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O Relatório de Estágio Na Engenharia

Por:   •  9/6/2020  •  Relatório de pesquisa  •  16.416 Palavras (66 Páginas)  •  194 Visualizações

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  1. INTRODUÇÃO

A extração das substâncias úteis de uma jazida exige uma prévia preparação dentro de um determinado planejamento. Um projeto técnico permite a integralização de vários conteúdos que envolvem a mineração, partindo das análises geológicas do depósito até as análises ambientais que viabilizam o fechamento de uma mina de maneira sustentável.

A mineração do carvão tem um papel histórico no desenvolvimento econômico e sustentável dum país dado que traz grandes contribuições do ponto de vista socioeconômico pela sua participação na matriz energética mundial.

Dentro desse contexto, o projeto tem como objetivo a lavra de carvão mineral, na mina subterrânea Rio Bonito, localizada no município de Treviso no estado de Santa Catarina. O processo de lavra ocorrerá através do método de câmaras e pilares. As camadas litológicas da região apresentam um deslocamento considerado, provocados pela existência da falha “Cristina” a qual transloucou as camadas sobre e sob a camada mineralizada e de interesse.

  1. RELATÓRIO TÉCNICO MINA SUBTERRÂNEA DE CARVÃO

2.1 LOCALIZAÇÃO

A Jazida do projeto da Mina do Diabo, está localizada em Treviso, Santa Catarina, distando aproximadamente 30 km de Criciúma (Figura 1), e pertence à empresa Leopoldina Mineração Ltda.

[pic 1]

Figura 1: Mapa de localização.

Fonte: Leopoldina Mineração Ltda.

  1. GEOLOGIA

A Formação Rio Bonito é uma das mais importantes da Bacia do Paraná, sob o ponto de vista econômico, por encerrar as maiores jazidas de carvão conhecidas no país. Está situada na porção inferior do conjunto de rochas sedimentares integrantes da bacia e pertence ao Permiano Médio.

O contato da Formação Rio Bonito com a Formação Palermo é na maioria das vezes nítido e concordante, o siltito preto com estrutura flaser está sobre o arenito cinza esbranquiçado. Localmente, pode ser gradacional, como a sul e sudeste de Criciúma e a oeste de Lauro Müller.

É possível dividir a Formação Rio Bonito nas seguintes litologias, da base ao topo:

  • Rio Bonito Inferior: é representado por uma seqüência arenosa com intercalações de camadas de siltitos cinza claros e escuros, micáceos, e, menos frequentemente, de folhelhos cinza escuros a pretos com raros leitos carbonosos. Ocorrem nódulos de pirita, lâminas de gipsita preenchendo fraturas sub-horizontais e de calcita em fraturas sub-verticais ou irregulares. Sua espessura varia de 20 a 60 m;
  • Rio Bonito Médio: apresenta espessura variável de 30 a 50 m onde predominam siltitos cinza, esverdeados, finamente micáceos, em geral maciços, mas também com intercalações de lâminas, além de leitos e bancos de arenitos da mesma cor, de granulometria muito fina, calcíferos. Observam-se restos vegetais carbonizados e fraturas preenchidas por carbonato de cálcio e gipsita;
  • Rio Bonito Superior: tem uma espessura entre 50 e 90 m. Entre o contato Palermo-Rio Bonito e a Camada de Carvão Barro Branco, desenvolveram-se arenitos (denominados arenitos de Barro Branco Superior), cinza esbranquiçados, finos, finos a médios, e localmente grosseiros, quartizíticos, calcíferos, ocorrendo em bancos ou camadas maciças com alguns estilolitos. Em certas áreas, próximas à base, passam a intercalar-se abundantes lâminas, em geral irregulares, alguns leitos e bancos de siltitos e folhelhos cinza-escuros a pretos, micáceos, evidenciando laminações subparalelas, cruzadas e principalmente lenticulares, denotando estrutura flaser, com abundante bioturbação e restos vegetais carbonizados. Neste intervalo superior as vezes se intercala a Camada de Carvão Treviso. Imediatamente abaixo da Camada Barro Branco, ocorrem arenitos (denominados de Barro Branco Inferior) cinza esbranquiçados, de granulometria predominantemente fina, passando localmente até média a grosseira, quartzíticos, calcíferos, as vezes micáceos com intercalações de finíssimas lâminas síltico-micáceas cinza escuras, evidenciando laminações em geral paralelas e por vezes irregulares. Sua espessura média no sudeste catarinense é de 150 m.

O início da sedimentação da Formação Rio Bonito se deu em ambiente de planície de inundação por sobre sedimentos costeiros da Formação Itararé.

Nas áreas situadas ao norte de Santa Catarina e Paraná atuava ambiente fluvio-deltáico com canais fluviais provenientes das partes altas a leste e nordeste da bacia. Em direção a sul (Lauro Müller e Araranguá) predominava ambiente de planície aluvial costeira, propiciando condições para acúmulo de matéria orgânica nas faixas interdistribuídas (Camada Bonito).

Os sedimentos depositados em seu terço médio indicam ambiente infranerítico, conseqüência de uma ingressão marinha, tornando-se subordinada a presença de arenitos, com intercalações esporádicas de leitos carbonáticos.

O final da sedimentação da Formação Rio Bonito está evidenciada por arenitos finos com laminação cruzada, ocorrendo mais localmente níveis grosseiros a conglomeráticos, a norte de Santa Catarina.

Esta litologia sugere tratar-se de ambiente litorâneo ou epinerítico com desenvolvimento de praias e barreiras. Em direção ao sul de Santa Catarina, com o recuo do mar, a bacia tornou-se receptáculo de sedimentos das partes mais elevadas de leste-nordeste, em fase de relativa estabilidade tectônica. Toda esta parte da bacia constituia uma ampla planície de inundação que permitiu acumular em áreas preferenciais vários leitos de carvão (Camada Barro Branco).

2.2.3 Camada Barro Branco

A Camada de Carvão Barro Branco é a mais importante sob o ponto de vista econômico, da Formação Rio Bonito, devido a sua ampla distribuição horizontal e persistência em toda a bacia. Esta camada vem sendo lavrada economicamente desde os primórdios da mineração de carvão no Estado de Santa Catarina até os dias atuais. Na região onde está localizada a Mina do Diabo, sua profundidade média varia entre 180 e 230 metros, apresentando mergulho com cerca de 5o na direção noroeste e com espessura de camada variando entre 1,80 e 2,20 metros.

É constituída por leitos de carvão intercalados com siltitos e folhelhos, em proporções aproximadamente equivalentes e seu perfil típico, com as denominações regionais dos leitos, pode ser assim resumido:

  • Forro: é um leito de carvão preto com finas lâminas ou lentes mais brilhantes (vitrênio), algo piritoso, com espessura média de 0,35 m. Algumas vezes, intercalam-se no forro uma ou mais lentes de siltito ou folhelho cinza escuro a preto, conhecidos regionalmente por “Bexiga”;
  • Quadração: é um pacote de siltitos e folhelhos com cor que varia do cinza a preto, com espessura média de 0,60 m, contendo algumas finas intercalações de carvão. Na porção norte da área (nas proximidades do Rio Hipólito e Rio Laranjeiras) aparece intercalada na Quadração uma camada de arenito de granulometria média a fina, branco e muito duro;
  • Coringa: é um fino leito de carvão com lâminas e lentes brilhantes, pouco piritoso, que normalmente ocorre entre a Quadração e o Siltito Barro Branco. Sua espessura média é de 0,06 m;
  • Siltito Barro Branco: é um leito de siltito cinza claro, ocasionalmente apresentando tonalidades escuras, que se altera a uma argila branca. A deominação da Camada Barro Branco foi dada em alusão a alteração desta rocha. Sua espessura média é de 0,28 m;
  • Banco: é um pacote de carvão com intercalações de leitos de folhelhos e siltitos pretos. O número de leitos de estéril varia de 1 até 5, sendo mais comum ocorrerem 3. A espessura média do Banco é de 0,67 m, com 0,20 m de material estéril. Seu carvão apresenta muita pirita e lâminas e lentes de vitrênio.

O piso da mina na região é composto por arenitos maciços, quartzosos, com granulação mais grosseira e bastante coesos, o que pode facilitar o transporte nesta mina. O teto imediato é constituído por siltitos, arenitos laminados e arenitos maciços. Os siltitos são claros, normalmente fraturados subverticalmente, com espessuras variáveis (desde poucos centímetros até 2,50 metros). Os arenitos laminados apresentam fina alternância clara e escura, sendo constituídos por arenitos finos, predominantemente quartzosos, mais friáveis. No topo da seqüência do teto imediato, normalmente ocorrem arenitos maciços, de coloração clara leitosa, granulação mais grosseira, quartzosos e pouco friáveis (FABRÍCIO, 1973).

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