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ORGANIZAÇÃO DA VIDA DE ESTUDOS NA UNIVERSIDADE

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Por:   •  19/9/2013  •  Seminário  •  2.868 Palavras (12 Páginas)  •  685 Visualizações

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ORGANIZAÇÃO DA VIDA DE ESTUDOS NA UNIVERSIDADE

SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 21 ed. rev. e ampl. São Paulo: Cortez, 2000.

Ao dar início a essa nova etapa de sua formação escolar. a etapa do ensino superior, o estudante dar-se-á conta de que se encontra diante de exigências específicas para a continuidade de sua vida de estudos. Novas posturas diante de novas tarefas ser-lhe-ão logo solicitadas. Daí ti necessidade de assumir prontamente essa nova situação e de tomar medidas apropriadas para enfren¬tá-la. É claro que o processo pedagógico-didático continua, as¬sim como a aprendizagem que dele decorre. No conjunto, po¬rém, as suas posturas de estudo devem mudar radicalmente, embora explorando tudo o que de correto aprendeu em seus estu¬dos anteriores.

Em primeiro lugar, é preciso que o estudante se conscientize de que doravante o resultado do processo depende fundamental¬mente dele mesmo. Seja pelo seu próprio desenvolvimento psíquico e intelectual, seja pela própria natureza do processo educa¬cional desse nível, as condições de aprendizagem transformam-se no sentido de exigir do estudante maior autonomia na efetivação da aprendizagem, maior independência em relação aos subsí-dios da estrutura do ensino e dos recursos institucionais que ain¬da continuam sendo oferecidos. O aprofundamento da vida ci¬entífica passa a exigir do estudante uma postura de auto-ativi¬dade didática que será, sem dúvida, crítica e rigorosa. Todo o conjunto de recursos que está na base do ensino superior não pode ir além de sua função de fornecer instrumentos para uma atividade criadora.

Em segundo lugar, convencido da especificidade dessa situa¬ção, deve o estudante empenhar-se num projeto de trabalho alta¬mente individualizado, apoiado no domínio e na manipulação de uma série de instrumentos que devem estar contínua e permanente¬mente ao alcance de suas mãos. É com o auxílio desses instrumen¬tos que o estudante se organiza na sua vida de estudo e disciplina sua vida científica. Este material didático e científico serve de base para o estudo pessoal e para a complementação dos elementos ad¬quiridos no decurso do processo coletivo de aprendizagem em sala de aula. Dado o novo estilo de trabalho a ser inaugurado pela vida universitária, a assimilação de conteúdos já não pode ser feita de maneira passiva e mecânica como costuma ocorrer, muitas vezes, nos ciclos anteriores já não basta a presença física às aulas e o cum¬primento forçado de tarefas mecânicas: é preciso dispor de um ma¬terial de trabalho específico à sua área e explorá-lo adequadamente.

1 OS INSTRUMENTOS DE TRABALHO

A formação universitária acarreta quase sempre atividades práticas, de laboratório ou de campo, culminando no fornecimen¬to de algumas habilidades profissionais próprias de cada área. Na¬turalmente, as várias áreas exigem, umas mais, outras menos, essa prática profissional. Contudo, antes de aí chegar, faz-se necessário um embasamento teórico pelo qual responde, fundamentalmente; o ensino superior. Essa fundamentação teórica das ciências, das artes c das técnicas é justificativa essencial desse nível de ensino. E é por aí que se inicia a tarefa de aprendizagem na universidade.

A assimilação desses elementos é feita através do ensino em classe propriamente dito, nas aulas, mas é garantida pelo estudo pessoal de cada estudante. E é por isso que precisa ele dispor dos devidos instrumentos de trabalho que, em nosso meio, são funda¬mentalmente bibliográficos.

Ao dar início a sua vida universitária, o estudante precisa co¬meçar a formar sua biblioteca pessoal, adquirindo paulatinamen¬te, mas de maneira bem sistemática, os livros fundamentais para o desenvolvimento de seu estudo. Essa biblioteca deve ser especia¬lizada e qualificada. As obras de referência geral, os textos clássi¬cos esgotados, são encontradas nas bibliotecas das universidades, das várias faculdades ou de outras instituições. E, no momento oportuno, essas bibliotecas devem ser devidamente exploradas pelo estudante. O estudante precisa munir-se de textos básicos para o estudo de sua área específica, tais como um dicionário, um texto introdutório, um texto de história, algum possível tratado mais am¬plo, algumas revistas especializadas, todas obras específicas à sua área de estudo e a áreas afins. Posteriormente, à medida que o cur¬so for avançando, deve adquirir os textos monográficos e especializados referentes à matéria.

Esses textos básicos aqui assinalados têm por finalidade úni¬ca criar um contexto, um quadro teórico geral a partir do qual se pode desenvolver a aprendizagem, assim como a maturação do próprio pensamento. Esses textos exercem, portanto, papel mera¬mente propedêutico, situando-se numa etapa provisória de inicia¬ção. Não se trata de maneira alguma de restringir o estudo aos manuais ou, pior ainda, às apostilas. Eles se fazem necessários, con¬tudo, nesse momento de iniciação, sobretudo para complementar as exposições dos professores em classe, para servir de base de comparação com algum texto porventura utilizado pelos professo¬res, enfim, para fornecer o primeiro instrumental de trabalho nas várias áreas, o vocabulário básico, os elementos do código elas vá¬rias disciplinas. Esses textos desempenham, pois, o papel de fon¬tes de consultas das primeiras categorias a partir das quais se de-senvolverão os vários discursos científicos. Naturalmente, à medi¬da do avanço e do aprofundamento do estudo, serão progressiva¬mente substituídos pelos textos especializados, pelos estudos monográficos resultantes das pesquisas elaboradas pelos vários especialistas com os quais o estudante deverá conviver por muito tempo. Numa fase mais avançada de seus estudos, e, sobretudo durante sua vida profissional, esses textos formarão a biblioteca do estudante, lançando as linhas mestras do seu pensamento cien¬tífico organicamente estruturado. Nesse momento, os textos introdutórios só serão utilizados para cobrir eventuais lacunas do processo seqüencial de aprendizagem. Frise-se, porém, que, na universidade, não se pode passar o tempo todo estudando apenas textos genéricos, comentários e introduções, embora, pelo menos nas atuais condições, iniciar o curso superior única e exclusivamente¬ com textos especializados, sem nenhuma propedêutica teó¬rica, seja um empreendimento de resultados pouco convincentes. Embora essa concepção de muitos professores universitários de¬corra do esforço para criar maior rigor científico, tal prática não se recomenda como norma geral. Seus resultados

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