Energia Marítima Aspectos Tecnológicos, Econômicos e Impactos Ambientais na Geração de Eletricidade
Por: TK_puxa • 4/7/2021 • Artigo • 4.591 Palavras (19 Páginas) • 160 Visualizações
DOI: 10.31514/rliberato.2021v22n37.p59
Energia marítima: aspectos tecnológicos, econômicos e impactos
ambientais na geração de eletricidade
Marine energy: technological, economic and environment impacts
in electricity generation
Murillo Barros de Carvalho1 Daril de Deus Sousa Henrique2 Fernanda Silva Sousa3
Maria Keliane Macêdo Monteiro4 Paulo Henrique Viana Nogueira Santana5
Resumo
Diante da importância da energia elétrica para a sobrevivência e desenvolvimento humano, são indispensáveis estudos sobre sustentabilidade. Nesse sentido, os oceanos são uma vasta fonte de energia renovável, em função da sua abundância na superfície terrestre e suas diversas formas de aproveitamento como: as ondas, marés, correntes marinhas, energia térmica e gradientes de salinidade. Dessa forma, este artigo tem como objetivo fazer um levantamento e reflexão dos aspectos tecnológicos, econômicos e impactos ambientais na geração de eletricidade, através da energia marítima. O Brasil tem potencial mínimo de 40 GW que podem ser aproveitados das águas do seu litoral. Avanços científicos para melhoria da tecnologia podem possibilitar uma favorável relação de custo-benefício. Tal fator não inviabiliza a possibilidade de já existir investimento no curto prazo nessa opção.
Palavras-chave: Energia marítima. Energia dos oceanos. Fontes renováveis.
Abstract
Facing the importance of electric energy for human survival and development, studies on sus- tainability are indispensable. In this sense, the oceans are a vast source of renewable energy, due to their abundance on the Earth's surface and their various forms of use such as: waves, tides, sea currents, thermal energy and salinity gradients. Thus, this article aims to survey and reflect on technological, economic and environmental impacts in the generation of electricity, through marine energy. Brazil has a minimum potential of 40 GW that can be used from its coastline waters. Scientific advances to improve technology may enable a favorable cost-benefit ratio. This factor does not preclude the possibility that there is already a short-term investment in this option.
Keywords: Marine energy. Ocean energy. Renewable sources.
1 Mestre em Agroenergia e Engenheiro Ambiental pela Universidades Federal do Tocantins (UFT), Palmas, TO, Brasil. Professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (IFMA), Campus Imperatriz, MA, Brasil. https://orcid.org/0000- 0003-2873-1852. E-mail: murillo.carvalho@ifma.edu.br
2 Discente de Engenharia Elétrica no IFMA. https://orcid.org/0000-0002-4280-7799. E-mail: darilddeus@gmail.com 3 Engenheira eletricista pelo IFMA. https://orcid.org/0000-0001-5723-1211. E-mail: fernandasousa3@hotmail.com 4 Engenheira eletricista pelo IFMA. https://orcid.org/0000-0003-3551-512X. E-mail: mkelianemacedo@gmail.com
5 Engenheiro eletricista pelo IFMA. https://orcid.org/0000-0002-6348-1089. E-mail: paulo.santana_cs@hotmail.com Artigo recebido em 14.04.2020 e aceito em 03.09.2020.
1 Introdução
Os oceanos apresentam uma vasta fonte de energia renovável, em função de algumas de suas características como: ondas, correntes e marés, por exemplo, além de sua abundância na superfície ter- restre. Segundo Fleming (2012), há um potencial líquido global de 3 Terawatts (TW) de energia, desconsiderando as perdas no próprio processo. O potencial para geração de energia elétrica, a partir do mar, além do aproveitamento das ondas, inclui também as marés, correntes marinhas, energia tér- mica e gradientes de salinidade.
Estudos realizados sobre a disponibilidade dessas fontes para uso energético, bem como as tecnologias de aproveitamento das formas de energia, mostram, em uma perspectiva de longo prazo, um grande e pro- missor potencial a ser explorado economicamente, aliado ao avanço e competição tecnológicos, sempre destacando as vantagens e restrições socioambien- tais, associadas ao uso de cada fonte (EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA, 2007).
Este artigo está estruturado da seguinte forma: na seção 2, são apresentadas as formas de aprovei- tamento da energia marítima; a seção 3 mostra os impactos econômicos; a seção 4, os impactos ambien- tais, associadas ao uso de cada fonte; na seção 5, são apresentadas as considerações finais do levantamento bibliográfico sobre o tema.
2 Formas de aproveitamento
2.1 Energia das ondas
As ondas são, em última análise, uma forma alter- nativa da energia solar. O aquecimento da terra pro- voca os ventos que, por sua vez, formam os movimen- tos oscilatórios das águas próximas à superfície do mar (figura 1). Segundo o Portal Biossistemas da USP, estima-se que os 8 mil km da costa brasileira gerariam 87 gigawatts, através de usinas de ondas (PORTAL BIOSSISTEMAS BRASIL, 2018). O potencial de 20%,
transformado em energia elétrica, seria o equivalente a 17% da capacidade total instalada no País.
Figura 1 - Esquema de funcionamento de uma usina de ondas
Fonte: Câmara Brasil Portugal no Ceará - Comércio, Indústria e Turismo (2020).
No século XVIII, foi realizada a primeira tentati- va de uso da energia das ondas, quando os franceses Monsieur Girard e seu filho patentearam um meca- nismo de ação direta para mover bombas e moinhos. A ideia era fixar travessas de madeira aos navios de batalha atracados e usá-las como alavancas no cais, aproveitando a oscilação dos navios provocada pelas
ondas. Embora o sucesso da conversão da energia das ondas por muito tempo tenha ficado restrito ao abas- tecimento de boias de navegação, a partir da década de 90, estudos e pesquisas acerca dessa fonte de energia têm sido incentivados por alguns eventos que contribu- íram para o desenvolvimento de novas ideias e concei- tos (EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA, 2007).
O Protocolo de Kyoto, em 1997, levou diversos países a financiarem projetos
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