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CONTROLE DE INFECÇÃO NA ODONTOLOGIA

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Por:   •  10/5/2014  •  Projeto de pesquisa  •  6.106 Palavras (25 Páginas)  •  286 Visualizações

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CONTROLE DE INFECÇÃO EM ODONTOLOGIA

LORIANE RITA KONKEWICZ

INTRODUÇÃO

A prática da odontologia abrange uma grande variedade de procedimentos, que podem incluir desde um simples exame até uma cirurgia mais complexa. Estes procedimentos geralmente implicam em contato com secreções da cavidade oral, algumas vezes representados simplesmente pelo contato com saliva, outras vezes pelo contato com sangue, secreções orais, secreções respiratórias e aerossóis. Isto tudo acaba resultando em possibilidade de transmissão de infecções, tanto de paciente para paciente, como dos profissionais para pacientes ou dos pacientes para os profissionais.

Uma grande preocupação com o risco de transmissão de HBV e HIV entre pacientes e profissionais na prática odontológica tem sido encontrada (1-7). Apesar desta possibilidade de transmissão ser considerada baixa (6-8), alguns relatos de transmissão de HIV e HBV de pacientes para profissionais e profissionais para pacientes tem sido publicados sem, entretanto, identificar claramente as vias de contágio (9, 10). Os acidentes punctórios permanecem, ainda, como os maiores riscos de transmissão de HBV e HIV para os profissionais de saúde em geral e profissionais da odontologia em particular, através do contato com sangue (11-14). Em virtude de que nem todos os pacientes portadores de HIV, HBV, ou outros patógenos importantes, possam ser identificados previamente à realização de um procedimento invasivo, é recomendado que todos os pacientes, indiscriminadamente, sejam considerados potencialmente contaminados e que, consequentemente, precauções padronizadas sejam utilizadas em todos os procedimentos, com todos os pacientes (15).

Efetivas medidas de controle de infecção visam quebrar ou minimizar o risco de transmissão de infecções na prática da odontologia. Várias revisões sobre o assunto e recomendações de consenso, em diferentes países e estados do Brasil, tem sido publicadas no sentido de orientar os profissionais nessa prática (16-25).

A crescente aderência às precauções e recomendações tem provavelmente contribuído para a diminuição dos riscos de transmissão de infecções na prática odontológica (6, 26-27).

O objetivo deste capítulo é abordar todos os aspectos envolvidos no controle de infecção em odontologia, passando pelo bloqueio epidemiológico da transmissão de infecções, lavagem e anti-sepsia das mãos, proteção dos profissionais, tratamento de materiais, instrumentos, equipamentos e ambiente, uso de desinfetantes e descarte dos resíduos sólidos e líquidos.

BLOQUEIO EPIDEMIOLÓGICO DA TRANSMISSÃO DE INFECÇÕES E PROTEÇÃO DOS PROFISSIONAIS

VACINAÇÃO

A vacinação é considerada uma das mais importantes medidas de prevenção de aquisição de infecções. A vacinação contra hepatite B tem sido recomendada tanto para dentistas, como para auxiliares, técnicos de higiene dental e protesistas (20-25). Esta vacina deve ser aplicada em 3 doses: primeira dose, segunda dose após 1 mês e terceira dose após 6 meses. É recomendada a realização de sorologia (pesquisa de anticorpos anti-HBs) para comprovação de imunidade após o término do esquema vacinal.

Além desta, outras vacinas também são consideradas importantes dentre estes profissionais, tais como vacinas contra sarampo, rubéola, caxumba, tétano e influenza (20).

LAVAGEM e ANTI-SEPSIA das MÃOS

As mãos representam um dos maiores veículos de transmissão de infecções. A lavagem das mãos é, isoladamente, a ação mais importante para a prevenção e controle das infecções hospitalares (28). A educação e adesão dos profissionais ao hábito da adequada higiene das mãos não devem nunca deixar de serem enfatizados (29-32).

As mãos devem ser lavadas sempre que estiverem visivelmente sujas, antes de colocar luvas e após retirá-las, antes e após procedimentos com todos os pacientes, após contato com qualquer material, equipamento ou superfície potencialmente contaminados (22-24, 29). As mãos devem ser lavadas com sabão neutro, reservando o uso de sabão com anti-séptico antes de procedimentos cirúrgicos e em situações de extrema contaminação das mãos (22-24). Devem ser secas com papel-toalha descartável.

As torneiras recomendadas para lavagem das mãos são aquelas por acionamento não manual, ou seja, por pedal, cotovelo e célula foto-elétrica, entre outras (22-24). Quando utilizada uma torneira do tipo manual, deve ser evitada a recontaminação da mão durante o fechamento do registro, utilizando-se o papel-toalha como barreira.

A utilização de escovas nas mãos e antebraços não tem sido mais recomendada por causar lesões e colonização da pele, através do seu uso sistemático, além do risco de utilização de escovas com cerdas endurecidas e que não tenham sofrido uma adequada desinfecção e/ou esterilização. Deve-se dar preferência à anti-sepsia sem escovação, apenas com fricção das mãos (33). Quando utilizadas, as escovas deveriam ser estéreis, descartáveis e com cerdas macias, e destinadas apenas para a escovação das unhas.

Deve-se evitar a contaminação dos diferentes tipos de sabão, depositando o sabão em barra, em pedaços pequenos, em saboneteiras laváveis e que não acumulem água e o sabão ou anti-séptico líquido em dispensadores de pedal ou cotovelo, com frascos ou refis descartáveis ou passíveis de limpeza e desinfecção.

Os tipos mais comuns de anti-sépticos utilizados para anti-sepsia das mãos são: álcool, clorexidina, triclosan, compostos de iodo, como por exemplo polivinil pirrolidona iodo (PVPI) e outros iodóforos. Apesar das vantagens e desvantagens de cada tipo de anti-séptico, alguns estudos tentam demonstrar aqueles que apresentam maior eficácia (29, 34-35). A escolha, entretanto, do anti-séptico adequado para cada tipo de procedimento e cada instituição ou clínica deve respeitar as particularidades locais. Questões relacionadas a custos, tipo de dispensadores que acompanham os anti-sépticos, tolerabilidade e adaptação aos procedimentos predominantes em cada clínica, interferem na escolha do anti-séptico para as mãos.

Não são recomendadas, para a finalidade de anti-sepsia da pele, as formulações contendo mercuriais orgânicos, acetona, quaternário de amônio, líquido de Dakin, éter e clorofórmio (28).

USO DE LUVAS

As luvas devem ser usadas em todos os procedimentos com todos os pacientes. Também devem ser utilizadas para contato com materiais, instrumentos e equipamentos contaminados e durante o processo de limpeza

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