Demonstração dos fatores que interferem com a observância dos homens pelos serviços de atenção primária à saúde (APS)

PRINCIPAIS FATORES ASSOCIADOS À BAIXA ADESÃO DOS HOMENS AOS SERVIÇOS DAATENÇÃO PRIMÁRIA

Marina Carvalho Campos*

Paulo Henrique Silva Maia**

RESUMO

O presente estudo objetiva demonstrar os fatores que interferem na adesão dos homens aos serviços da atenção primária à saúde (APS). Trata-se de uma pesquisa de revisão bibliográfica, feita através da busca eletrônica de artigos indexados no banco de dados da BVS (Biblioteca Virtual em Saúde), SciELO (Scientific Electronic Library Online) e LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde), além de Manuais do Ministério da Saúde e livros didáticos. Durante o estudo, observamos que a população masculina está aderindo de forma insatisfatória aos serviços de prevenção e que existem fatores socioculturais aliados a fatores institucionais que estão criando uma barreira no autocuidado da população masculina, mesmo após a implantação da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem. Apresentamos neste estudo as contribuições do Enfermeiro para o aumento da participação masculina nos serviços de APS, porta de entrada do Sistema Único de Saúde (SUS), de modo a contribuir para a diminuição dos índices de morbimortalidade sensíveis a este nível de atenção. Podemos considerar que os fatores institucionais e socioculturais afastam o homem das unidades de atenção primária – espaços onde o profissional enfermeiro pode criar estratégias que facilitem a inserção do homem nesses serviços.

Palavras-chave: Saúde do homem. Atenção primária. Equipe de Enfermagem. Prevenção e promoção da saúde.

ABSTRACT

The present study aimed to demonstrate the factors that influence adherence of the men to the services of primary health care (PHC). This is a survey of literature review, through electronic search of articles indexed in the database VHL (Virtual Health Library), SciELO (Scientific Electronic Library Online) and LILACS (Latin American and Caribbean Center on Health Sciences ), and the Ministry of Health Manuals and textbooks. During the study, we observed that the male population is sticking unsatisfactorily prevention services and that there are socio-cultural factors allied to institutional factors that are creating a barrier to self-care of the male population, even after the implementation of the National Policy for Integral to Men's Health. We present in this study the contributions of the nurse to increase male participation in PHC services, gateway to the Unified Health System (SUS) to contribute to the reduction of morbidity and mortality rates sensitive to this level of attention. We can consider that the institutional factors and socio-cultural turn man away from primary care units - spaces where the nurse can create strategies that facilitate the integration of man in these services.

Keywords: Men's health. Primary care. Nursing team. Prevention and health promotion.

INTRODUÇÃO

​“Ao longo das duas últimas décadas, os homens têm sido pauta de debates no campo da saúde coletiva, tanto em âmbito nacional como internacional. Isso se deve ao crescente aumento dos índices de morbimortalidade associados a esse gênero.” (SILVA, 2010. p. 8).

​De acordo com Brasil (1990), a cada 3 pessoas que morrem no país , 2 são homens entre os 20 e 30 anos, e a cada 5 pessoas que morrem, 4 são homens. A principal causa das mortes são as doenças isquêmicas do coração, com destaque para o infarto agudo do miocárdio. As doenças cerebrovasculares foram a segunda causa de morte (BRASIL, 2007).

​“Fatores socioculturais se associariam a estes dados de morbimortalidade, uma vez que os cuidados com a saúde e a previdência nos hábitos de vida seriam atribuições não identificadas com a concepção de masculinidade.” (SCHWARZ, 2012. p.1). Braz (2005) afirma que a falta de comprometimento dos homens com sua saúde, cria impactos em nível de morbimortalidade, gerando altos custos para o setor da saúde e também ressalta que há uma sobrecarga da atenção terciária, evidenciada pelos altos índices de internações em situação grave e a procura destes por serviços de emergência.

​Figueiredo (2005) afirma que a presença dos homens como frequentadores dos serviços da atenção primária, permitiria uma significativa melhora nos índices de doenças sexualmente transmissíveis, como Aids e sífilis abrindo margem para discussões e esclarecimentos, que refletiriam na forma como a sexualidade é vista por essa população, que diante de um acompanhamento profissional, assumiria um maior compromisso em relação a essas questões. Além disso, problemas relacionados ao tabagismo, alcoolismo e violência poderiam ser debatidos em grupo, ou até mesmo individualmente, na busca de soluções, caso essa população fosse mais expressiva na atenção primária.

​Uma diminuição nos números de mortes por câncer de próstata também seria possível, através de um diagnóstico precoce. Segundo o INCA (2012), existe um risco estimado de 62 casos de câncer de próstata para cada 100 mil homens.​

​No Brasil, para alicerçar o atendimento igualitário temos a Constituição Federal promulgada em 05 de outubro de 1988 que, através do artigo 196, diz que “a saúde é direito de todos, [...] garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.” (BRASIL, 1988. p. 33). Como forma de garantir esse acesso também para a população masculina, já que dados apontados pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2009) mostram que os homens têm um alto índice de mortalidade se comparado com as mulheres, foi implantado em 2009, como uma de suas prioridades, a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH), levando-se em consideração que “os agravos do sexo masculino constituem verdadeiros problemas de saúde pública.”

​“A PNAISH está alinhada com a Política Nacional de Atenção Básica – porta de entrada do Sistema