Relatórios Microbiologia

Gênero Brucella

A brucelose é uma doença importante pois além de afetar o sistema reprodutivo, é uma zoonose e seu contagio pode ser devido à má manipulação de animais. No homem pode causar febres (febre de Malta, febre ondulante, febre do mediterrâneo, febre do Gibraltar) e em animais é causadora de abortos (enzoótico, epizoótico, contagioso), doença de Bong e epididimite. Essa doença teve seu reconhecimento relativamente tarde. Existem algumas cepas ainda não reconhecidas, como: B. ceti, B. inopinata, B. microti.

A Brucella não resiste à pasteurização, David Bruce (1887) foi o primeiro a isolar esta bactéria. John Buck esqueceu uma placa com cepas de Brucella no laboratório e ocorreu uma mutação espontânea, e depois de estudos foi realizado a confecção da vacina B19.

O gênero Brucella possuem dimensões variando de 1,5 a 0,7µm, pode ser corado na coloração de Ziehl-Nielsen e também por Koster. Possui projeções de LPS em sua superfície, são aerófilas e microaerófilas (10% CO²), crescem lentamente em cultura e são necessários caldo triptose, fígado e ágar sangue no meio de cultura. Em vacas prenhes infectadas por Brucella, estas alojam-se no aparelho reprodutor; enquanto em vacas vazias se localizam em linfonodos.

É comum casos de aborto, produtos de abortos, exsudato vaginal e retenção placentária, fazendo com que diagnósticos diferencias se tornem muito importantes. Uma vez que o animal for infectado permanecerá assim por toda sua vida, pois não há tratamento. Brucellas produzem adenina e guanina monofosfato que impedem a formação de fagossomos. Sendo assim, elas se multiplicam nas células de defesa e é uma bactéria intra-celular.

O diagnóstico sorológico pode ser feito através da prova do Ag acidificado tamponado, prova do 2 mercaptoetanol, ring test (prova do leite) e fixação de complemento.

Gênero Staphylococcus

As infecções por bactérias do gênero Staphylococcus são caracterizadas por lesões piogênicas e pertencem à família Microccaceae. A mastite é a principal doença em bovinos causada por estas bactérias e causa um prejuízo de 2 bilhões de dólares por ano. Existem outras enfermidades relacionada à resistência criada por algumas cepas de Staphylococcus. Estes são cocos gram positivos, que se dispõem irregularmente (cacho de uvas), imóveis, capsulados ou não, com aproximadamente 0,8µm de diâmetro, são bem resistentes (60 graus Celsius por 60 minutos), crescem em meio contendo 7,5 a 10% de NaCl, permanecem viáveis por meses em placas a 40 graus Celsius, crescem em pH de 4,2 a 9,3 e são sensíveis à maioria dos desinfetantes.

Estas bactérias residem nas mucosas, pele, garganta, olhos e trato intestinal. Podem sobreviver em animais inanimados e fora da célula (diferente da Brucella). São agentes normais, porém em situações em que há queda de imunidade, podem se tornarem patogênicas.

As espécies coagulases positivas são: S. aureus, S. intermedius, S. hyicus, S. delphini. E as coagulases negativas são: S. epidermitis, haemolyticus, S. saprophyticus, S. sciuri.

No homem, são agentes primários de pústulas, acne, furúnculos, abscessos, impetigos. Aparecem secundariamente em casos de pneumonia, tuberculose, varíola, difteria. Em cães é causadora de piodermatite e otites (S. intermedius). Em suínos causa dermatite exsudativa, endometrite necrotizante, abscessos. Em equinos causa mastite, abscessos, fístula de cernelha e vaginites. Em bovinos é comum mastite, endometrite e abscessos. Geralmente, a mastite é ascendente e pode ter caráter agudo, crônico ou subclínico.

Os fatores de virulência extracelulares são: lipases, proteinases, enterotoxinas, exfolation, TSST-1, coagulase, hemolisinas, leucoidinas, nucleases, fibrinolisina, hialuronidase, penicilinase. Os fatores de virulências ligados à célula são: cápsula, peptidioglicano, ácido teicóico, clumping factor, proteína A. Estes fatores, são usados como uma forma de diagnosticar as cepas.

Uma colônia dessas bactérias forma um biofilme, pois é a forma de crescimento delas. Crescem umas sobres as outras e sintetizam muco polissacarídeo, que promove adesão, protege e impede a ação de antibióticos.

São usados provas bacteriológicos como hemólise, catalase, aglutinação, coagulase, manitol.

Enterobactérias

Pertencem à família Enterobacteriacea, habitam a flora normal do trato intestinal, vegetação, solo e água. São avaliadas como indicador de contaminação fecal e são comuns as diferentes espécies. É uma das maiores causas de diarreia nos homens e em animais. Nesta classe estão inseridos os gêneros: Citrobacter, Enterobacter, Escherichia, Klebsiella, Proteus, Salmonella, Serratia, Shigella, Yersinia. Os gêneros de maior importância para medicina veterinária são Escherichia e Salmonella.

Suas características são gram negativos, sem esporos, encapsulados ou não, flagelos, móveis, adesinas, bastonetes, não são resistentes. Os fatores de virulência são: cápsula (protege a membrana externa contra complementos), LPS (Ag somático O), flagelos (Ag. Flagelares H), adesina (Ag de aderência K = F), siderófaros, exotoxinas, endotoxinas. São causadoras de choque séptico, anaeróbios facultativos e não são exigentes no meio de cultura.

Os principais patógenos são: E. coli, Salmonella typhimurium, S. dublin, S. enteritidis, Yersinia pestis, Y. enterocolitica.

O meio de cultivo que será utilizado dependerá da origem da amostra. Pode contar inibidor de gram + (sal biliar), substrato, indicador de pH.

Para se realizar a profilaxia deve sempre fiscalizar a higiene no manejo, administração de colostro e utilização de vacinas.

Gênero Leptospira

Leptospira é uma bactéria aeróbia e compartilha características de bactérias Gram-negativas e Gram-positivas e é helicoidal (espiral). Esta foi isolada, pela primeira vez, no Japão, em 1915, por Inada e Ito. Existem diversas espécies patogênicas, separadas por sorotipos e sorogrupos. Medem geralmente 0,1 µm por 6 µm até 20 µm. Apresenta uma camada de peptideoglicano e uma membrana externa semelhante às bactérias Gram-negativas, mas com menor potencial tóxico.

As leptospiras possuem todas as características