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Doadores de sangue

Por:   •  27/9/2015  •  Pesquisas Acadêmicas  •  1.289 Palavras (6 Páginas)  •  353 Visualizações

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DOADORES DE SANGUE

Até o momento, o sangue e seus componentes não possuem substitutos sintéticos, sendo a sua obtenção dependente de doações de sangue dos membros da comunidade.  No Brasil, são doados anualmente cerca de 3,5 milhões de unidades de sangue total, o que equivale a uma taxa de doação de 19 Unidades/1000 habitantes, muito menor do que a taxa observada em países desenvolvidos (50 a 90 U/1000 hab).  Esta baixa taxa de doação produz uma situação sazonal de falta de produtos sanguíneos que muitas vezes limita a disponibilidade terapêutica.

Incentivar a doação de sangue não é uma tarefa restrita ao governo ou aos hemocentros.  Todos os médicos, principalmente aqueles que prescrevem as transfusões, devem se envolver nesta tarefa para que não falte o produto sanguíneo nos hospitais.

Existem basicamente três tipos de doadores de sangue: a) o doador de sangue autólogo, que doa sangue para si mesmo; b) o doador de sangue espontâneo ou altruísta, que doa consciente da importância social do seu ato e não visa o atendimento de uma demanda específica e c) o doador dirigido ou vinculado, que doa especificamente em função da necessidade de um determinado paciente, tendo sido solicitado para realizar esta doação em virtude da sua proximidade com este paciente.  Cada um destes tipos de doadores apresenta vantagens, desvantagens e epidemiologia própria em relação aos riscos de transmissão de doenças infecciosas.

De forma geral, o objetivo dos serviços de hemoterapia é coletar sangue, para efeitos de produção de componentes e derivados, de indivíduos saudáveis, sem evidência real ou presumida de que seu sangue possa, de alguma forma, causar efeitos adversos aos receptores.  A atividade de seleção de doadores, portanto, é uma atividade discricionária baseada em elementos objetivos e subjetivos.  Entre os primeiros podemos citar o uso de certos medicamentos, a história de exposição a agentes infecciosos que podem ser transmitidos pelo sangue, a confirmação da negatividade sorológica para anticorpos contra estes agentes ou mesmo a ausência de material genético destes agentes na circulação.  Elementos subjetivos, como o grau de sinceridade ou de acurácia das informações prestadas também podem ser usados para rejeitar a doação ou para descartar o produto posteriormente, caso estas informações cheguem ao serviço após a doação.

Outro objetivo da seleção de doadores é avaliar se o ato da doação não causará malefícios ao próprio doador, como, por exemplo, a indução de anemia e a diminuição do volume sanguíneo para níveis inaceitáveis.

A doação de sangue total é feita em até 15 minutos e o volume coletado varia de 400 a 500 mL, dependendo do peso corporal.  Para impedir a coagulação do sangue e manter a viabilidade dos elementos celulares utiliza-se solução que contém quantidades variáveis de citrato de sódio, dextrose e fosfato (volume de 63 mL).  Aproximadamente 30% dos doadores referem ter apresentado alguma reação adversa, na maioria das vezes leves e autolimitadas, sendo a mais comum o aparecimento de equimose no local da punção (23%).  Os hematomas ocorrem em 1,7% dos doadores.  Outros eventos adversos comuns são> leve dor no braço (10%), sensação de cansaço (8%) e reações vasovagais incluindo palidez cutâneo-mucosa, sudorese, tonturas, náuseas, vômitos, hipotensão, perda de consciência e parestesias (7%).  Apenas uma minoria dos doadores pode eventualmente requer observação hospitalar, sendo a reação vasovagal a causa mais comum.  Reações adversas mais graves, que acarretam sequela, são extremamente raras.

Além da doação de sangue convencional, os hemocomponentes podem ser coletados por aférese.  Este tipo de coleta requer uma processadora automática de células, de fluxo contínuo (dois acessos venosos), ou descontínuo (um acesso venoso), que possibilita a separação e a coleta de um (ex: plaquetas, granulócitos, hemácias, etc.) ou mais componentes (plasma e plaquetas; hemácias e plaquetas, etc.) por procedimento, com a reinfusão dos elementos restantes.  A duração de cada procedimento varia de acordo com o hemocomponente a ser coletado (ex: 20 minutos para as hemácias e 1-2 horas para as plaquetas).  As reações adversas agudas nos procedimentos de aférese são menos frequentes (0,81% a 2,18% que na doação de sangue convencional (11% a 21%). Estas reações variam com o tipo de produto coletado e com o equipamento (fluxo contínuo ou descontínuo). Em geral, são mais comuns nos doadores de plaquetas (12%) do que nos de granulócitos (9,4%) ou plasma (5,4%).

As reações adversas mais comuns estão relacionadas com o acesso venoso (1,15% hematoma e dor local), com a infusão do anticoagulante à base de citrato (0,4% hipocalcemia e hipomagnesemia) e com a reação vasovagal (moderada em 0,05% ou associada à síncope em 0,08%). Entretanto, as reações que requeiram algum tipo de observação ou intervenção hospitalar são mais frequentes (0,01%) nestes doadores do que nos doadores de sangue total.

Uma unidade de concentrado de plaquetas (obtida de um único doador) corresponde a 6010 unidades obtidas por coleta e fracionamento convencionais.  A coleta de granulócitos proporciona o tratamento de pacientes com infecção grave decorrente ou associada à neutropenia.  A dose mínima de granulócitos para atender as necessidades de um indivíduo adulto é de 1x 1010.  Além das citadas acima, também é possível coletar por aférese células mononucleares (predominantemente linfócitos) e células precursoras hematopoéticas (CPH) para transplante.

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