A MULHER NA SOCIEDADE PATRIARCAL: EMANCIPAÇÃO FEMININA VERSUS DOGMATISMO DOS VALORES MORAIS
Por: Leosapucaia • 21/8/2018 • Pesquisas Acadêmicas • 3.992 Palavras (16 Páginas) • 265 Visualizações
A MULHER NA SOCIEDADE PATRIARCAL: EMANCIPAÇÃO FEMININA VERSUS DOGMATISMO DOS VALORES MORAIS
Leonardo Sapucaia Almeida
Rafaela Nascimento dos Santos
Estudantes do curso de Engenharia Química no Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia
RESUMO
Este artigo tem o objetivo de discutir a história da mulher em meio a uma sociedade patriarcal, passando pelas conquistas históricas femininas no Brasil e no mundo, mas também salientando a importância da existência de maior debate sobre os direitos femininos e do cumprimento das leis de proteção à mulher em vigor. Serão expostos os meios que as mulheres nos dias atuais estão utilizando para vencer os obstáculos criados pelo machismo. Dessa forma, pretende-se mostrar a imagem da mulher lutadora e tenaz. Essas análises serão interligadas à personagem principal do livro A Casa dos Budas Ditosos (1999), de João Ubaldo Ribeiro.
INTRODUÇÃO
O presente artigo tem como foco, analisar a mulher sob influência da sociedade patriarcal e conservadora ao longo do tempo, a repressão à identidade feminina e a violência de diversos métodos contra as mulheres. Por outro lado, será exposto, também, como as mulheres têm superado essas questões, em busca de uma maior equidade de gêneros e liberdade de expressão.
Como principal referência, foi utilizado o livro A Casa dos Budas Ditosos, do autor João Ubaldo Ribeiro (1999). A obra trata da vida de uma mulher que rompe com o dogmatismo presente no patriarcado. A personagem representa a emancipação da mulher frente a uma cultura machista. O livro tem, como finalidade, o debate de gêneros, além da quebra de preconceitos, tabus e paradigmas sociais, abrindo caminho para emancipação feminina, retratada pela protagonista.
Historicamente, foi imposto à mulher o papel de reprodutora, dona de casa, criadora dos filhos e objeto de prazer do marido. Por isso por muito tempo a mulher ficou à margem do processo educacional e profissional. Porém, essa concepção começou a mudar nos últimos séculos, com o início do movimento feminista. A mulher passou a exigir seus direitos, iniciando o processo de conquista pelo seu espaço. Assim, ocorreram muitos avanços na emancipação feminina.
Apesar desses avanços, a mulher ainda está aquém de uma verdadeira equidade de gênero. Além disso, o problema da violência física e moral da mulher é uma realidade ainda persistente, a qual necessita de soluções para que se atinja uma sociedade igualitária e justa.
Portanto, o principal objetivo deste artigo é promover uma maior conscientização a respeito da valorização feminina e do seu espaço na sociedade, bem como compreender os valores históricos que levaram à repressão da mulher e da sua identidade.
Posteriormente, serão apresentados os materiais e os métodos de pesquisa utilizados para este artigo, além das considerações finais.
MATERIAL E MÉTODOS
Inicialmente, foi feita a leitura do livro “A Casa dos Budas Ditosos”, RIBEIRO, João Ubaldo, Rio de Janeiro ed. Objetiva 1999. Em seguida, foi realizada a produção de uma resenha crítica sobre a obra.
Após isso, foi escolhido um tema relacionado ao romance, para ser abordado no trabalho de pesquisa. Posteriormente, foram selecionados artigos acadêmicos de referência teórica para o trabalho, bem como dados complementares.
Depois, foram realizados encontros semanais com o professor para a orientação do projeto. Por fim, foi realizada a elaboração do artigo acadêmico.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nesta seção, haverá as discussões relacionadas aos sub tópicos do tema, os quais estão divididos em três partes: Mulher na sociedade patriarcal: histórico, A repressão e a violência à mulher: causas e formas, e, por fim, Mulheres: vencendo o obstáculo do machismo.
MULHER NA SOCIEDADE PATRIARCAL: HISTÓRICO
Apesar de alguns autores considerarem o início da idealização do movimento feminista na Revolução Francesa, por conta das denúncias contra abusos e opressões e da participação das mulheres nas revoltas populares, o movimento feminista só teve seu início, de fato, no final do século XIX, na Inglaterra. O cenário era completamente diferente do que existia na França do século XVIII.
De acordo com Ana Fahs, acadêmica da área de ciências sociais, escritora da plataforma Politize!, na sociedade ocidental, as mulheres tinham um papel fixo que lhes era atribuído. Esse papel era o de cuidadora do lar, junto com todas as demais atribuições que vêm junto com este termo. Portanto, era exigido da mulher que ela fosse “prendada”, soubesse cozinhar, lavar e passar bem os artigos domésticos e cuidar dos filhos. Ademais, era exigido que a mulher conciliasse tal trabalho pesado com a leveza da feminilidade, isto é, a mulher deveria além de tudo isso, se manter bela, perfumada e sempre submissa às ordens do marido. Portanto, deveria satisfazer seu marido no que ele desejasse. Como esses eram os principais papéis femininos, a mulher foi afastada por muito tempo da esfera educacional. Esta imagem romântica e utópica da mulher, todavia, foi sendo desconstruída ao longo do tempo.
Até o século XIX, as mulheres eram tratadas como bens. Ou seja, pertenciam a seus pais e depois eram passadas a seus maridos (os quais, diga-se de passagem, eram escolhidos por seus pais). A obrigatoriedade de servir em casa, mesmo que esse não fosse o desejo da mulher, era a realidade. Abusos sexuais eram muito comuns na época. Por isso, nesse período, os papéis sexuais femininos começaram a ser impostos pelos homens, de forma a não abrir oportunidades para a mulher obter satisfação e exigir do seu parceiro seus desejos. Qualquer movimento contra esses abusos era duramente reprimido pelo patriarcado.
Enquanto isso, no mundo, iniciava-se a Primeira Onda do movimento feminista, segundo a doutoranda Cientista Política Daniela Klebis, com o intuito de exigir equidade de direitos para homens e mulheres. Foi caracterizada, principalmente, pela luta das mulheres por participação política. Surgiu, na Inglaterra, um movimento chamado de sufrágio feminino. As suffraggettes influenciaram muitas mulheres ao redor do mundo, inclusive no Brasil. Fundaram o grupo Women’s Social and Political Union, que atuava em temas relacionados à violência contra mulher, a divulgação do movimento e a resistência à repressão.
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