A Introdução à Micologia Médica
Por: martinsartur • 8/9/2019 • Trabalho acadêmico • 2.156 Palavras (9 Páginas) • 270 Visualizações
INTRODUÇÃO À MICOLOGIA MÉDICA
Baseado em: Tópicos em Micologia Médica – Jeferson Carvalhaes de Oliveira – 4ª Edição e Compêndio de Micologia Médica – Clarisse Zaitz – 2ª edição
MICOLOGIA
É o ramo da Biologia que estuda os fungos macro e microscópicos, microrganismos pertencentes ao reino Fungi e que são agentes de infecções humanas e animais conhecidas como micoses.
Micologia Médica
A expressão micologia foi primeiramente utilizada em 1836 pelo reverendo Miles J. Berkeley. A classificação dos reinos como se tem hoje, foi organizada em 1959 por Robert Whittaker, que classificou os seres vivos mediante suas características fundamentais em comum em cinco Reinos: Monera, Fungi, Protista, Plantae e Animalia. Mais recentemente, em 1998, uma outra classificação taxonômica efetuada por Cavalier-Smith, dividiu os seres vivos em dois Domínios: Prokaryota e Eukaryota, e em seis Reinos: Bactéria, Protozoa, Fungi, Plantae, Chromista e Animalia.
Atualmente, a Micologia Médica estuda:
- Fungos (macro e microscópicos pertencentes ao Reino Fungi)
- Actinomicetos – Ray Fungi (aeróbios e anaeróbios enquadrados no Reino Monera)
- Aeróbios – isolados do solo, de restos orgânicos e de vegetais e cultivados em ágar Sabouraud.
- Anaeróbios – fazem parte da microbiota endógena do homem, crescendo a 37º C, em meio a substâncias redutoras, criando condições de anaerobiose.
- Algas (dos gêneros Prototheca e Chlorell, pretencentes ao Reino Protozoa)
- Protista Aquático (Rhinosporidium seeberi, outro pertencente do Reino Protozoa)
Importância dos Fungos à medicina:
- Agentes de Hipersensibilidade imediata ou tardia
- Agentes de micoses – infecções fúngicas
- Agentes de micotização – inalação e colonização de Aspergillus fumigatus nas cavidades pulmonares
- Alergias micóticas – asma e rinite
- Atingem outros órgãos pela corrente sanguínea
- Hemocultura – forma de diagnosticar quando o fungo toma a corrente sanguínea
- Levam à Fungemia – doença que consiste na presença de fungos no sangue
- Agentes de micetismo – intoxicações por fungos macroscópicos – alucinações (LSD-25)
- Agentes de micotoxicoses – ingestão contínua ou prolongada de alimentos contaminados por fungos produtores de micotoxina (aflotoxinas) – ingestão de alimento embolorado
Morfologia:
- Características gerais:
- Heterotróficos e eucarióticos
- Aclorofilados
- Obtêm energia absorvendo nutrientes
- Não armazenam amido
- Não apresentam celulose na parede celular
- Armazenam glicogênio
- Célula Fúngica – os fungos podem ser uni ou pluricelulares
- Parede Celular
- Composta basicamente por glucanas, mananas, quitina, proteínas e lipídios, a parede celular é responsável pela rigidez, forma e proteção contra choques osmóticos. O principal componente é a quitina, e as junções de glucanas e mananas com proteínas formam as glicoproteínas.
- Os medicamentos da classe das Equinocandinas atuam diretamente na parede celular fúngica, inibindo a síntese de glucanas. Este bloqueio resulta no desequilíbrio osmótico, sendo relevante sobre espécies de Candida e de Aspergillus (para este último, somente fungistática).
- Membrana Plasmática
- Assim como em outras células, a membrana fúngica é fosfolipídica associada a proteínas e está ligada à entrada e saída seletivas de solutos e proteção do citoplasma. Diferentemente da célula animal, contém esteróis na forma de ergosterol, o qual se torna um importante sítio de ação de antifúngicos que atuam em sua síntese.
- Fluconazol: importante antifúngico da classe dos triazóis, que pode ser administrado via oral, tópica ou intravenosa. Seu mecanismo de ação é através da inibição da síntese de esterol, impedindo que o fungo cresça. Suas aplicações são principalmente para Candidíase vaginal e recorrente, bem como para balanites por Candida. Além disso, é usado contra Dermatomicoses, como Tinea pedis, Tinea corporis, Tinea cruris, Tinea unguium e infecções por Candida.
- Cápsula
- Presente em alguns fungos como o Cryptococcus neoformans e é formada por mucopolissacarídeos. Ela é importante na patogenicidade desse fungo por inibir a fagocitose e absorver e neutralizar anticorpos.
- Esse fungo, mediante a ação de sua cápsula, é responsável por uma doença chamada Meningite Fúngica. Ela acomete mais pacientes imunodeficientes, principalmente portadores do vírus HIV. É o tipo mais incomum das meningites, tendo sintomas comuns a elas e fácil diagnóstico, uma vez que há abundância fúngica no líquor e nas lesões.
Estrutura dos fungos:
Os fungos podem se desenvolver em meios de cultivo especiais formando colônias de dois tipos:
- Leveduriformes:[pic 1]
- As leveduras são estruturas ovaladas ou arredondas que se reproduzem por gema ou broto.
- Em meios de cultivo, apresentam colônias pastosas ou cremosas de cor branca, creme, rosa, laranja ou preta.
- São eucariontes, unicelulares e possuem apenas um núcleo.
- Não suportam pH alcalino
- Candida sp.
- Filamentosos – bolores:
- Filamentos tubulares denominados hifas, cujo conjunto se chama micélio.[pic 2]
- As hifas podem ser:
- Septadas ou asseptadas (cenocíticas/contínuas)
- Hialinas (cores claras) ou demáceas (cores escuras)
- Em meios de cultivo, apresentam colônias filamentosas, que podem ser algodonosas, aveludadas, pulvurulentas ou com outras características e com as mais variadas pigmentações.
- Os micélios são divididos em dois grupos: o micélio vegetativo (que cumpre as funções de crescimento da espécie) e o micélio reprodutivo (reprodução e disseminação da espécie)[pic 3]
- Aspergillus sp.
[pic 4]
[pic 5]
Técnicas Laboratoriais utilizadas na Micologia Médica:
- Exame micológico direto
- Técnica simples, barata e amplamente utilizada para identificação do fungo num material biológico coletado. Esse material pode ser de vários tipos: escamas, pelos, unhas secreção, pus, mucosa, crostas, grãos, líquor, urina, escarro. Após coletado, pode ser processado de várias maneiras: a fresco, em solução fisiológica, clareado com KOH/DMSO (30%), corado com nanquim (Tinta da China) (LCR), Giemsa ou Hematoxilina Eosina (biópsia de tecido), Gram, Leishman, etc. É muito útil no diagnóstico de micoses superficiais, cutâneas e subcutâneas, podendo em algumas situações, ser utilizado para identificação de micoses sistêmicas, como para detecção de Cryptococcus neoformans no líquor.[pic 6]
- Exame Histopatológico
- o material coletado é corado em condições específicas (pelo ácido periódico de Schiff – PAS) em situações especiais nas quais o exame micológico de rotina não é possível de ser realizado. A coleta do material ungueal pode ser feita de várias formas: biópsia da unha, clippings, shaving da lâmina ungueal ou curetagem da unha. Para a coleta do raspado do material na unha é importante que se evite o uso de medicamentos e de esmaltes por um período de no mínimo 15 dias, afim de se evitar a ocorrência de resultados falso negativos.[pic 7]
- Cultura[pic 8]
- Indispensável para o isolamento e a identificação do fungo patogênico. Permite a identificação do fungo filamentoso e leveduriforme macroscopicamente. Nesse procedimento, o material é colocado num meio que permitirá o crescimento do fungo e assim, sua identificação.
- O meio de cultura mais utilizado é o ágar-Sabouraud-dextrose
- Lâmpada de Wood[pic 9]
- Exame empregado para auxílio diagnóstico e controle do tratamento. Observa-se, no escuro, lesões e suas características mediante a fluorescência apresentada. Muito utilizada no diagnóstico de tinha do couro cabeludo, Pitiríase Versicolor e Eristrasma.[pic 10]
- Intradermorreação
- Prova realizada com injeção intradérmica de 0,1 mL do antígeno padronizado na face anterior do antebraço. A leitura é feita 48 horas após a injeção, e considera-se positivo o aparecimento de pápula eritematosa igual ou maior do que 5 mm. Muito utilizada em inquéritos epidemiológicos para pesquisar regiões endêmicas de micoses, podendo ainda ser utilizada para prognóstico.
- Hemocultura
- Essa prova pode ser realizada em todos os casos suspeitos de infecção fúngica sistêmica
Fatores Inerentes:
- Ao fungo:
- Virulência
- Número de inóculos
- Localização
- Ao Hospedeiro
- Idade
- Imunidade
- Hábitos e costumes
- Integridade da pele
Classificação Médica das Micoses
- Micoses Superficiais
- Acometem as camadas superficiais da pele, unhas e pelos
- Micoses Cutâneas ou Dermatofitoses
- Acometem a epiderme mais profunda e invadem pelos e unhas [pic 11][pic 12][pic 13]
[pic 14]
- Micoses Subcutâneas
- Acometem a derme e o tecido subcutâneo
- Micoses Sistêmicas
- Acometem órgãos internos
- Micoses Oportunistas
- Acometem indivíduos debilitados[pic 15]
[pic 16][pic 17]
[pic 18]
[pic 19][pic 20]
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