CONCRETO COM BAGAÇO DE CANA

1. INTRODUÇÃO

Destinando sua produção principalmente para a fabricação de açúcar e etanol, o Brasil se encontra como o maior produtor de cana-de-açúcar do mundo.

Visando produzir eletricidade suficiente para atender a demanda da usina, indústrias deste segmento desenvolveram uma forma de produzir energia elétrica por meio da queima do bagaço de cana de açúcar, devido ao seu alto poder calorífico.

Durante a queima do bagaço nas caldeiras, são gerados dois tipos de cinza, uma provinda do fundo das fornalhas (cinza pesada) e outra do lavador de gases que fica vinculado à chaminé (cinza volante ou leve). Estima-se sobre esses dados que a indústria sucroalcooleira gera 3,61 milhões de toneladas de cinza de bagaço de cana-de-açúcar (CBC), volume de resíduos considerável devido a sua alta produção (FEITOSA, MALTONI E SILVA, 2009). Normalmente, estas cinzas são descartadas nas lavouras sem um manejo eficiente pelas usinas sucroalcooleiras.

Com base na Lei Federal 12.305/2010 que estabeleceu a política nacional de resíduos sólidos que foi elaborada para a proteção da saúde pública e da qualidade ambiental, tratamento dos resíduos sólidos e arrumação final ambientalmente apropriada. Objetivos esses da legislação instigam e obrigam as indústrias a adotarem um plano de gestão de resíduos sólidos, desenvolver uma correta finalidade para os rejeitos e elaborar tecnologias para reutilizar, reciclar ou tratar esses resíduos.

A indústria de cimento apresenta no decorrer de suas etapas de produção, um alto valor de poluição, como por exemplo: material particular, dióxido de carbono, óxidos e enxofre e óxidos de nitrogênio. De acordo com uma pesquisa norte-americana, a fabricação de cimento está entre as maiores fontes de emissão de poluentes atmosféricos perigosos, como o mercúrio, chumbo, cadmio e metais halogenados (USA, 1991; UESPA, 1996).

Segundo dados de 2004, a indústria da construção civil é responsável por aproximadamente 5% da emissão de CO2 no planeta, sendo o concreto um produto a base de cimento Portland, é um dos materiais mais utilizados do mundo. Para cada 1 m³ de concreto produzido são emitidos entorno 0,2 t de CO2 (GARTNER, 2004).

Na incorporação de um resíduo ao cimento Portland são alteradas as características dos aglomerantes, entretanto, em condições específicas, essas características podem ser preservadas ou até mesmo melhoradas em questão do desempenho dos componentes produzidos com aglomerantes vindos da incorporação de resíduos (na forma de adição mineral).

Na utilização da CBC nos concretos, irá solucionar o problema das usinas com encontrar uma finalidade adequada para o resíduo, que podem causar o assoreamento dos cursos d’agua e afetar a vida útil dos aterros; além reduzir o consumo de recursos na construção civil e os impactos ambientais ocasionados pela produção do cimento.

2. PROBLEMÁTICA

Após a queima do bagaço da cana de açúcar, surge uma grande incógnita quanto ao destino da cinza produzida no processo, podendo trazer impactos ao meio ambiente em caso de descarte não apropriável. Qual finalidade podemos dar a cinza do bagaço da cana de açúcar?

3. OBJETIVOS

3.1. Objetivo Geral

Gerar um concreto a base da cinza do bagaço de cana de açúcar, dando um fim ao descarte inadequado do resíduo, além de resguardar as jazidas naturais que são exploradas para a produção do concreto, e assim contribuir para um desenvolvimento mais sustentável.

3.2. Objetivo Específicos

Analisar a atividade pozolânica da cinza leve, em substituição parcial ao cimento Portland, e avaliar a resistência à compressão na adição dos diferentes percentuais de substituição.

4. JUSTIFICATIVA

Atualmente as indústrias sucroalcooleiras descartam em campo grandes quantidades de material residual como a cinza do bagaço de cana de açúcar, o que pode trazer inúmeros danos ao meio ambiente, por outro lado temos as indústrias de cimento que estão entre as mais poluentes do planeta produzindo significativas quantidades de dióxido de carbono e assim colaborando para o aquecimento global.

Ao adicionar a cinza do bagaço da cana de açúcar como material de substituição parcial do cimento Portland, estamos evitando contaminações vindas dos descartes e reduzindo as emissões de dióxido de carbono já que o consumo de cimento também será reduzido e assim estará também preservando os recursos naturais explorados em sua produção. Todo impacto ao meio ambiente reflete em grandes desastres naturais e cabe a cada um de nós buscar zelar pela integridade de nosso planeta.

5. HIPÓTESE

Neste projeto trabalhamos com a hipótese de utilização da cinza do bagaço de cana de açúcar como elemento de substituição parcial do cimento para produção de argamassas de assentamento, revestimentos e concretos.

6. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

6.1. Cimento Portland

A origem da palavra cimento derivou-se da expressão em latim CAEMENTU, que assim se intitulava na antiga Roma, como pedra vinda de rochedos. O cimento teve origem a em torno de 4.500 anos. Os grandiosos monumentos do Egito antigo já empregavam uma liga composta por uma mistura de gesso calcinado. As enormes construções gregas e romanas, como o Coliseu e o Panteão, foram edificadas com a utilização de solos de proveniência vulcânica da ilha grega de Santorim ou das mediações da cidade italiana de Pozzuoli, que tinham características de endurecimento perante a ação da água (SNIC, 2004).

Um marco na evolução do cimento foi datado em 1756, quando o inglês John Smeaton, foi capaz de obter um produto com alta resistência através da calcinação de calcários argilosos e moles. Já em 1818, alguns resultados similares aos de Smeaton, foram encontrados pelo francês Vicat, através da combinação de elementos calcários e argilosos. Ele