MANCHA AUREOLADA DO CAFÉ
Por: Oliveira Celismar • 16/10/2016 • Resenha • 2.378 Palavras (10 Páginas) • 561 Visualizações
Dentre as muitas pragas que atacam o café (Coffea arábica L.), as principais são[a]: A Ferrugem; Cercóspora; Phoma; Ascochyta;[b] Broca; Bicho Mineiro; Cigarra; Nematoides; Ácaro Vermelho e Bactérias (GARCIA et al.). Dentre as bactérias o gênero que mais tem causado danos à cafeicultura tem sido Pseudomonas. Bactérias pertencentes a este gênero podem habitam[c] em uma variedade enorme de ambientes, o que demonstra a capacidade metabólica, a versatilidade, o amplo potencial de adaptação e às variações do ambiente à que estes microrganismos podem sobreviver e se desenvolver, é um grupo metabolicamente versátil[d] e ocupam inúmeros nichos ecológicos (JUN et al., 2016; SILBY et al., 2011).
Atualmente o gênero Pseudomonas contém 144 espécies, sendo o gênero de bactérias gram-negativas com o maior número de espécies (GOMILA et al., 2015). Este gênero mesmo sendo bem diverso e possuir mais de 50 patovares (CHIKU et al., 2013) apenas duas espécies têm sido relatadas como fitopatógenos do cafeeiro e causadores de sintomas de manchas foliares, sendo eles: P. syringae pv. tabaci, P. cichorii e P[e]. syringae pv garcae. Sendo esta última o agente etiológico da Mancha Aureolada do cafeeiro (MARIA; ALMEIDA, 2013) que tem se tornado uma preocupação constante para agricultores das principais regiões produtoras de café do Brasil uma vez que a doença pode causar perdas de até 70% em viveiros e também em locais com plantações já estabelecidas (ZOCCOLI; TAKATSU; UESUGI, 2011).
Esta doença tem como agentes agravantes a dificuldade de controle do patógeno (MARIA; ALMEIDA, 2013). Sua alta capacidade destrutiva acentua-se quando encontra ambiente e hospedeiro propícios e as poucas informações disponíveis à respeito da doença (BELAN, 2014). Segundo um levantamento feito por (MANSFIELD et al., 2012), levando em consideração o ressurgimento de doenças nas principais culturas de importância agronômica, o gênero Pseudomonas e seus patovares ocupam entre as fitobactérias o primeiro lugar quando considera-se a importância e o fator perdas econômicas das principais culturas no mundo, levando em conta o cenário atual da agricultura. Isso mostra que os danos causados por este gênero de bactérias afeta não apenas a cultura de café, como também outras cultura de importância econômica (ROMERO; OLIVEIRA; MELO, 1993) como: Citros; Coffea (café); Coffea arabica (café Arábica); Phaseolus vulgaris (feijão); Lycopersicum do Solanum (tomate); Solanum tuberosum (batata) (P.K. BANK, 2016).
Área de ocorrência:
A Mancha Aureolada é uma doença que tem ocorrido em grande parte nas principais regiões produtoras de café do Brasil, principalmente nos estados de São Paulo, em lavouras do Sul de Minas Gerais em região de Cerrado (NASCIMENTO et al., 2013). Mas foi descrita pela primeira vez na cidade de Garça, no estado de São Paulo, mas[f] com ocorrência também no estado do Paraná (AMARAL et al., 1956). Também existem registros da doença no Kenia (RAMOS; KAMIDI, 1981). (ZOCCOLI; TAKATSU; UESUGI, 2011).
Avaliando a ocorrência da Mancha Areolada em plantações localizadas no Triangulo mineiro conseguiu mensurar algumas condições que considerou ideais para ocorrência da doença como: Predominância da doença em regiões sujeitas a ventos fortes; Temperaturas amenas; Ocorrência de chuvas frequentes e bem distribuídas; Áreas mais montanhosas com altitudes acimas de 1000 m; Severidade maior em culturas estabelecidas sobre platôs ou terrenos com declividade acentuada; Plantios expostos à ventos fortes e a ocorrência de geadas. Esta última é de fundamental importância para a penetração das bactérias uma vez que este patógeno penetra na planta preferencialmente por respingos de chuva, ventos e ferimentos que neste caso é causado por geadas e/ou operações culturais (BELAN, 2014; DAVID; PÉREZ, 2015). MINA citada por (GHINI; HAMADA; BETTIOL, 2011) afirma que uma vez que as fitobactérias penetram em seus hospedeiros pelos ferimentos e com a frequência de chuvas de ganizo e ventos têm-se condições ideias para disseminação da doença nos cafezais.
Sintomatologia: Os sintomas de Mancha Aureolada podem ser confundidos com os de muitos patógenos que também acometem as plantas de café, por isso é necessário atenção no momento da diagnose, pois muitos são os sintomas de causas abióticas como distúrbios nutricionais e/ou causados por outros patógenos como Cercospora coffeicola e Phoma[g] tarda, P. tarda e Pseudomonas cichorii que podem levar a confusão na hora da diagnose (MARIA; ALMEIDA, 2013). Entretanto os sintomas característicos podem ser vistos principalmente em folhas mais novas, uma vez que a idade fisiológica de órgãos vegetais influencia na severidade da doença (ZOCCOLI; TAKATSU; UESUGI, 2011).
Uma planta atacada por P. syringae pv garcae pode sofrer danos nas folhas, flores, frutos novos e ramo (YAMADA, 2014). Nas folhas, a bactéria provoca lesões necróticas com aspecto encharcado que com o passar do tempo ganham aspecto amarelo escuro em torno da necrose (BELAN, 2014). O local em torno das lesões apresenta clorose que é característico da doença. Esta clorose é atribuída à síntese e libertação pela bactéria de um dipeptídio contendo tabtoxinine-β-lactama, que inibe de forma irreversível a ação glutamina sintetase, sem a qual a defesa da planta torna-se ineficiente (MATEUS et al., 2015).
Estudos objetivando observar as mudanças que Pseudomonas syringae pv. garcae causa em folhas de café infectadas concluíram que em um intervalo entre 10 e 20 dias após a inoculação artificial da bactéria é possível observar a colonização dos espaços intercelulares pelo patógeno, assim como também as células do mesofilo, parênquima e células do feixe vascular, interrompendo o fluxo de seiva, assim como a total degradação dos tilacóides e membranas dos cloroplastos da área afetada. Neste mesmo estudo os autores afirmam que o tamanho dos danos internos causados pela bactéria pode ser até o dobro do observado externamente (MATEUS et al., 2015).
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