Medição Externa: Evolução Técnica, Regulatório E Principais Desafios

Medição Externa: Evolução Técnica, Regulatório e Principais Desafios

Msc. Antonio Carlos M. de Araujo

Eng. Jorge Augusto Lima Valente

RESUMO

A externalização da medição de energia tem se mostrado uma das ações mais eficazes no combate ao problema das perdas de energia elétrica no Brasil, sendo atualmente utilizada por várias empresas distribuidoras de energia. A evolução tecnológica tem possibilitado a utilização de variantes dos sistemas de medição criando soluções diferenciadas e mais adequadas para o mercado consumidor de cada uma das distribuidoras. Neste trabalho buscamos apresentar a evolução dos sistemas de medição externa como também dos atos que permitiram a utilização dos mesmos, além das principais facilidades e dificuldades para implementação de tal tecnologia.

PALAVRAS-CHAVE

Perdas de Energia, Dimensionamento, Tratamento Regulatório, Ações de Combate.

1. INTRODUÇÃO

A partir das mudanças ocorridas no setor elétrico brasileiro, na década de 1990, tem-se início a privatização de várias empresas do setor, principalmente no segmento de distribuição. Algumas destas empresas, que antes possuíam uma participação e atuação direta do governo, passam a ser dirigidas por grupos privados, mediante concessão do governo federal. Muitos destes grupos assumem empresas predominantemente estaduais, compreendendo grandes áreas, delimitadas não raro por toda extensão territorial de um estado e encerradas por complexidades e problemas sociais e logísticos.

Sob esta nova ótica de mercado, o objetivo passa a ser a maximização do lucro, conseguida através da gestão econômica e financeira eficiente, garantindo desta forma a correta remuneração do investimento realizado, além da necessidade de prestação de serviço com qualidade, segurança e modicidade, conforme os princípios norteadores da prestação de serviço público segundo previsto na Lei nº 8.987/951.

Nesse contexto, as empresas passam a implementar medidas objetivando aumentar a eficiência de seus serviços, principalmente na área comercial (medição, faturamento e arrecadação), em busca de aumentos de receita. A melhoria da eficiência passa obrigatoriamente pela necessidade de redução dos

1 Em seu art. 6º a Lei nº 8.987/95 estabelece que toda concessão ou permissão pressupõe a prestação de serviço adequado ao pleno atendimento dos usuários. Sendo serviço adequado o que satisfaz as condições de regularidade, continuidade, eficiência, segurança, atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e modicidade das tarifas. Definindo ainda que a atualidade compreende a modernidade das técnicas, do equipamento e das instalações e a sua conservação, bem como a melhoria e expansão do serviço.

índices de perda de energia elétrica, em função dos altos níveis que este problema se encontrava, em alguns casos, comprometendo os resultados econômicos das distribuidoras de energia elétrica.

Hoje, novas propostas e alternativas estão sendo desenvolvidas e implementadas por todo o país, potencializadas pela aplicação de novas tecnologias e materiais, abrindo espaço para novas possibilidades que busquem cada vez mais a eficiência das atividades comerciais das empresas. Dentre estas, destaca-se a instalação da Medição Externa, uma ação que tem se mostrado eficaz no combate as perdas de energia.

Para o correta descrição da evolução dos sistemas de medição externa, decidimos por apresentar, de forma sintética, dois dos sistemas que estão em funcionamento. O CPREDE do grupo Rede, o primeiro sistema de medição externa para faturamento de consumidores implantado no país em larga escala, e a Rede Ampla a primeira iniciativa a romper com o paradigma da necessidade de acesso as leituras do medidor a partir de displays instalados nas unidades consumidoras. Cabe ressaltar, que outras tecnologias vem sendo implantadas, porém via de regra são variantes conceituais dos sistemas acima mencionados.

2. EVOLUÇÃO DOS SISTEMAS

Identificada como um fator de vulnerabilidade dos equipamentos de medição, os quais estariam sujeitos a possíveis ações fraudulentas e irregulares por parte dos consumidores, a localização destes dentro das unidades consumidoras foi a primeira questão a ser equacionada, o que no caso da Centrais Elétricas do Pará S/A - CELPA foi implementado, a partir de 1999, com a transferência dos equipamentos para a via pública, sendo instalados nos postes dentro de caixas de aço galvanizado: as CPRedes. De fato, vale ressaltar que,