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CONFIGURAÇÃO DO PARADIGMA HERMÉTICO: SELAR FILOSOFÊS

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Por:   •  17/10/2014  •  Projeto de pesquisa  •  5.129 Palavras (21 Páginas)  •  252 Visualizações

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CAPÍTULO 3

A CONFIGURACÃO DO PARADIGMA HERMENÊUTICO: A HERMENÊUTICA FILOSÓFICA

A existência precede a essência (...)

Só há realidade na ação (...)

O homem não é senão o seu projeto,

só existe na medida em que se realiza,

não é, portanto,

nada mais que o conjunto de seus atos, nada mais que a sua vida

(Jean-Paul Sartre).

3.1 Conceito e características do termo hermenêutica

(p. 123) “a hermenêutica, entendida como arte de interpretação de textos, de descoberta do seu significado, é tão antiga quanto o é a expressão escrita do pensamento ocidental. Podemos encontrar referência explícita a ela no pensamento grego com Platão e Aristóteles.”

(p.123) “Na Antigüidade vários foram os autores que trabalharam o termo “hermenêutica”, entre os quais podemos destacar Xenofonte, Plutarco, Eurípides, Epicuro, Lucrécio e Longino (PALMER, 1997).”

(p. 124) “é necessário o entendimento da hermenêutica teológica, ou seja, a compreensão da interpretação a partir dos textos bíblicos. Isso porque o surgimento do conceito de hermenêutica foi utilizado pela primeira vez na Teologia como disciplina autônoma e auxiliar, com a função de descrever as regras para a correta interpretação das Sagradas Escrituras...”

3.1.1 A hermenêutica teológica

(p. 125) “o teólogo Martin Lutero rompe com a Igreja Católica e a interpretação dos textos bíblicos entra em contradição, ou seja, segundo este teólogo, a interpretação dos textos bíblicos deve ser compreendida por si mesma e não por meio do ensino tradicional da Igreja. Ocorrem então mudanças no que se refere à interpretação baseada na autoridade eclesiástica, procurando demonstrar uma interpretação fundada no conhecimento direto do “cristão” com a “palavra de Deus”, sem a intermediação da Igreja.”

(p. 126) “[...] na realidade, a investigação histórico-crítica do século passado mostra, muitas vezes, a tendência a não apenas voltar-se à tradição da interpretação eclesiástica da Bíblia e das doutrinas de fé que daí derivam, mas também eliminar todo acontecimento sobrenatural, toda revelação divina historicamente acontecida e contida nas escrituras (1973, p. 9).”

3.1.2 A hermenêutica filosófica

(p. 127) “O pensamento filosófico tem se apresentado como indispensável à análise da teoria contemporânea do Direito, principalmente com o resgate das contribuições de Schleiermacher, Dilthey, Heidegger, Gadamer e Betti.”

(p. 128) “A formulação de leis científicas sobre o ser humano, a partir do estudo de leis que presidem os fenômenos naturais ou método nomológico, começa a ser questionada, ou seja, a partir de Kant o homem não conhece mais as coisas, mas tão-somente o conhecimento das coisas, há que se buscar um conhecimento válido e puro de tal que, sempre e em todas as partes, esteja provido de lógica necessária e validade universal. Tanto o racionalismo como empirismo vão buscar de forma incessante os mecanismos de constituição e apreensão do real, cada um à sua forma e maneira (LEAL, l999, p. 102).”

(p. 129) “Essa tendência universalizante e totalizante do pensamento em busca de uma apreensão cada vez maior do mundo em que opera faz com que as perspectivas localizadas ou regionais dêem lugar a uma percepção integradora e unitária. Daqui advém a mudança radical da fase da hermenêutica, até agora preocupada com a filologia de textos clássicos, principalmente os da Antigüidade greco-latina e com a exegese dos textos sagrados, dos Antigo e Novo Testamentos (LEAL, 1999).”

(p.131) “a respeito da configuração inicial do problema da hermenêutica, faz-se necessário o estudo dos principais teóricos da hermenêutica filosófica, autores como Schleiermacher, Dilthey, Gadamer, Heidegger e Emilio Betti. Começamos pelas contribuições de Schleiermacher e Dilthey.”

3.2 A hermenêutica de Friedrich Schleiermacher e Wilhelm Dilthey

a) A hermenêutica de Schleiermacher

(p.131) “no início do século XIX, este autor fez com que a hermenêutica pudesse transcender os ramos estreitos que atacavam as ciências particulares para alcançar um novo sentido: a disciplina, que perguntando pelas condições genéricas da compreensão, deveria estabelecer as regras que permitissem a compreensão objetiva não só dos textos científicos setorizados (religiosos, literários, jurídicos etc.), mas de quaisquer pensamentos postos ao entendimento pelas palavras (PEREIRA, 2001, p. 12).”

(p. 132) “A proposta de uma hermenêutica geral foi sugerida por Schleiermacher porque esta ainda não existe (ou não existia). O que havia eram várias hermenêuticas especiais como a filológica, a teológica e a jurídica. Nesse sentido, o que o autor pretende é trabalhar com o caráter exploratório da hermenêutica, permitindo assim a busca da compreensão como fator de transformação.”

(p. 133/134) “Schleiermacher pode ser reconhecido como o pai da hermenêutica moderna na medida em que esta vista como disciplina geral, indaga pelas possibilidades de compreensão objetiva, criando “uma teoria que procurou distinguir não só em que contextos a mesma se dá, mas também quais os métodos científicos que proporcionariam o caminho objetivo para se evitar o mal-entendido e viabilizar o acesso ao correto entendimento” (PEREIRA, 2001, p. 14).”

(p. 135) ““Schleiermacher ultrapassou decisivamente a visão da hermenêutica como um conjunto de métodos acumulados por tentativas e erros e defendeu a legitimidade de uma arte geral da compreensão anterior a qualquer arte especial de interpretação”.

b) A hermenêutica de Dilthey

(p. 135) “Wilhelm Dilthey (1833-1911) constituiu-se um dos mais importantes estudiosos da hermenêutica, e foi pelo seu estudo desta que o autor começa a dar fundamento para as ciências humanas.”

(p. 136) “Este autor assumiu grande parte das teses de Schleiermacher, mas direcionou-as rumo a uma fundamentação epistemológica das chamadas ciências do espírito, almejando

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