Estudo De Caso
Trabalho Escolar: Estudo De Caso. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: GRISSE • 11/3/2015 • 2.236 Palavras (9 Páginas) • 198 Visualizações
CURSO DE FISIOTERAPIA
PRÁTICA SUPERVISIONADA
TUMOR TALÂMICO E PC COM MARCHA ATÁXICA:
uma abordagem fisioterapêutica infantil no Centro Catarinense de Reabilitação
ADALGISO, G.M.¹; BIANCHINI, K.K.2
Resumo: O tumor no tálamo (glioma que afeta a motricidade, o equilíbrio, a fala etc.), bem como a Paralisia Cerebral – PC (lesão não progressiva no desenvolvimento do cérebro, atingindo a função do sistema neuromusculoesquelético), são precursores da marcha atáxica (incoordenação cerebelar e sensorial). O objetivo deste relato de caso foi o de mostrar, através da implantação de exercícios funcionais e cinesioterapêuticos no Centro Catarinense de Reabilitação - CCR, os efeitos e os benefícios da intervenção fisioterapêutica realizada em uma criança de 5 anos e 9 meses de idade com diagnóstico clínico de tumor talâmico e PC atáxico, por um período de 4 semanas, sendo duas vezes semanais, totalizando cinco encontros. Apresentou como resultado, otimização nas fases da marcha e redução da ataxia, equilíbrio e mais autonomia nas suas atividades de vida diárias (AVDs). Conclui-se, portanto, apesar de poucos encontros/sessões, a importância da intervenção fisioterapêutica sobre as disfunções, principalmente, atáxicas nessa criança, que apresentou ganho, visível até por seus familiares e por ela própria.
Palavras-chaves: ataxia. PC. paralisia cerebral. tumor talâmico. glioma talâmico. fisioterapia infantil.
Introdução
Na infância, apesar de os tumores cerebrais surgidos na região do tálamo, serem de 5%, eles estão entre os mais difíceis de ressecação total ou de acessibilidade para sua retirada, tornando desfavorável o prognóstico clínico do paciente¹. Para sua redução, o tratamento de radioterapia e de quimioterapia obtiveram resultados significantes; porém, não muito animadores, ainda segundo Kramm et al (2011), já que, mais de 80% dos indivíduos diagnosticados com glioma talâmico e submetidos a sessões de radio e quimioterapia, obtiveram 5 anos de sobrevida global¹.
Dentre os sintomas iniciais do glioma, segundo o artigo de Kramm et al (2011), os pacientes apresentaram “aumento da pressão intracraniana, fraqueza motora (incluindo hemiparesia) e distúrbio da marcha”, sendo que “a duração média dos sintomas até o diagnóstico do tumor foi de apenas 1,3 meses”¹.
A Paralisia Cerebral (PC) é descrita como um grupo de alterações no desenvolvimento da motricidade e da postura, sendo um distúrbio não progressivo, ocorrido na maturação ou no desenvolvimento do encéfalo; porém, acometendo limitações da função do sistema neuromusculoesquelético².
Sua classificação é baseada em três tipos³:
a) Distribuição Topográfica [hemiplegia – hiperreflexia, sinal de Babinsk; acometimento maior em Membro Superior (MS) com atitudes de semiflexão deste, e em Membro Inferior (MI) em hiperextensão e adução4; diplegia, que é o comprometimento de Membros Inferiores (MMII) com hipertonia de adutores, ou seja, marcha em “tesoura”4 e quadriplegia (tetraparesia espástica)]4;
b) Nível de Funcionalidade, sendo que o mais utilizado é o Gross Motor Function Classification System (GMFCS – sistema de classificação de função motora ampla), o qual apresenta cinco diferentes níveis (I ao V) de motricidade ampla, classificados dentro de cada faixa etária (0 a 18 anos)3,5: nível I (anda sem limitações)5, nível II (anda com limitações)5, nível III (anda utilizando um dispositivo manual de mobilidade)5, nível IV (automobilidade com limitações, podendo utilizar mobilidade motorizada)5, nível V (transportado em uma cadeira de rodas manual)5; e
c) Tônus Muscular [espástica (padrão de assimetria no levantar e no andar, apresentando hiperextensão do joelho e flexão do quadril)6, discinética (manifestação através de movimentos involuntários, principalmente, ao realizar mobilização passiva)4, atáxica (marcha com aumento de base4, pés pronados e lateralizados, assemelhando-se ao andar de “pato” e mista (combinação das manifestações anteriores = ataxia e/ou plegia e/ou espasticidade)4.
Além do comprometimento no desempenho das atividades de vida diária (AVDs)³ e dos déficits de equilíbrio, da força e do tônus muscular, a PC também poderá apresentar contraturas e deformidades como, por exemplo, pés em varo, valgo [o mais comum dentro da PC, segundo Costa, Carvalho e Braccialli (2011)]7 ou equinos6.
Este relato de caso analisa os possíveis efeitos da intervenção fisioterapêutica em um paciente com diagnósticos clínicos de PC e Tumor no Tálamo, com disfunção atáxica na marcha, através do estágio supervisionado da 9ª fase do curso de Fisioterapia do Centro Universitário Estácio de Sá de Santa Catarina (CUESSC), unido ao Centro Catarinense de Reabilitação (CCR). O referido estágio ocorreu no período de 2 a 25 de setembro de 2014, nas terças e quintas-feiras, a partir das 14 horas, com aproximadamente 40 minutos de duração, sendo um total de cinco atendimentos e não de sete, já que o paciente faltou na 1ª (não compareceu) e na penúltima sessão (estava com 38,5º de febre, impossibilitando a fisioterapia).
Materiais e métodos
Tratando-se de um estudo de caso exploratório descritivo, o paciente do presente estudo é G.Q.C.J., 5 anos e 9 meses de idade, sexo masculino, pele clara, natural e residente na capital do Estado, onde mora com os pais e um irmão. Há cerca de um ano atrás, foi diagnosticado clinicamente com um tumor no tálamo (glioma) com hidrocefalia (não necessitando de DVP), mas frequenta, semanalmente (quartas ou quintas-feiras), a quimioterapia, já que o tumor não é ressecável e também não cirúrgico.
Após a mãe ter detectado alterações em seu equilíbrio, frequentes quedas, aumento no tônus em MMII e dificuldades na marcha (base alargada e com contato inicial de antepés – falanges e não retropés – calcanhar), o paciente foi diagnosticado clinicamente, também, com PC atáxica (CID 80), sendo sugerido aos pais, além da fisioterapia, bloqueio com toxina; porém, a mãe optou, primeiramente, pelo tratamento de reabilitação fisioterapêutica.
Cada sessão de fisioterapia teve duração de, aproximadamente, 40 minutos, em que desde a primeira sessão (2º encontro, pois o paciente faltou ao 1º atendimento), já foi possível iniciar com o plano de tratamento, qual seja:
a)
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