Artigo sobre ergonomia em fundição
Por: Cristianfr • 11/11/2015 • Artigo • 1.767 Palavras (8 Páginas) • 1.137 Visualizações
Avaliação ergonômica no setor de rebarbação de fundição
Cristian Fernando Rodrigues da Silva[1]
Filipe Scherer[2]
Maicom Lopes Trentin3
Rafael Volanim4
RESUMO
Esse artigo apresenta o estudo da carga física de trabalho, por meio da avaliação física, integrada com a avaliação qualitativa dos trabalhadores dos setores de quebra e rebarbação de uma Fundição de São Sebastião do Caí. Com base nos estudos, são tomadas algumas medidas e alterações que facilitam o trabalho e melhoram a qualidade ergonômica das atividades dos trabalhadores.
PALAVRAS CHAVE
Ergonomia, Avaliação física, Rebarbação, Fundição
1. Introdução
Devido à alta rotatividade dos trabalhadores nesses setores, faz-se necessário um estudo de avaliação da rotina de trabalho e as condições ergonômicas das atividades, procurando formas de melhorar as condições de trabalho.
Este artigo apresenta a intervenção ergonômica realizada no setor de quebra e rebarbação de uma fundição do Rio Grande do Sul, que foram priorizados devido ao expressivo quadro de pedidos de demissão de trabalhadores com queixas de dores musculares, principalmente em membros inferiores e superiores, lombalgias, e cansaço físico generalizado. O artigo relata como os trabalhadores percebem a carga física de trabalho e a fadiga, por meio de uma análise qualitativa com enfoque participativo, e traça um paralelo com a avaliação quantitativa da carga física de trabalho.
2. Método
A empresa na qual foi realizado esse estudo é uma fundição do interior do Estado do Rio Grande do Sul, situada no município de São Sebastião do Caí. Na fundição são fabricadas peças fundidas para empresas do setor metal-mecânico sendo, em média, fundidas 200 toneladas ao mês.
A intervenção ergonômica foi conduzida segundo o método de diagnóstico preliminar participativo dos riscos (DEPARIS), que é dividido em duas partes. A primeira parte do documento descreve uma estratégia de prevenção dos riscos em quatro níveis chamada SOBANE. A segunda parte do documento apresenta o método diagnóstico participativo dos riscos (Déparis).
2.1 Caracterização das atividades nos setores de quebra de canais
As peças advindas da fusão são derrubadas no chão com o container pelo operador da empilhadeira. Cada um dos marreteadores ajusta manualmente a peça a ser separada do moldes dispondo e posicionando as mesmas junto ao chão. Aplica então com a marreta vários golpes (o número de golpes aumenta nas peças“cinzentas” para separar a peça do seu molde.
Separada a peça do seu molde, joga a mesma manualmente na caçamba da máquina de jateamento. Os moldes são separados para transporte e posterior uso no setor de fusão. Ao longo da jornada de trabalho, aumenta a deposição de areia advinda com as peças dificultando a locomoção e mesmo a atividade de quebra das peças. Igualmente, pelas dimensões físicas do setor, cada um dos três marreteadores trabalham próximos, necessitando redobrada atenção nas tarefas e também quando chegam os containers metálicos com as peças, jogados pelas empilhadeiras.
2.2 Caracterização das atividades nos setores de rebarbação
As peças são dispostas pelo operador da máquina de jateamento, em esteiras que são dirigidas aos operadores da rebarbação, de acordo com as suas dimensões. As pequenas em esteiras onde as peças são rebarbadas por operadores, em postos de trabalho paralelamente à esteira. De acordo com as características da peça, o operador rebarba as áreas necessárias, dirigindo a peça para o rebolo, rebarbando a peça. As peças maiores são encaminhadas para a rebarba em equipamentos maiores, onde as mesmas são dispostas no chão e o operador rebarba a peça, utilizando uma esmerilhadeira.
3. Apreciação ergonômica
Entrevistas
As entrevistas, específicas para cada setor, foram realizadas individual e coletivamente, sendo entrevistados três funcionários da quebra e cinco da rebarbação o que representa 100% do total de funcionários do setor. Os itens mencionados nas entrevistas foram priorizados pela ordem de menção.
OM | Priorização dos Itens - Setor de Quebra |
1 | As peças vêm muito quente |
2 | Alguns canais são difíceis de quebrar |
3 | Temos poucos tamanhos de marretas |
4 | O local de trabalho é quente por ser perto dos fornos |
5 | As peças pequenas deveriam ser quebradas em uma mesa de altura correta |
6 | Para peças grades poderia haver uma tesoura hidráulica |
7 | O ambiente de trabalho tem muita poeira |
8 | Algumas peças apresentam rebarba que poder machucar |
9 | O local de trabalho tem pouco espaço para os trabalhadores |
10 | O equipamento de desmoldagem faz muito ruído |
Tabela 1 – Exemplo dos resultados das entrevistas (setor de Quebra)
OM | Priorização dos Itens - Setor de Rebarbação |
1 | Peças com muita rebarba e imperfeições para corrigir no rebolo |
2 | Ambiente com muita poeira |
3 | Poeira cola no corpo devido ao suor |
4 | Impossibilidade de corrigir altura nos rebolos de bancada |
5 | Esmerilhadeira muito pesada |
6 | Peças grandes com muita areia |
7 | Trabalho repetitivo |
8 | Mau posicionamento em peças grandes |
9 | Risco de acidentes em quedas de peças grandes |
10 | Peças quentes |
Tabela2 – Exemplo dos resultados das entrevistas (setor de Rebarbação)
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