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Clamídea

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Por:   •  10/11/2014  •  Projeto de pesquisa  •  2.939 Palavras (12 Páginas)  •  284 Visualizações

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Introdução

O gênero ao qual pertence a Chlamydia trachomatis é composto por espécie de bactérias com capacidade metabólica limitada e crescimento restrito ao meio intracelular, através de um ciclo reprodutivo peculiar. A Chlamydia trachomatis é um patógeno exclusivo de humanos. Em virtude do pequeno tamanho e do parasitismo intracelular obrigatório, as clamídias foram consideradas vírus. Entretanto, possuem parede celular característica, ribossomos, DNA, RNA e funções metabólicas que confirmam sua natureza bacteriana.

Fisiologia e Estrutura

As clamídias ocorrem em duas formas morfologicamente distintas: o pequeno corpúsculo elementar (CE) (300 a 400nm) infeccioso e o corpúsculo reticulado (CR) maior (800 a 1.000nm) não-infeccioso. As clamídias são infecciosas na forma de CE, mas não se multiplicam neste estado, isto é, podem ligar-se a receptores sobre as células infectada. O CR é a forma de multiplicação metabolicamente ativa das clamídias. Outros componentes estruturais importantes das clamídias incluem um lipopolissacarídeo (LPS) específico do gênero, que pode ser detectado por meio de um teste de fixação do complemento (FC), e antígenos espécie – e cepa-específicos na membrana externa. As clamídias são imóveis e não apresentam pili.

As clamídias multiplicam-se através de um ciclo de crescimento peculiar que ocorre no interior das células hospedeiras suscetíveis. O ciclo é iniciado quando os CE infecciosos fixam-se às microvilosidades das células suscetíveis, sendo a fixação seguida de penetração ativa no inteior da célula hospedeira. Uma vez internalizada, as clamídias permanecem no interior de fagossomas citoplasmáticos, onde prossegue o ciclo de multiplicação. A fusão dos lisossomas celulares com o fagossoma contendo CE e a destruição intracelular subseqüente dos microganismos são especificamente inibidas. A fusão fagolisossômica é impedida se a membrana externa das clamídias estiver intacta. Se a membrana externa for lesada, ou se as clamídias forem inativadas pelo calor ou recobertas com anticorpos, as bactérias são rapidamente destruídas após fusão fagolisossômica. Além disso, se outras bactérias forem fagocitadas juntamente com as clamídias, elas são eliminadas, de modo que a proteção não constitui um fenômeno generalizado.

Dentro de 6 a 8 horas após penetração na célula, os CE reorganizam-se em CR metabolicamente ativos. Os CR são capazes de sintetizar seus próprios DNA, RNA e proteínas, porém carecem das vias metabólicas necessárias para a produção de seus próprios compostos de fosfato de alta energia. As clamídias foram denominadas parasitas de energia devido este efeito. Algumas cepas também podem depender do hospedeiro para o suprimento de aminoácidos específicos. Os CR replicam-se por divisão binária, que continua nas próximas 18 a 24 horas. O fagossoma com CR acumulados é denominado inclusão e pode ser facilmente detectado com corantes histológicos. Aproximadamente 18 a 24 horas após a infecção, os CR começam a se reorganizar em CE menores e, entre 48 e 72 horas, a célula sofre ruptura, liberando os CE infectantes.

A Chlamydia trachomatis é uma bactéria que infecta seres humanos obrigatoriamente como parasita intracelular, apresentando ciclo de vida prolongado caracterizado pela transformação desde a infecção até a multiplicação bacteriana. Essa bactéria difere dos vírus, pois possuem DNA e RNA, parede celular semelhante às bactérias Gram negativas, e também por serem sensíveis a vários antibióticos. A infecção inicial ocorre preferencialmente em células de epitélio glandular. Assim, na população feminina, a infecção do colo do útero em geral constitui o foco inicial, e por via ascendente pode comprometer os órgãos genitais internos e mesmo o peritônio pélvico. No homem, o foco inicial é a uretra (LINHARES et al. 1991). Embora a Chlamydia trachomatis possua enzimas, sua atividade metabólica é reduzida, sendo incapaz de produzir sua própria energia, utilizando-se do ATP da célula hospedeira. Por essas características, essa bactéria faz parte de uma ordem própria denominada de Chlamidiales, com família única chamada Chlamydia e duas espécies: a Chlamydia e duas espécie a Chlamydia trachomatis e Chlamydia psittaci.

ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS E FISIOPATOLÓGICOS

A transmissão da Chlamydia trachomatis se faz através do contato de mucosas infectadas ou de mucosa com tecido infectado, ocorrendo na maior parte dos casos pelo contato sexual. Assim, essa infecção pode acometer mulheres, homens e mesmo crianças. Essa bactéria tem afinidade por células do epitélio glandular, podendo infectar as mais diferentes estruturas que possuam esse tipo de epitélio, razão pela qual suas manifestações se fazem não somente nos órgãos genitais, mas também nos pulmões, conjuntivas e outras estruturas (MURRAY et al.,2000).

As uretrites e a doença inflamatória pélvica causadas pela Chlamydia trachomatis têm sido predominantes nos dias atuais, sendo mais freqüente que a etiologia gonocócica. Associação da Chlamydia com Neisseria gonorrhoeae ocorre em cerca de 20% a 40% dos homens infectados e em 40% a 60% das mulheres. Contudo, está comprovado que a transmissão da Chlamydia do homem infectado para a mulher sã é mais freqüente do que Neisseria (FARO, 1991).

A endocervicite causada por Chlamydia ocorre em cifras que oscilam de 10% na população geral até 40% na população de risco. Deve-se salientar qual grupo é considerado de risco e, segundo a literatura, pertencem ao mesmo, pessoas com as seguintes características: multiplicidade de parceiros sexuais, mulheres com lesões do colo do útero, portadores de outras doenças sexuais, adolescentes e adultos jovens, imunodeprimidos e nível socioeconômico mais baixo. Aspecto a destacar é que com freqüência detectam-se portadores assintomáticos. Em levantamento no Setor de Doenças Sexualmente Transmissíveis do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, encontrou-se cerca de 12% de mulheres assintomáticas, mas infectada por essa bactéria(MARQUES,1989).

As mulheres grávidas portadoras dessa infecção, com sintomas ou não, constituem um grupo especial, pois podem apresentar complicações como: endometrite e ou salpingite em 10% a 20% dos casos, e os recém- nascidos dessas mulheres apresentam conjuntivite em 15% a 25% e pneumonia em 3 a 16%(FARO,1991).

A presença assintomática de Chlamydia tanto em mulheres como em homens não tem explicação plena, mas provavelmente decorre da competência imunológica do hospedeiro. Está bem demonstrado que na forma infectante dessa bactéria, o corpúsculo elementar

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