PAPEL IMUNOLÓGICO DO LEITE MATERNO
Por: João Victor Oliveira • 22/11/2017 • Pesquisas Acadêmicas • 1.921 Palavras (8 Páginas) • 599 Visualizações
O PAPEL IMUNOLÓGICO DO LEITE MATERNO
Kályta Andrely Barbosa Nascimento Pereira1
Cynthya Hellen Costa Macedo2
Daniela Moura Parente3
INTRODUÇÃO
Na concepção de Filho et all, (2015) o leite materno é o alimento ideal para qualquer recém-nascido (RN) em relação à sua composição nutricional balanceada e à sua capacidade de gerar imunidade, proporcionando nutrição e imunização ao recém-nascido, além de permitir a formação e o fortalecimento do vínculo afetivo entre a mãe e o bebê.
O leite humano (LH) é um fluido extremamente complexo, riquíssimo em gorduras, minerais, vitaminas, enzimas e imunoglobulinas, sua composição o torna único, algo que não pode ser transformado em formulas artificial. ‘’ São seus constituintes elementos nutricionais e fatores bioativos não-nutricionais, que promovem a sobrevivência, o crescimento e um desenvolvimento adequado da criança. De fato, dele fazem parte centenas de moléculas bioativas diferentes, que protegem contra infeções e inflamação e contribuem para a maturação do sistema imunitário, para o desenvolvimento dos órgãos e para a saudável colonização microbiana’’ (CEBOLA, 2015).
A composição do LH pode vim a sofrer alterações o que significa que o leite não obedece a padrões, e aos longos das semanas de amamentação e até ao longo do próprio dia pode vim a está variando de mulher para mulher.
O período de amamentação é dividido em três fases diferentes: colostro, leite de transição e leite maduro, sendo que as principais alterações nos constituintes do leite ocorrem durante a primeira semana. O colostro é produzido apenas durante os
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1 Graduando do Curso de Biomedicina do Centro Universitário UNINOVAFAPI.
2 Graduando do Curso de Biomedicina do Centro Universitário UNINOVAFAPI.
3 Doutora em Biotecnologia - Rede Nordeste em Biotecnologia- RENORBIO. Professora do Centro Universitário UNINOVAFAPI. E-mail: danielaparente@novafpi.com.br
primeiros dias após o parto, é rico em componentes imunológicos como IgA secretória, lactoferrina e leucócitos e em fatores promotores do desenvolvimento como o Epidermal Growth Fator (EGF). Tem um elevado conteúdo proteico e um teor de gordura mais baixo, e apesar do seu valor nutricional as suas principais propriedades são imunológicas. O leite de transição, presente normalmente cinco a quinze dias após o parto, representa um período de aumento na produção de leite para suprir as necessidades nutricionais e de desenvolvimento do lactente em crescimento rápido. Cerca de quatro a seis semanas após o parto, o leite maduro mantém uma composição semelhante à do período anterior (CEBOLA, 2015).
O LM é constituído por vários nutrientes com funções imunomoduladoras, que por sua vez são substancias que agem no sistema imunológico aumentando a resposta orgânica contra determinados microorganismos, incluindo fungos, protozoários, vírus e bactérias, essas substancias não podem ser sintetizadas e incorporadas ao leite artificial. Além dessas moléculas que moldam o sistema imunológico, existem muitas células vivas no LM, como macrófagos, linfócitos e células estaminais, que são células que tem capacidade de se diferenciar em várias linhagens celulares tendo a possibilidade ainda de se auto renovar e se dividir grandemente.
Além de todos os nutrientes já citados, uma das muitas vantagens da amamentação é que o leite materno confere imunidade ao lactante através de uma transferência passiva de células de defesa e anticorpos que o protege de possíveis patógenos, já que ao nascer o organismo do lactante ainda não possui todos os mecanismos de defesas necessários para que sua resposta imunológica seja de fato efetiva. Pois no corpo recém-nascido tanto a resposta imunológica inata, que é a primeira linha de defesa contra os antígenos, quanto a resposta imunológica adquirida, que possui antígenos específicos, não estão totalmente desenvolvidas o que o torna mais vulnerável e susceptível a infecções.
A mãe transfere para o lactante através do leite materno componentes imunológicos que não podem ser reproduzidos em leites artificias. Pelo leite materno o lactente recebe: Linfócitos T, que fazem a resposta imunológica citotóxica onde elimina células infectadas por vírus ou células tumorais; são transferidos também Imunoglobulinas (IgA principalmente), estando presente nas mucosas e defendendo a criança contra bactérias e vírus, por exemplo, a Escherichia coli; Macrófagos e Neutrófilos também estão presentes no leite materno, sendo responsáveis por fagocitar os patógenos; Enzimas como a lisozima; Citocinas como a Ínterferon (INF); Proteínas transportadoras como a transferrina e a lactoferrina. O leite materno também transmite ao lactante diversos hormônios que influenciam diretamente o desenvolvimento do sistema imunológico. Alguns deles são: a prolactina que promove o desenvolvimento de linfócitos B e T, O cortisol, a tiroxina e a insulina que estimulam do desenvolvimento da mucosa gastrointestinal, importante para desenvolver a flora do trato GI, o protegendo de diversos patógenos e diarreias.
O leite materno confere uma proteção tanto a curto prazo quanto a longo prazo. Crianças que foram amamentadas são menos propensos a sofrer de infeções respiratórias, diabetes tipo 2 e obesidade infantil, alergias como a dermatite, também se sabe que a amamentação influencia no desenvolvimento cognitivo da criança. A amamentação não traz vantagens e benefícios apenas para os lactantes, no caso das mães que amamentam também possuem proteção a curto e longo prazo, pois estão menos propensas a de desenvolver diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e câncer de mama e ovários (isso a longo prazo). A curto prazo a amamentação contribui para que nessas lactantes o útero se recupere totalmente fazendo como que ele volte para o seu tamanho normal, diminui o risco de hemorragias e ∕ ou anemias após o parto, além de que também contribui para que a lactante perca peso.
A prevalência de aleitamento materno em crianças de seis meses de idade é de 77,6%; já a prevalência do aleitamento exclusivo na mesma faixa etária é de apenas 9,3%. Tal fato pode ser explicado pela falta de conhecimento sobre os benefícios do leite materno, crenças relacionadas, baixa escolaridade materna, parto cesáreo, idade materna, reduzido número de consultas de pré-natal e pela indisponibilidade dos profissionais de saúde para ministrar orientações direcionadas à manutenção da amamentação (ALGARVES, 2015).
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