SUPLEMENTAÇÃO DE -ALANINA: UMA NOVA ESTRATÉGIA NUTRICIONAL PARA MELHORAR O DESEMPENHO ESPORTIVO
Dissertações: SUPLEMENTAÇÃO DE -ALANINA: UMA NOVA ESTRATÉGIA NUTRICIONAL PARA MELHORAR O DESEMPENHO ESPORTIVO. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: 208806 • 5/2/2015 • 7.151 Palavras (29 Páginas) • 418 Visualizações
SUPLEMENTAÇÃO DE -ALANINA: UMA NOVA ESTRATÉGIA
NUTRICIONAL PARA MELHORAR O DESEMPENHO
ESPORTIVO
Guilherme Giannini Artioli1,2
Bruno Gualano1,2
Antonio Herbert Lancha Junior1
1 Universidade de São Paulo – Brasil
2 Faculdade de Medicina – Hospital das Clínicas – Brasil
Resumo: Evidências indicam que a fadiga em atividades de alta intensidade é causada em
grande parte pelo acúmulo de íons H+. Logo, estratégias que melhorem a capacidade de
tamponamento são potencialmente ergogênicas. A carnosina é um tampão intracelular que
apresenta grande contribuição para a capacidade tamponante total da fibra muscular. A
síntese endógena de carnosina, realizada a partir dos aminoácidos histidina e -alanina, é
limitada pela disponibilidade de -alanina. Portanto, a suplementação de -alanina promove
aumento da carnosina intramuscular e contribui para o desempenho em atividades de alta
intensidade, especialmente naquelas limitadas pela acidose intramuscular. Mais estudos devem
ser conduzidos para avaliar a eficácia da suplementação de -alanina em diferentes
modalidades esportivas.
Palavras-chave: carnosina, -alanina, tampão, acidose, desempenho.
-ALANINE SUPPLEMENATTION: A NOVEL NUTRITIONAL
ESTRATEGY CAPABLE TO IMPROVE SPORTS PERFORMANCE
Abstract: Several evidences indicate that fatigue in high-intensity physical activities is mainly
caused by intracellular accumulation of H+ ions. Thus, strategies that improve muscle cells
buffering capacity are potentially ergogenic. It was demonstrated that carnosine is an
intracellular buffer that importantly contribute to total buffering capacity in muscle fibers,
especially in type II fibers. Endogenous synthesis, which occurs from the amino acids histidine
and -alanine, is limited by -alanine availability. Therefore, -alanine supplementation
increases intramuscular carnosine content and can contribute to high-intensity performance.
Studies have shown that this novel ergogenic aid is able to significantly enhance performance
in activities in which major limitation is the intramuscular pH decrease. More studies should
address the efficacy of -alanine supplementation in different sports settings.
Key words: carnosine, -alanine, buffer, acidosis, performance
INTRODUÇÃO
A fadiga muscular pode ser definida como a incapacidade do músculo em manter uma determinada tensão ou de manter o
exercício físico a uma dada intensidade. As causas da fadiga podem ser múltiplas e incluem a inibição de enzimas que participam
Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte – 2009, 8 (1): 41-56
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da transferência de energia, a diminuição da sensibilidade ao cálcio (Ca++) do aparato contrátil, a diminuição da liberação ou da
recaptação de Ca++ ao retículo sarcoplasmático e a depleção de substratos energéticos (SAHLIN, 1986; 1992; ALLEN, LAMB e
WESTERBLAD, 2008). Em exercícios de alta intensidade, observa-se grande acúmulo intramuscular de diversos metabólitos,
dentre os quais se destacam: ADP, Pi, lactato e H+ (DAWSON, GADIAN e WILKIE, 1978; HOLLIDGE-HORVAT, PAROLIN,
WONG et al., 2000; BROCH-LIPS, OVERGAARD, PRAETORIUS et al., 2007). Ainda existe muita controvérsia sobre o papel
de cada um deles no desenvolvimento da fadiga, a exemplo do que demonstra a recente discussão sobre o assunto promovida
pela revista Journal of Applied Physiology (BONING e MAASSEN, 2008; LINDINGER e HEIGENHAUSER, 2008; SAHLIN,
2008). A explicação clássica mais frequentemente encontrada nos livros-texto de fisiologia do exercício apóia-se no acúmulo de
lactato como principal agente causador da fadiga. Todavia, alguns autores sugerem que o lactato per se não exerce nenhum
efeito negativo direto sobre os processos contráteis ou de transferência de energia, mas que a produção de H+ resultante da
dissociação do ácido láctico teria a capacidade de inibir enzimas da via glicolítica, além de prejudicar diversas etapas do
processo contrátil (FITTS, 1994). Enquanto alguns autores questionam apenas se a origem dos íons H+ é a dissociação do ácido
láctico ou se é a elevada taxa de hidrólise de ATP não-mitocondrial (ROBERGS, GHIASVAND e PARKER, 2004), outros
minimizam a importância da acidose intramuscular para a fadiga e propõem um mecanismo alternativo, no qual o aumento do Pi
seria o principal responsável pela queda na capacidade contrátil do músculo durante o exercício (WESTERBLAD, ALLEN e
LANNERGREN, 2002).
Embora o grupo de Westerblad tenha demonstrado em experimentos in vitro que o papel da acidose intramuscular no
desenvolvimento da fadiga não é significativo (WESTERBLAD, ALLEN e LANNERGREN, 2002), é possível que as condições
experimentais não sejam semelhantes o suficiente às condições fisiológicas observadas in vivo. Corroborando essa hipótese,
existem diversas evidências in vivo de que a acidose intramuscular é uma
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