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Transferência De Tecnologia

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Por:   •  29/10/2013  •  2.992 Palavras (12 Páginas)  •  219 Visualizações

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EDITE SIQUEIRA

TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA COMO IMPULSO PARA A RETOMADA DO DESENVOLVIMENTO DAS INDÚSTRIAS DO RAMO MADEIREIRO DA REGIÃO DE UNIÃO DA VITÓRIA – PR E PORTO UNIÃO – SC

O presente trabalho trata-se de uma síntese dos conteúdos abordados na disciplina de Estado, Sociedade e Políticas de Desenvolvimento, com o objetivo principal de testar o objeto de estudo, e a possibilidade de adequá-lo às principais abordagens desenvolvimentistas analisadas nessa disciplina e que buscam dar escopo à compreensão da importância do Estado e da Sociedade dentro do desenvolvimento regional.

A temática a ser desenvolvida parte do seguinte questionamento: Com a Transferência de Tecnologia seria possível ampliar a capacidade de inovação, visando o crescimento e desenvolvimento das indústrias madeireiras de pequeno e médio porte da região de União da Vitória – PR e Porto União - SC?

A história das Gêmeas do Iguaçu, como são chamadas as cidades de União da Vitória e Porto União, está intimamente atrelada à exploração e beneficiamento da madeira. Praticamente toda a economia gira em torno da indústria madeireira que concentra um elevado contingente de mão de obra especializada. Localizadas em região privilegiada, as cidades já chegaram a possuir uma das maiores reservas florestais do Sul do Brasil. Os mais diversos segmentos da indústria madeireira estão espalhados geograficamente pela região, constituindo um nicho de mercado bastante significativo. Desde o processo de extração até os mais refinados processos de beneficiamento estão sendo desenvolvidos nas cidades, nos parques industriais. Encontram-se nas duas cidades, fábricas de compensados, laminadoras, fábricas de papel e papelão, indústrias moveleiras e fábricas de esquadrias em madeiras.

Em termos gerais, a indústria madeireira abrange um conjunto de empresas que desenvolvem atividades que envolvem a plantação de árvores para fornecimento de matéria-prima, implantação de reflorestamento, com a finalidade de repor a madeira extraída, a exportação, desdobramento e beneficiamento da madeira. Neste trabalho, procurar-se-á abordar o segmento de desdobramento e beneficiamento, não por exigirem maior emprego de tecnologia, mas por serem principal área de atuação regional (75 empresas em Porto União e 103 em União da Vitória).

Como segmento importante da economia local, acredita-se que um dos fatores do lento crescimento econômico da região ocorre devido à falta de apoio mútuo, que compreende o intercâmbio recíproco e voluntário de recursos e serviços para o benefício mútuo das partes envolvidas, como descreve Kropotkin, o apoio mútuo ocorre desde as sociedades de insetos, passando por grupos de animais da mesma espécie até chegar às sociedades humanas. Kropotkin (citado por CAPELLETTI) procurou demonstrar que, embora exista competição entre espécies e entre sociedades humanas, dentro de uma mesma espécie e uma mesma sociedade o apoio mútuo é a principal força a garantir a sobrevivência do grupo.

Como afirma Boisier, um grande avanço da moderna teoria regional endógena é considerar a importância da sociedade e das relações sociais no processo de desenvolvimento da região. Mais do que isso, a sociedade civil, e nela compreendida as formas locais de solidariedade, integração social e cooperação, pode ser considerada o principal agente da modernização e da transformação sócio-econômica em uma região. (BOISIER, 1997, citado por SOUZA FILHO, 2006).

As organizações de classe, como: Associação Comercial, APL, Sindicato Patronal, e outros órgãos criados para desenvolver capital social, não tem muita representatividade, não alcançaram a sinergia necessária para agrupar com base na confiança e no apoio mútuo grande quantidade de empresários; que divididos em pequenos grupos, lutam com poucas forças.

Nota-se pouco aparente o fator civismo, principal componente encontrado por Putnam (2000), quando estudou os diversos aspectos que condicionaram as diferenças regionais encontradas entre o norte e o sul da Itália, sendo que sua mais importante conclusão é a percepção de que na Itália contemporânea, a comunidade cívica está estritamente ligada aos níveis de desenvolvimento social e econômico.

De acordo com Bittencourt e Oliveira (2009) desde a abertura comercial o segmento madeireiro está passando por modernizações e em função da disponibilidade atual de seus recursos naturais vem se tornando cada vez mais competitivo no mercado interno e externo. Entretanto os estoques de matéria-prima estão comprometidos visto que a demanda por madeira supera os estoques, podendo tornar-se um empecilho ao desenvolvimento das atividades do segmento, o que afeta diretamente a competitividade das empresas e dos complexos produtivos como um todo.

A busca por modernização, incorporação de novas tecnologias, capacidade gerencial, novos produtos, investimentos em P&D, deve ser uma constante nos processos produtivos como condição de manter-se competitivo no mercado (interno e externo), entretanto essa condição vem sendo aplicada em sua grande maioria nas empresas de médio e grande porte, nas micro e pequenas empresas esses processos vem se aplicando lentamente. Observa-se claramente que a desconfiança é fator decisivo: no governo, no mercado e na própria capacidade de inovação de cada empresa.

Em A Sociedade da Confiança, Alain Peyrefitte (1999), faz uma fundamental distinção entre sociedades temerosas, que assumem a vida como um jogo de resultado nulo ou mesmo negativo, e sociedades de confiança. Nas primeiras, prevalece a visão de luta de classes, a inveja, o fechamento, a agressividade. Nas últimas, predomina a solidariedade, a abertura, o intercâmbio. Somente estas se desenvolvem, expandindo-se e vencendo os obstáculos.

Nesse sentido, constata-se uma emergente necessidade de investimento em Pesquisa, haja vistas que os recursos públicos destinados ao financiamento de pesquisa em processamento mecânico da madeira no Brasil, certamente não têm sido muito significativos, e provêm sobretudo de entidades federais como CNPq, IBAMA, EMBRAPA, SUDAM, e de entidades estaduais como as agências de fomento de pesquisa do tipo FAPESP, as secretarias estaduais de indústria, ciência e tecnologia ou afins, e os órgãos estaduais específicos ligados a florestas ou produtos florestais. (BITTENCOURTI; OLIVEIRA, 2009).

Os recursos privados, com certeza também pouco significativos, provêm de empresas interessadas em aproveitar espécies não tradicionais, principalmente oriundos de plantações, para produção de madeira serrada ou painéis reconstituídos. Normalmente esses recursos são usados para financiar projetos de pesquisa

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