA – É caracterizada por estatura baixa, traços faciais grosseiros, rigidez articular, deformidades esqueléticas incluindo disostose múltipla e cifoescoliose, bem como distúrbios do sono (apnéia do sono), alterações do comportamento e deficiência mental. O início da doença ocorre, geralmente, entre dois e quatro anos de idade com envolvimento neurológico e somático progressivo. Pode ocorrer grave comprometimento da retina, mas as córneas geralmente são claras na fase inicial da doença. Estão presentes otites de repetição que levam à perda auditiva progressiva. Em indivíduos jovens são observadas diarreias decorrentes do envolvimento do Sistema Nervoso Autônomo e também por disfunção da mucosa intestinal. O comprometimento do Sistema Nervoso Central (SNC) pode ser exacerbado pela presença de moderada a grave hidrocefalia comunicante que leva ao aumento da pressão intracraniana após os sete a dez anos de idade e que pode ter evolução lenta. As causas de óbito são insuficiência respiratória ou hipertensão pulmonar, insuficiência cardíaca por envolvimento das válvulas, dilatação do miocárdio, espessamento das coronárias ou outra doença do miocárdio.
- A forma atenuada – MPS IIB – caracterizada por começar mais tardiamente, com leve ou nenhum retardo mental e com alguns pacientes sobrevivendo até a quinta ou sexta década. Apresenta nenhum envolvimento do SNC, mas com comprometimento somático evidente. Os aspectos somáticos envolvem vários sistemas em grau de progressão mais lento do que em outros tipos de MPS. Podem estar presentes alterações auditivas, alterações cardíacas leves, alterações oculares muito sutis (disfunção da retina), rigidez articular e síndrome do túnel carpo.
A forma grave inicia-se com variável acometimento neurológico, e evolui para uma deficiência mental grave com comportamento hiperativo e agressivo. Assim sendo, ocorre comprometimento na linguagem receptiva e expressiva, de forma evolutiva, com perdas das habilidades comunicativas já adquiridas. A progressiva neuro-degeneração resulta em um quadro vegetativo com perspectiva de morte entre a primeira e segunda década da vida.
Os dois subtipos não podem ser diferenciados pelo resultado da investigação bioquímica. O critério fundamental para a divisão dos pacientes nestes subgrupos é o declínio intelectual.
...