O MÉTODOS DE COLETA DE DADOS
Por: Mário Neto Santos • 4/12/2017 • Artigo • 2.834 Palavras (12 Páginas) • 477 Visualizações
MÉTODOS DE COLETA DE DADOS
O capítulo se inicia realizando uma breve abordagem geral sobre o que são dados. Segundo o texto, os dados servem como base para um estudo de pesquisa, e numa pesquisa qualitativa, existem quatro atividades de campo que são de extrema relevância, a saber: entrevistas, observações, coleta e exame (de materiais) e sentimentos. As entrevistas podem ser divididas em estruturadas e qualitativas. As observações, focam em determinar “o quê, quando e onde” observar. Diferentes tipos de objetos podem ser proveitosamente coletados durante o trabalho de campo com coleta e exame de materiais. Os sentimentos podem envolver o ruído, o ritmo temporal e o calor/frio de um ambiente de estudo, assim como conjecturas sobre as relações sociais entre os participantes.
Em relação ao significado propriamente dito de “Dados”, o texto nos traz que, em síntese, o termo quer dizer: “informações organizadas, geralmente o resultado de uma experiência, observação ou experimento, que consiste em números, palavras ou imagens, especialmente como medições ou observações de um conjunto de variáveis.”
Desta forma, os “dados” são, então, informações de nível mais simplificado obtidas por meio de um instrumento de coleta ou pesquisa. Em pesquisa quantitativa, por exemplo, o papel de um pesquisador na coleta de dados pode ser fazer alguma leitura com algum instrumento mecânico, como um medidor. Já em pesquisa qualitativa, segundo o autor, é o próprio pesquisador quem assume o papel de instrumento de pesquisa, pois embora os eventos originais que estão sendo medidos possam ser externos, o que o pesquisador relata, e como ele relata, é filtrado por seu próprio pensamento e pelo significado que ele imputa à sua coleta de dados. Nesse sentido, os dados não podem ser completamente alheios ao pesquisador.
Iniciando a abordagem sobre cada um dos quatro tipos de atividade de coleta de dados, o autor alerta para o fato de que, a primeira vista, elas podem parecer um tanto informais para serem consideradas como atividade de pesquisa, entretanto, ele lembra que, se o pesquisador objetivar uma maior precisão nos resultados, este pode implementar um procedimento de coleta rigorosamente definido ou um instrumento formal. Por exemplo, no caso das entrevistas, as respostas podem ser predefinidas e fixas, de forma que o entrevistado escolha àquela que melhor represente sua opinião acerca do que está sendo questionado. Mas vale ressaltar que em muitos estudos qualitativos, a exemplo os da área de psicologia, valoriza-se muito a realidade do que o entrevistado diz; isto é, o objetivo central é conseguir informações autorrelatadas.
ENTREVISTA
Finalmente, o texto inicia sua abordagem tratando da atividade de coleta de dados do tipo “Entrevista”. Todas as entrevistas envolvem a interação entre um entrevistador e um participante (ou entrevistado); Segundo o autor do capítulo abordado, esse tipo de atividade pode assumir dois grandes tipos: a entrevista estruturada e a entrevista qualitativa. A entrevista estruturada é aquela em que se roteiriza, isto é, se pragmatiza cuidadosamente a interação entre pesquisador e participante. Primeiro, o pesquisador usará um questionário formal que lista todas as perguntas a serem feitas. Segundo, o pesquisador adotará formalmente o papel de entrevistador, tentando obter respostas de um entrevistado. Terceiro, o pesquisador enquanto entrevistador, tentará apresentar o mesmo comportamento e conduta ao entrevistar cada participante. O pesquisador provavelmente é treinado para ter um comportamento roteirizado durante seu trabalho. As respostas estão presentes no instrumento de coletas e tendem a ser predefinidas, filtrando assim a opinião do entrevistado, produzindo dados mais precisos e uma análise mais definitiva. Por essa objetividade, este tipo de entrevista se mostra bastante útil em pesquisas de opinião e levantamento.
A entrevista qualitativa, segundo o texto, é a forma de entrevista mais utilizada em pesquisas qualitativas, e não é dificil entender o porquê. Este tipo difere bastante do anterior, primeiro porque a relação entre o pesquisador e o participante não segue um roteiro rígido. O pesquisador terá uma concepção mental das perguntas e não seguirá um roteiro predefinido do estudo. Segundo, um pesquisador qualitativo é dinâmico, adotando posturas variadas a depender do ambiente e/ou do entrevistado do momento; isto é, a entrevista segue um modo conversacional, em que se estabelece uma
espécie de relacionamento social, com a qualidade da relação individualizada para todo participante. Em suma, o relacionamento entre entrevistador e entrevistado precisa ser amigável, mas não chegando a ser uma amizade. A ideia central é conseguir do participante respostas com suas próprias palavras, sem qualquer tipo de interferência do pesquisador. Entretanto, vale ressaltar que a franqueza nas respostas nem sempre estará presente, dada a subjetividade a que se vale esse tipo de entrevista. Cabe ao entrevistador, portanto, a função de realizar uma escuta qualificada das respostas obtidas. Esse tipo de entrevista, dada a sua capacidade de otenção de respostas mais completas e espontânea, se mostra bastante útil quando se deseja pesquisar sobre determinadas culturas, crenças e hábitos de uma dada população.
Ainda sobre entrevista qualitativa, o autor do capítulo nos fornece informações práticas de como realizar de forma eficiente essa atividade de coleta de dados. Segundo ele, é preferível que o entrevistador:
- Fale moderadamente, criando perguntas que permitam um diálogo mais prolongado por parte do entrevistado, evitando assim os indesejados “sim” ou “não”.
- Não seja tão diretivo nas perguntas, permitindo que entrevistado exteriorize suas prioridades e descreva o mundo da forma como ele o percebe, de forma espontânea, transpondo facilmente os limites do que lhe foi questionado. Isso pode ser conseguindo atraves de perguntas de ampla abrangência sobre o tema. Por exemplo, na área da educação, uma pergunta de ampla abrangencia poderia ser: “Quais foram os principais acontecimentos na escola este ano?”
- Mantenha-se neutro; isto é, é essencial que o entrevistador tome cuidado para que suas expessões faciais, corporais ou suas respostas aos questionamentos do entrevistado não exerça influência no curso da entrevista e à réplica do mesmo. Em outras palavras, o entrevistador deve ser imparcial e evitar ser tendencioso.
- Mantenha uma boa relação com o entrevistado, uma vez que se estabeleceu um vínculo entre ambos, é necessário, para uma boa conclusão do processo de pesquisa, que o entrevistador evite divulgar informações sigilosas ou usar palavras que acarretem pensamentos de ódio por do outro.
- Use o protocolo de pesquisas. O protocolo possui um pequeno subgrupo de temas pertinentes à entrevista e deve seguir como um guia de conversação para a atividade. Entretanto, esta ferramenta não deve, em hipótese alguma, ser confundida com um roteiro de perguntas, tal qual possui a entrevista estruturada; uma vez que o protocolo representa o arsenal dos temas mentalizados pelo pesquisador, e não uma lista de perguntas reais a serem verbalizadas para o participante.
- Faça análises constantes durante o decorrer da entrevista. É essencial que o entrevistador possua senso crítico para poder decidir quando sondar em busca de mais detalhes, quando mudar de assunto e quando modificar seu protocolo original ou agenda para acomodar novas revelações. Não obstante, também é necessário que se tenha cuidado para não surpreender o entrevistado, por exemplo, em uma mudança de um tema para outro.
Dadas essas “coordenadas” de como conduzir uma boa entrevista qualitativa, o autor segue frisando sobre a importância de saber a forma correta de como “entrar e sair” dela. Segundo ele, antes mesmo de formalizar o acordo entre entrevistador e entrevistado; isto é, antes de o participante aceitar ser entrevistado, deve haver um estabelecimento de vinculo entre ambos, realizado de forma amistosa, com cumprimentos e cordialidades, conduta esta para a qual a maioria dos livros didáticos não se atentam. A correta “entrada” na conversa pode estabelecer claramente o tom interpessoal que será usado no decorrer do processo. Da mesma forma, “saída” do entrevistador deve ser pensada, pois, de forma indesejada, pode induzir à novas respostas por parte do entrevistado, como quando o pesquisador, ao estar se retirando, verbaliza um “Olha, a propósito...”, dando continuidade a conversação, uma vez que a réplica do entrevistado é esperada. Esta intercorrência deve ser evitada.
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