CINZA A PARTIR DO BAGAÇO DA CANA-DE-AÇÚCAR REUTILIZADA COMO PARTE INTEGRANTE EM ARGAMASSAS E CONCRETOS NA INDÚSTRIA CIVIL
Por: Sandra Martins • 18/11/2019 • Artigo • 3.762 Palavras (16 Páginas) • 279 Visualizações
XXXVII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO[pic 1]
“A Engenharia de Produção e as novas tecnologias produtivas: indústria 4.0, manufatura aditiva e outras abordagens
avançadas de produção”
Joinville, SC, Brasil, 10 a 13 de outubro de 2017.
CINZA A PARTIR DO BAGAÇO DA CANA-DE-AÇÚCAR REUTILIZADA COMO PARTE INTEGRANTE EM ARGAMASSAS E CONCRETOS NA
INDÚSTRIA CIVIL
Sandra Tatiane Martins Oliveira (UNINOVE)
engsandratati@gmail.com
Amanda Carvalho Miranda (UNINOVE)
mirandaca1@hotmail.com
Silverio Catureba da Silva Filho (UNINOVE)
silverio@uninove.br
ROGERIO BONETTE KLEPA (UNINOVE)
klepao@gmail.com
Este trabalho teve como objetivo, demonstrar o processo da biomassa da cana-de-açúcar com o uso da cinza como resíduo do bagaço na construção civil. A metodologia utilizada foram pesquisas bibliográficas onde pôde-se extrair informações sobre o assunto abordado: bagaço da cana-de-açúcar, a qual é destinado sua queima em caldeira para gerar energia renovável e com o resíduo desse processo é gerada a cinza do bagaço da cana-de-açúcar (CBCA). A reciclagem de resíduos é registrada como sendo o melhor método para os problemas ambientais atuais, como a carência de recursos naturais e o descarte incorreto desses resíduos. Esta pesquisa é demonstra através de estudo a utilização da CBCA, por possuir características granulométricas que podem ser agregadas como adição mineral e, tornar-se um material semelhante à areia natural, cristalina e com alto teor de sílica transformando-se em um reforço, onde tem a função de substituir parte do cimento em argamassas e concretos em massa em torno de 30%, além de se tornar grande potencial sustentável. O conceito adotado foi de demonstrar a aplicação da cinza da cana-de- açúcar obtida, perante as condições da queima controlada, com a finalidade de melhoria nas características, por possuir uma resistência semelhante ao concreto.
Palavras-chave: adição mineral, biomassa, bagaço, fibrocimento, cana-de-açúcar
Introdução
Atualmente, o consumo mundial de energia vem crescendo constantemente. Nas últimas décadas, esta demanda de energia baseia-se principalmente em fontes não renováveis, o que vem desencadeando uma série de questionamentos em relação ao abastecimento energético, ao equilíbrio ambiental e econômico (CARON et al.,2015).
Muitos países buscam informações e soluções alternativas através da utilização de fontes renováveis, a fim de minimizar os problemas, incluindo nesse contexto a biomassa florestal. Esta é uma das alternativas viáveis para abrandar o aumento da concentração e minimizando o CO2 na atmosfera juntamente com o carbono das plantas arbóreas (CARON et al., 2015).
Com o processo da cana é obtido o bagaço e o caldo que contém a sacarose. Através do caldo se produz açúcar, etanol com a fermentação seguida da destilação. Com a cana, é feita a limpeza e o esmagamento, em seguida o caldo é separado a partir do bagaço. Utilizam-se duas técnicas diferentes: a extração por moagem ou a extração por difusão. Ambos os processos dão origem ao bagaço de cana, porém com características diferentes (CARVALHO, 2015).
Dentro deste contexto, o setor sucroalcooleiro é uma das atividades econômicas mais antigas no Brasil, tornando-se o país com a maior produção de cana de açúcar. A produção acontece o ano inteiro e as regiões Sul, Sudeste, Centro Oeste e Nordeste, que são as mais produtivas. Estima-se que o país deve alcançar uma produtividade maior que 3,25%, até 2018 / 2019, e colher 47,34 milhões de toneladas do produto, corresponde a um acréscimo de 14,6 milhões de toneladas em relação ao período 2007/2008 (MINOSSO,2016).
Os principais subprodutos da indústria sucroalcooleira são folhas e pontas, água de lavagem, bagaço, cinza, torta de filtro, leveduras e vinhaça (AQUINO et al., 2014).
Dentre as principais fontes de energia renováveis limpas, pode-se citar a biomassa do bagaço de cana-de-açúcar, que será abordado a seguir, sendo utilizada como aplicação na indústria da construção civil.
A biomassa é formada essencialmente por lenha e por produtos da cana-de-açúcar. Através dela se produz o etanol, contribuindo na matriz energética e nos últimos 10 anos, os produtos da cana-de-açúcar obtiveram um aumento na produção de energia primária em 19,1% da produção de energia interna (CARVALHO, 2015).
Em 2016 a biomassa gerou cerca de 54 TWh, entretanto o bagaço e a palha da cana obtiveram uma contribuição de 36 TWh, correspondente à 67%. O bagaço e a palha são subprodutos da biomassa, já os resíduos de madeira da produção de celulose são o biogás, a casca de arroz, entre outros (CONACEN, 2017).
A Tabela 1 abaixo representa o potencial energético de alguns tipos de resíduos utilizados no Brasil, seguido do Gráfico 1 que demonstra o real potencial energético da cana-de-açúcar comparado aos demais resíduos.
Tabela 1 – Potencial energético de resíduos no Brasil.
RESÍDUO | POTENCIAL (MW) |
Resíduo Sólido Urbano | 282,0 |
Cana-de-açúcar vinhaça | 1.200,0 |
Soja | 3.422,0 |
Milho | 2.406,0 |
Cana-de-açúcar: bagaço e tora de filtro | 16.464,0 |
Feijão | 143,0 |
Arroz | 175,0 |
Trigo | 228,0 |
Café | 97,0 |
Cacau | 7,0 |
Coco da Baía | 39,0 |
Castanha de caju | 8,0 |
Aves | 137,0 |
Bovinos | 1.032,0 |
Suínos | 122,0 |
Abatedouros (aves, bovinos, suínos) e graxaria | 12,0 |
Laticínios | 2,6 |
Resíduos Florestais | 1.604,0 |
TOTAL | 27.380,6 |
Fonte: (CEMIG, 2016)
Nota-se na Tabela 1, o resíduo gerado correspondente à cana-de-açúcar: bagaço e tora de filtro tem o maior potencial de 16.464,0 MW, significa que esta biomassa tem o maior recurso para reaproveitamento das cinzas na construção, tornando-se um fator importante na natureza e na produção. O Gráfico 1 a seguir demonstra esse potencial em produção convertido para geração de energia em megawatts.
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