FORNECER ATRAÇÕES ADEQUADAS PARA O SONO: CHAMADA PARA A EDUCAÇÃO
Artigo: FORNECER ATRAÇÕES ADEQUADAS PARA O SONO: CHAMADA PARA A EDUCAÇÃO. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: mmmandrade • 20/10/2014 • Artigo • 4.846 Palavras (20 Páginas) • 287 Visualizações
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INCENTIVAR HÁBITOS DE SONO ADEQUADOS: UM DESAFIO PARA OS EDUCADORES
Augusto MATHIAS,
Renata Palma SANCHEZ1
Miriam Mendonça Morato ANDRADE2
Resumo: O sono é imprescindível para a manutenção de uma vida saudável. A falta e/ou hábitos
inadequados de sono repercutem nas atividades de aprendizado dentro e fora da
escola, e podem causar: diminuição da motivação e concentração, déficit de memória,
sonolência diurna, alterações de humor, queda da imunidade, entre outras. Realizamos
um levantamento inicial sobre o padrão de sono e os valores e conceitos frente ao
hábito de dormir de 92 alunos das 1ª, 2ª e 3ª séries do Ensino Médio. A partir da
análise da realidade dos alunos, selecionamos alguns conteúdos e atitudes, objetos da
intervenção subseqüente na escola. Os alunos foram convidados a participar aos
sábados das “oficinas do sono”, cujos tópicos abordados foram: 1) sonho, 2) função e
duração do sono, 3) relógios biológicos e horários de dormir, 4) higiene do sono. A
maioria das atividades propostas conseguiu incentivar a participação ativa dos alunos
nas oficinas. Acreditamos que o maior desafio é a transposição do conhecimento
teórico abordado para o cotidiano dos alunos e na efetiva modificação de
comportamentos. Faz-se necessária também, a sensibilização dos próprios educadores
uma vez que o tema ainda é pouco discutido no ambiente escolar.
Palavras-chave: metodologia de ensino; Ciências Biológicas; saúde; sono; ritmos biológicos.
“... Lembra que o sono é sagrado e alimenta de
horizontes o tempo acordado de viver…”
Música: Amor de índio
Beto Guedes e Ronaldo Bastos
HISTÓRICO
A saúde é um fator primordial para a população, tão essencial que em 1971 o tema
foi formalmente integrado ao currículo escolar pela lei nº 5.692, com o objetivo de: "levar a criança
e o adolescente ao desenvolvimento de hábitos saudáveis quanto à higiene pessoal, alimentação,
prática desportiva, ao trabalho e ao lazer, permitindo-lhe a sua utilização imediata no sentido de
preservar a saúde pessoal e a dos outros" (Parecer CFE no 2.264/74 apud Parâmetros
Curriculares Nacionais: Saúde). Desde a década de 80 têm-se enfatizado a necessidade
extrapolar o ensino centrado na transmissão de informações sobre saúde/doença desvinculada
das situações da vida cotidiana. Assim, os educadores consideram que o ensino de saúde deva
ser abordado de forma ampla, interdisciplinar, favorecendo práticas pessoais que possam ser
compartilhadas com a sociedade de forma geral e promover mudanças na busca de uma vida
saudável.
1 Alunos de graduação do Curso de Licenciatura e Bacharelado em Ciências Biológicas.
2 Docente do Departamento de Ciências Biológicas, Faculdade de Ciências e Letras, Unesp/Assis.
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Professores e alunos costumam ter alguma familiaridade com o tema “sono”. De
fato, a alternância diária do estado de sono e de vigília constitui um dos ritmos do corpo mais
evidentes e presentes no cotidiano das pessoas (Ahlgreen e Halberg, 1990). Podemos abordar os
múltiplos fatores determinantes dos padrões de sono: biológicos, físicos, sócio-econômicos e
culturais. O estudo do ciclo vigília-sono permite a discussão da saúde no contexto social, ao
relacionarmos o padrão de sono com o estilo de vida das pessoas, às demandas sociais (trabalho,
estudo, lazer), aos valores e preconceitos frente aos hábitos de dormir. As conseqüências de
hábitos inadequados de dormir podem ser discutidas, fornecendo subsídios para que os alunos do
ensino fundamental e médio conheçam seu próprio corpo, respeitando seus limites, e possam
refletir e escolher de forma consciente a sua rotina de vida.
A discussão sobre os hábitos de sono é particularmente relevante para
adolescentes porque as modificações corporais e emocionais próprias da puberdade também se
manifestam na forma de alterações dos padrões de sono às quais, por sua vez, constituem
crescente preocupação no âmbito da Saúde Pública e da Educação (Andrade, 1991; Andrade et
al., 1993; Andrade e Louzada, 2002; Carskadon, 1991; Wahlstrom, 1999; Fischer et al., 2000;
Graham 2000, Louzada e Menna-Barreto, 2004). À medida que o adolescente se desenvolve e
começa a se relacionar com o meio de forma mais independente, ocorre uma mudança na sua
rotina de vida e nas relações interpessoais. As novas atividades realizadas tomam o lugar do sono.
Essa rotina nova e excitante, produz momentos de incerteza e ansiedade, que contribuem para
alterações emocionais dificultando o relaxamento no momento de dormir (Dahl, 1999). É também
freqüente o aumento da carga de trabalho escolar com a idade. Adicionalmente, o deslocamento
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