Relatório sobre o filme: GATTACA – A experiência genética

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE – CCS

DEPARTAMENTO DE PATOLOGIA E CLÍNICA ODONTOLÓGICA

DISCIPLINA: BIOÉTICA

PROFESSOR: WAGNER LEAL DE MOURA

Relatório sobre o filme “GATTACA – A experiência genética”

De Andrew Niccol (1997)

JARDISON FERNANDO DE SOUSA MORAES (20169039290)

TERESINA – PI

JUNHO/2016

 

INTRODUÇÃO

A bioética consiste em um ramo do conhecimento que estuda os problemas éticos ligados, dentre outros aspectos, às pesquisas em biologia e medicina e em suas implicações à vida humana (JUNQUEIRA, 2007). Dessa forma, a bioética discute, portanto, as implicações morais, legais e sociais, sobre o que é certo e o que é errado, buscando regulamentar os limites do progresso da medicina, biotecnologia e engenharia genética.

        Diante disso, o filme “GATTACA – A experiência genética”, busca retratar, distopicamente, como seria o futuro da humanidade, e quais mudanças seriam observadas a partir da evolução e influência da ciência na sociedade. Além disso, o filme traz à tona uma espécie de supremacia gênica, na qual o ser humano é categorizado a partir de sua carga genética, o que leva a uma “seleção artificial” e, consequentemente, à segregação de indivíduos considerados “inválidos” devido à algum defeito no código genético.

        Ante o exposto, essa dicotomia é representada a partir de uma família que possui dois filhos, sendo que um deles nascera de forma natural, dotado de algumas “imperfeições” no seu DNA, enquanto que o outro fora “criado” artificialmente a partir de técnicas de manipulação gênica e nascera sem nenhum defeito genético. Destarte, cria-se uma certa discriminação para com o filho natural, devido à sua baixa qualidade genética se comparada à do filho “artificial”.

Com base no que fora retratado no filme “GATTACA – A experiência genética”, dirigido por Andrew Niccol, e nos conceitos e assuntos referentes à bioética que foram expostos em aula, o presente relatório tem como objetivo explicitar, de forma clara e objetiva, os acontecimentos decorridos ao longo do filme e os vários temas ali envolvidos.

DISCUSSÃO

        

O filme retrata a história de Vincent Anton, um funcionário de uma empresa de voos espaciais chamada GATTACA. Ele está determinado a fazer parte de uma equipe de expedições espaciais. Entretanto, ele precisa ocultar sua "identidade genética", já que possui um problema cardíaco sério, que pode o levar a morte. Dessa forma, Vincent utiliza amostras de sangue e urina de Jerome, um indivíduo geneticamente "perfeito", que, devido a um acidente, ficou paraplégico.

Diante disso, o enredo se baseia nos desafios e artimanhas que Vincent Anton teve que enfrentar para atingir seus objetivos diante de uma sociedade que o segregava, assim como muitos outros considerados “inválidos, devido à alguma condição desfavorável determinada pelo seu DNA. Destarte, percebe-se a importância que é dada ao código genético humano e, consequentemente, o predomínio de um tipo de “determinismo genético” nessa sociedade do futuro.

O termo “GATTACA”, por si só, refere-se a uma sequência de bases nitrogenadas que compõem o DNA (Ácido Desoxirribonucleico), sendo esta equivalente à Guanina, Adenina, Timina, Timina, Adenina, Citosina e Adenina. Partindo disso, sabe-se hoje que o DNA equivale à principal forma de identificação de um ser humano, caracterizando cada indivíduo como um ser único, porém, legalmente iguais, de acordo com o artigo 5º da Constituição Federal Brasileira.

Apesar de futurista, o filme GATTACA reflete a um passado em que a inferioridade de determinados indivíduos era justificada, em parte, pelas suas características genéticas, por exemplo, na época da escravidão, os portugueses colonizavam as terras e escravizavam indivíduos negros, devido a cor de sua pele, para trabalharem nas lavoura. No holocausto promovido pelos nazistas, milhares de judeus e negros foram escravizados e mortos pelos nazistas por serem considerados como raças impuras que precisavam ser eliminadas, com base nos princípios da chamada “raça ariana”.

        Ante o exposto, o que vemos hoje é que, ao longo de muitos anos, a ciência tem evoluído escalafobeticamente na área da engenharia genética, de modo que através do chamado “Projeto Genoma Humano” já se tem conhecimento de todo o mapao do genoma humano e de todos os nucleotídeos que o compõem. Diante disso, tais informações permitiram a compreensão de diversas doenças genéticas humanas, o desenvolvimento de novos fármacos, aplicação de terapia gênica para cura de doenças, melhorias nas conduções de testes clínicos e terapêuticos, dentre outros.

        Atualmente, a humanidade já dispõe de técnicas de reprodução assistida capazes de viabilizar a gestação em mulheres que têm dificuldades de engravidar, técnicas de clonagem, desenvolvimento de organismos geneticamente modificados, dentre outros procedimentos. Contudo, várias entidades sociais, como a igreja católica, vêm questionando sobre quais as possíveis consequências que tais técnicas poderão trazer à sociedade (RAMOS, 2009). Dessa forma, percebe-se que a realidade distópica do filme GATTACA pode não estar tão distante quanto pensamos.