A Gestão da Tecnologia

1. Introdução

Nos dias atuais, é inegável o papel fundamental que a tecnologia desempenha no que tange o desenvolvimento e progresso de todas as nações. Tal importância da tecnologia acontece de modo que quanto maior for o desenvolvimento de uma determinada região, maior será a necessidade e desejo da utilização de recursos e benefícios propiciados pela tecnologia.

Nesse sentido, torna-se vital que, visando um maior desenvolvimento, os países busquem adquirir ou produzir tecnologia de modo a gerar crescimento tanto econômico como social. Assim, o conceito de transferência de tecnologia surge como ponto fundamental para entender como acontece tal aquisição.

Dessa forma, a transferência de tecnologia pode ser entendida como o meio pelo ocorre a disseminação de conhecimentos e habilidades que podem ser aplicados a problemas de produção. Essa disseminação pode ser encarada como uma transação entre organizações, em que a organização receptora tende a progredir com a aquisição da tecnologia.

É perceptível, então, que essa transferência promove o desenvolvimento científico-tecnológico à medida que torna o acesso à tecnologia mais amplo a uma maior parcela de usuários que, por sua vez, passam a desenvolver novos produtos, aplicações e processos.

Assim, Cysne (2005) pontua que o desenvolvimento e crescimento socioeconômico está diretamente conectado à capacidade de inovação tecnológica e transferência e aplicação de tecnologia por parte das empresas em cada país, aumentando, dessa maneira, a velocidade com que ocorrem o desenvolvimento e a transferência de tecnologia.

Dada a fundamental importância da tecnologia e sua transferência, abordada brevemente anteriormente, o presente trabalho tem como objetivo, por sua vez, abordar o modo com que ocorre a transferência tecnológica e as nuances envolvidas em todo processo, bem como analisar as características envolvidas no mesmo.

        

2.      Desenvolvimento

 

2.1. Tecnologia e Inovação

 

Antes do conceito de transferência de tecnologia ser abordado, serão comentados alguns conceitos importantes para entender a transferência de tecnologia propriamente dita.

Dessa maneira, o conceito de tecnologia apresenta-se de forma fundamental no que tange o contexto do presente trabalho. Barreto (1992) define tecnologia como sendo um conjunto de informações que é capaz de modificar a estrutura cognitiva de um grupo ou sociedade.

Tendo em vista esse conceito, observa-se que a tecnologia pode ser visualizada em produtos e processos tecnológicos, bem como em conhecimento produzido e utilizado no dia-a-dia. Entretanto, é necessário observar que a tecnologia não pode ser encarada puramente como algo tangível, podendo-se citar como exemplo máquinas, computadores e produtos em geral. Na realidade, a tecnologia vai mais além. Ela deve ser vista como o conhecimento que gerou os objetos anteriormente mencionados. Dessa maneira, faz-se possível a absorção, difusão e transferência desse conhecimento, a tecnologia.

Em outras palavras, a tecnologia também pode ser encarada como o conhecimento utilizado para resolver determinado problema presente na sociedade. Ela não possui um sentido se não for utilizada com o intuito de se obter algum resultado específico.

Nesse contexto, então, surge o conceito de inovação tecnológica. Tal conceito pode ser visualizado a partir da definição de invenção. Uma invenção nada mais é do que a criação de novas ideias. Dessa maneira, uma inovação tecnológica seria uma invenção posta em funcionamento de modo a atingir um desenvolvimento comercial, sua aplicação e também sua transferência.

Entende-se, então, que para que uma invenção possa ser considerada uma inovação tecnológica, ela deve ser aceita no mercado. Sendo assim, a inovação deve ser algo que as empresas, consumidores e sociedade em geral entendam como algo novo no mercado, sendo posta para uso pela primeira vez.  

Assim, a partir dos conceitos expostos anteriormente, percebe-se que a tecnologia possui um grande impacto nas empresas no mundo atual.  Ela surge, principalmente, como um diferencial competitivo nas empresas, estando presente principalmente em equipamentos, máquinas, produtos, processos e serviços. Por possuir tamanha importância no mercado e na sociedade em geral, seria fundamental que a tecnologia se difundisse pelo mercado, propiciando maior desenvolvimento e consequente melhor qualidade de vida.

Contudo, em países como o Brasil, por exemplo, a transferência e difusão de tecnologia muitas vezes não acontece da maneira correta. Como já mencionado, a tecnologia é o conhecimento empregado na produção e invenção de máquinas, produtos e equipamentos. Dessa maneira, no país muitas vezes a única transferência que ocorre é a transferência desses objetos propriamente ditos, e não a transferência do conhecimento por trás da invenção dos mesmos. Assim, pode-se dizer que o Brasil encontra-se, de certa forma, atrasado no que tange o desenvolvimento, produção e aquisição de tecnologia, como será abordado mais à frente.

Para analisar esse cenário, será discutido o modo como acontece o processo de inovação tecnológica. Inicialmente, tem-se que os principais agentes responsáveis pela inovação são as empresas, universidades e centros de pesquisa e desenvolvimento. Muitas vezes essas empresas estabelecem parcerias com as universidades e centros de modo a realizar pesquisas de cunho tecnológico que podem vir a se tornarem futuros produtos de sucesso no mercado ou melhorias no processo produtivo, etc. Nesse contexto, surgem os modelos de inovação mostrados nas Figuras I e II.

Figura I – Modelo linear de inovação tecnológica

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Fonte: Pinto (2012)

 

Figura II – Modelo interativo de inovação tecnológica

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Fonte: Grizendi

 

O modelo linear consiste no desenvolvimento, produção e comercialização de novas tecnologias, que se originam nas atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D). Dessa maneira, a P&D é a base do desenvolvimento e inovação tecnológica nesse modelo. Todavia, nesse modelo, todas as atividades que são exteriores à P&D são, de certa forma, ignoradas uma vez que a inovação tecnológica é encarada apenas como o processo de invenção, produção e comercialização, não havendo um caráter mais amplo no que tange esse processo.