AS NOVAS TENDÊNCIAS NUTRICIONAIS NO CARDÁPIO DAS FESTAS INFANTIS

ARTIGO ORIGINAL

NOVAS TENDÊNCIAS NUTRICIONAIS NO CARDÁPIO DAS FESTAS INFANTIS

NEW NUTRITIONAL TRENDS FOR CHILDREN’S PARTIES MENU[pic 1]

Joélia Silva Rufino[pic 2]

Orientadora: Dra. Katcilanya Menezes de Almeida*

Resumo        

O presente artigo objetiva chamar atenção para as sugestões e discussões que apontam novas tendências na elaboração do cardápio das festas infantis, como também alertar acerca do uso exagerado, nos referidos eventos, de produtos que podem trazer prejuízos ou que contribuem negativamente para a saúde das crianças, bem como para o não desenvolvimento de hábitos alimentares saudáveis. Foi realizado um levantamento sobre o que é oferecido nos buffets destes eventos, sinalizando,àluz da literatura, o perigo que tais produtos podem oferecer para a saúde das crianças, sobretudo com a relação que eles exercem sobre a elevação de peso e, consequentemente, com a obesidade infantil. Os resultados demostram que o cardápio oferecido é altamente calórico e que contém produtos inadequados para crianças. Desse modo, pretende-se, além de sugerir cardápios e lembrancinhas menos calóricas, propor uma reflexão sobre essa cultura, afim de que as festas infantis possam ser um momento onde as crianças, além da diversão, adquiram hábitos alimentares saudáveis.

Palavra-chave: festa de aniversário infantil, guloseimas, refrigerantes, aditivos químicos.

Abstract

        This article aims to draw attention to the suggestions and discussions that indicate new trends in designing the menu of children's parties, but also to warn about excessive use, in such events, of products that can bring harm or that negatively contributes to the children’s health as well as for not developing healthy eating habits. A survey was conducted about what is offered in these events’ buffet, indicating, based on literature, the risk that such products can bring to the children’s health, especially because of its relation to weight increase and thus to childhood obesity. The results demonstrate that the menu offered is highly caloric and that it contains products that are inappropriate for children. Therefore, in addition to suggesting less caloric menus and party favors, we intend to propose a reflection on this habit, so that children’s parties can be a time where children can have fun and also acquire healthy eating habits.

Keywords: children’s birthday parties, treats, soft drinks, chemical additives.

Introdução

As festas de aniversários são uma tradição antiga. Há relatos de que tenham surgido no Ocidente e que os romanos já praticavam e sua provável origem tenha iniciado nas festas de culto aos deuses da antiguidade [1].

O tão famoso bolo de aniversário, no entanto, pode ter sua origem associada ao culto em que os gregos realizavam para celebrar Ártemis, considerada a deusa da fertilidade. As centenas de variações que temos hoje é a provável evolução de um bolo preparado de pão e mel no formato de lua que era levado para o templo como oferenda [1].

O objetivo desse trabalho é alertar sobre os exageros dos produtos industrializados oferecidos nas festas infantis, sobretudo para aqueles com altas quantidades de açúcar, gorduras saturadas e aditivos químicos, levando à uma reflexão sobre essa cultura, bem como sugerir reformulação nos cardápios dos referidos eventos.  

A obesidade infantil é um tema que preocupa médicos e nutricionistas. Estudos mostram que tal problema tem tomado grandes proporções e que está associado a hábitos alimentares inadequados, tanto quanto ao grande volume da ingestão quanto à composição e à qualidade da dieta ofertada. O tempo gasto assistindo televisão, também é um fator determinante para o desenvolvimento do peso corporal, haja vista a diminuição da taxa de metabolismo [2].

        Por outro lado, os exageros das guloseimas e demais alimentos altamente calóricosoferecidos nas festas infantis, cada vez em maior quantidade, são preocupantes e podem contribuir para elevação dos índices de obesidade das crianças, além de favorecer o surgimento de outras patologias que estão associadas à obesidade, bem como àquelas relacionadas aos aditivos químicos presentes em diversos itens, que não são indicados para esta população [3].

Que excesso do consumo dos produtos (com alto teor de gordura e açúcar), podem levar à obesidade não é novidade. No entanto, as pessoas talvez não sabem ou não têm muita noção das suas complicações, que levam a problemas articulares, cardiovasculares, cirúrgicos, no crescimento, cutâneos, endócrino-metabólicas, gastrointestinais, neoplásticos, psicossociais, respiratórios. Tais complicações podem ter início ainda na infância, agravando o quadro se não houver uma intervenção rápida e eficiente, o que pode ser fatal e, com isso, aumentar o índice demortalidade [4].

Na infância, pode-se controlar o excesso de peso antes de um maior agravo no sistema endócrino, podendo reverter para uma eutrofia sem maiores danos. No entanto, torna-se mais difícil o manejo da obesidade em crianças que na fase adulta, por depender da disponibilidade dos pais e a resistência em corrigir hábitos alimentares inadequados,além de a criança não ter noção do prejuízo que esse estado nutricional pode trazer para saúde [4].

Do ponto de vista cultural, não podemos concordar que a industrialização, com tantos produtos artificiais, venha trazer uma referência negativa para o ritual das celebrações, transformando a riqueza e a importância que há nesse momento especial na vida de uma criança, em transtornos futuros por contribuir na formação de hábitos alimentares inadequados e em escolhas erradas nas preferências dos alimentos. Na vida adulta, a alimentação obtida desde a infância contribui fortemente para o aparecimento de doenças crônico-degenerativas [5].

Mas então, o que podemos pensar quando concordamos com essa cultura dos exageros das festas infantis e levamos nossos filhos para conhecer e degustar o vasto cardápio das guloseimas e refrigerantes? Qual referência eles terão se, na sua própria festa de aniversário, é oferecido o mesmo cardápio? Essa prática nos remete, mais uma vez, à questão quanto à formação dos hábitos alimentares inadequados que pode acarretar problemas de saúde imediata ou a longo prazo, tendo como relevante os fatores ambientais, onde os pais exercem maior influência sobre a formação das preferências alimentares de suas crianças [2,15].