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O ESTUDO DE CASO - TCC - TRATAMENTO DE AGUAS INDUSTRIAIS

Por:   •  24/5/2019  •  Artigo  •  5.663 Palavras (23 Páginas)  •  407 Visualizações

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ANÁLISE DO TRATAMENTO E RECIRCULAÇÃO DE EFLUENTE EM UMA INDÚSTRIA DE BENEFICIAMENTO DE ROCHAS ORNAMENTAIS – ESTUDO DE CASO NO MUNICÍPIO DE JOÃO NEIVA/ES

Marcio Ramos Dias Araujo¹; Renzzo Rozalem Rizzo¹; Mirella Gonçalves da Fonseca²

RESUMO

A recirculação de água operada de maneira correta, dentro do setor industrial, é de grande importância, visto que além de contribuir para a redução da captação desse bem natural de corpos hídricos, evita que ela seja lançada de volta ao meio ambiente, contaminada por resíduos industriais. O presente estudo de caso analisou o tratamento realizado em uma indústria de rochas ornamentais, quantificando seu consumo de água e a eficiência da operação atual. O principal objetivo, foi, através de ensaios de Sólidos totais e de Umidade, bem como o ensaio de Jar Test, propor uma melhoria ao sistema de tratamento de efluente industrial, visando a produção de um sólido desaguado com baixo teor de umidade e um líquido clarificado (água), para que esta retorne ao sistema, sem eventuais perdas. Os resultados finais apresentaram que, após análise da turbidez e do pH das amostras, realizados pelo Jar Test, julgou-se pertinente manter a utilização dos atuais coagulantes e polímeros utilizados pela empresa, para as concentrações utilizadas no teste de jarro.

Palavras chave: recirculação de água, rochas ornamentais, tratamento de efluente.

INTRODUÇÃO

A rocha ornamental é retirada da natureza e utilizada na construção civil como elemento decorativo, que proporciona ampla vida útil. Além disso, é importante frisar que oferece também ao consumidor, uma ótima finalidade estrutural, sendo aplicada em pisos, esquadrias, soleiras, bancadas e fachadas. Suas características físico-mecânicas assim como sua diversidade, se relacionam diretamente com sua composição mineralógica, textura e estruturas internas, que em suma, ajudam a compreender melhor sua aplicação (MENEZES, 2005).

Para demonstrar a importância e representatividade econômica e financeira do setor, sabe-se que o mercado brasileiro movimentou cerca de U$5 bilhões em 2017. Estão incluídas neste dado, desde as empresas detentoras das pedreiras em que nelas operam as extrações, até o consumidor final seja ele estrangeiro ou não. No Brasil existem cerca de 10.000 empresas sendo que 400 delas exportam regularmente, proporcionando uma alta empregabilidade com 120 mil empregos diretos e 360 mil indiretos (ABIROCHAS, 2018).

O setor industrial brasileiro possui uma produção bruta de 9,3 milhões de toneladas, sendo que o estado do Espírito Santo representa 40% deste valor (CETEM, 2014) e em termos financeiros, somente a indústria de extração e beneficiamento de rochas ornamentais é responsável por 10% do PIB estadual (FILHO, 2013). Todo este volume de material e valores tão significativos mostra o quanto o setor é importante para a economia brasileira e capixaba.

Deliberando sobre sua definição, uso e importância, é necessário entender seu processo produtivo. A começar pela extração, sabe-se que a rocha é proveniente de maciços rochosos ou matacões de montanhas com potencial de extração. São retirados então, através de detonações e processos de corte do material específico, blocos em formatos cúbicos, que assim são encaminhados para as indústrias de beneficiamento (CETEM, 2014).

Após o bloco chegar à indústria, ele é submetido ao processo de corte. Nesta fase, o setor dispõe de máquinas de corte convencional, consistindo na utilização de lâminas diamantadas e de teares multifio que são compostos por fios diamantados espaçados na espessura requerida de corte. Para evitar a dispersão do pó residual do processo e para resfriar os equipamentos, ambos adicionam água durante o corte das rochas. Sabe-se que as máquinas multifio podem atingir um consumo de água de 820 litros/min (VENTOWAG, 2018). Dessa forma a utilização desse recurso misturado ao pó residual do processo gera um efluente que futuramente poderá receber tratamento específico (DEGEN, 2017).  

A fim de conhecimento, apenas o estado do Espírito Santo possui 290 teares multifio (ABIROCHAS, 2018), e que essas somam um gasto em torno de 100.000.000 de litros de água por dia. Esta alta quantidade de água utilizada torno o controle do consumo e reaproveitamento desse bem precioso e natural tão imprescindível, uma vez que se todas essas empresas retirassem toda a água consumida diretamente dos mananciais, vários municípios cujo dependem de corpos hídricos para prosperarem, teriam sérios problemas de abastecimento (ANA, 2017). Por isso, empresas do setor e beneficiadoras das rochas ornamentais, visando o retorno da água utilizada, buscam implementações e melhorias no sistema de tratamento que possibilita a reutilização desse bem (CETEM, 2014).

Em vista disso, o presente estudo teve como objetivo quantificar o consumo de água de uma indústria de beneficiamento de rochas ornamentais no estado do Espírito Santo, localizada no município de João Neiva, avaliando o tratamento utilizado pela empresa, a fim de dimensionar uma melhor recirculação de água que gere maior aproveitamento. Esse trabalho se justifica pela necessidade de redução da captação de águas naturais, bem como propagar às empresas do setor uma destinação correta dos resíduos liberados durante o processo de produção de rochas ornamentais. Ao efetivar o reaproveitamento da água, o estudo se parametriza e se molda nas diretrizes atuais sobre sustentabilidade, enfatizando o exercício do reaproveitamento e zelo da água.

REFERENCIAL TEÓRICO  

Beneficiamento de Rochas Ornamentais

No momento em que o bloco chega à empresa, o primeiro processo a ser desenvolvido é o beneficiamento primário, também conhecido como serragem ou corte. Esta fase requer uma grande utilização de água visto que necessita desse bem natural para evitar dispersão de poeira, assim como diminuir a temperatura gerada pelo atrito.

Após a fase de corte (desdobramento), o material serrado segue para o beneficiamento final que se divide em polimento, resinagem e acabamento, sendo também grandes contribuintes para o consumo hídrico dentro das empresas do setor, aumentando assim a necessidade de que os processos atrelados à industrialização das rochas ornamentais, estejam em contínua manutenção para a contenção do consumo hídrico (ROXO, 2006). Na figura 1 a seguir, está esquematizado o processo que um bloco percorre dentro da indústria antes de se tornar uma chapa polida.

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